O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, de 88 anos, anunciou nesta segunda-feira, 29, que está com um tumor no esôfago. O anúncio ocorreu após um checkup realizado na última sexta-feira. Segundo ele, o “órgão está muito comprometido”.
Em declarações a jornalistas, Mujica disse se sentir bem, porém, destacou a complexidade adicional do seu caso devido a uma doença autoimune diagnosticada há mais de duas décadas. Essa condição, que ele não especificou qual é, impactou diversos aspectos de sua saúde e, por isso, a realização tratamentos como quimioterapia ou cirurgia pode acabar dificultada.
“Quero transmitir às meninas e aos meninos que a vida é bela, mas se desgasta. A questão é recomeçar cada vez que cair e, quando houver raiva, transformá-la em esperança. Ninguém é salvo sozinho”, declarou o ex-presidente uruguaio.
O que é o câncer no esôfago?
Segundo a oncologista e especialista em tumores gastrointestinais e neuroendócrinos da Oncoclínicas São Paulo, Renata D’Alpino, o câncer de esôfago acontece quando as células do revestimento interno do esôfago (tubo que vai da garganta ao estômago) passam a aumentar de maneira descontrolada. Contudo, a doença pode crescer, invadindo outras camadas do órgão ou mesmo outros órgãos ao redor.
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Globalmente falando, a neoplasia está entre a oitava mais frequente e seu tipo mais comum é o adenocarcinoma, seguido pelo carcinoma de células escamosas. De acordo com Renata, é possível ainda que outros tipos de câncer também ocorram no esôfago. “Linfomas, melanomas e sarcomas podem surgir na região, mas vale lembrar que eles são bastante raros”, disse, em comunicado.
- Carcinoma de células escamosas: a camada interna do esôfago (mucosa) é revestida por células escamosas. O câncer que começa nessas células é chamado de carcinoma de células escamosas. Ele pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio).
- Adenocarcinoma: os cânceres que começam nas células da glândula (células que produzem muco) são chamados de adenocarcinomas. São frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior).
Os sintomas
Quanto aos sinais da doença, a oncologista explica que, na grande maioria dos casos, o câncer de esôfago é assintomático em fases iniciais, o que pode dificultar o diagnóstico precoce.
Quando os sintomas aparecem, é possível notar dificuldade para engolir, dando a sensação de que a comida está presa na garganta. Outro sinal comum é a dor no peito, como se fosse uma pressão ou queimação, além de perda de peso sem causa aparente, que pode reduzir em até 10% ou mais do peso corporal do paciente.
Outros sintomas possíveis do câncer do esôfago podem incluir:
- Rouquidão
- Tosse persistente
- Vômitos
- Hemorragia digestiva
Como é a prevenção
Como forma de prevenção, é fundamental evitar alguns hábitos que podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença, como:
“Felizmente, o câncer de esôfago pode ser prevenido, mas é importante que a população em geral deixe alguns hábitos de lado. Manter uma dieta equilibrada, não fumar, praticar atividades físicas regularmente e não ingerir bebidas alcóolicas ou quentes demais, como chás, chimarrão, entre outros, são alternativas para contornar o problema”, destacou a médica.
Vale lembrar ainda que a vacinação contra o HPV é fundamental para evitar que a doença apareça. Além do câncer de esôfago, a imunização contra o vírus também pode auxiliar na prevenção de outros tipos de tumores, como do colo do útero, ânus, boca, etc.
Como é feito o diagnóstico
O médico pode solicitar uma endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia e, em seguida, após a confirmação da doença, exames de imagem para analisar o grau de disseminação do câncer. Os mais comuns são:
- Endoscopia
- Ultrassom endoscópico
- Broncoscopia
- Toracoscopia e laparoscopia
- Tomografia computadorizada (TC)
- PET-CT
Como é o tratamento
A partir do diagnóstico, o oncologista irá indicar o melhor tratamento para o câncer de esôfago, podendo variar entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia (isolada ou combinada). Vale lembrar que quando o câncer de esôfago já se espalhou para outros órgãos, o tratamento envolve quimioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.
“Dependendo de cada situação, o médico pode indicar a combinação de tratamentos, como o caso da quimioterapia, podendo ser associada com a radioterapia antes da cirurgia. O objetivo, neste caso, é eliminar células cancerosas não observadas e ainda diminuir o tamanho do tumor”, disse Renata.