O material genético do coronavírus pode permanecer no ar, mesmo em ambientes abertos. É o que sugere um estudo publicado nesta segunda-feira, 27, na revista científica Nature por cientistas chineses. Ainda não é possível saber se as partículas do vírus detectadas são capazes de provocar infecções.
Os pesquisadores chineses analisaram 30 locais nos hospitais Renmin (designado para pacientes com sintomas graves da covid-19) e Fangcang (hospital de campanha para pacientes com sintomas mais leves). Esses locais podem ser divididos em:
- Áreas de pacientes, onde pessoas com coronavírus tinham acesso, como UTI, unidade de terapia intensiva cardíaca e quartos da enfermaria dentro do Hospital Renmin, um banheiro e estações de trabalho dentro do Hospital Fangcang.
- Áreas exclusivas para a equipe médica que esteve em contato com pacientes com coronavírus.
- Viaspúblicas.
Em locais públicos, o nível de coronavírus era praticamente indetectável, exceto em áreas com aglomerações. Durante a coleta da amostragem, realizada entre 17 de fevereiro e 2 de março, os cientistas encontraram forte presença de coronavírus em até 1 metro de distância de uma loja de departamentos e também na rua próxima ao Hospital de Renmin.
Dentro dos hospitais, em locais com uma maior frequência de desinfecção, como enfermarias de isolamento e salas ventiladas para pacientes, foi detectada uma baixa concentração de RNA do coronavírus. Mas níveis mais elevados foram encontrados nos banheiros sem ventilação utilizados pelos pacientes.
O estudo reforça a importância da higienização, pois algumas áreas de acesso à equipe médica também apresentaram altas concentrações de RNA viral, que foram reduzidas a níveis indetectáveis após a implementação de procedimentos rigorosos de higienização.
No hospital de campanha de Fangcang, os cientistas também levaram em consideração que o vírus pode ser novamente suspenso ao ar quando médicos vão retirar seus vestuários de proteção, pois o vírus depositado nas roupas ganha velocidade durante o ato.
A pesquisa tem limitações por causa da pequena amostra colhida pelos cientistas. Os resultados encontrados, porém, dão um norte a futuras pesquisas sobre a disseminação da doença pelo ar.
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