MONTEVIDÉU - O Uruguai inaugurou nesta quarta-feira, 28, em parceria com a empresa canadense Aurora, o primeiro laboratório de remédios derivados da maconha da América Latina. O presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, participou da cerimônia e fez um tour pelo local.
Durante entrevista coletiva, o executivo-chefe da International Cannabis Corporation (ICC LAB) - empresa comprada pelo Aurora Cannabis -, Alejandro Antalich, declarou que o laboratório tem capacidade de produção para atender toda a América do Sul. De acordo com o executivo, seria possível até mesmo tentar ser fornecedora da América Central e do México. "Por muito tempo, o Uruguai foi conhecido como a Suíça da América. Acho que hoje, pelas mãos da Aurora, levando em conta que estamos criando uma nova indústria no Uruguai, temos a possibilidade de o país voltar a ser chamado assim", disse Antalich. Segundo ele, a empresa investiu US$ 20 milhões no empreendimento. Do total, US$ 12 milhões foram destinados ao laboratório, que possui equipamentos de última geração importados de Itália e Canadá. "O mais importante para a empresa sempre foi poder conseguir integrar verticalmente toda a matriz produtiva no Uruguai, o que nos permite ter acesso a custos de produção muito baixa e que nos transforma em um ator muito competitivo em nível mundial", explicou.
Alejandro Antalich, executivo-chefe da ICC LAB
Antalich explicou a jornalistas que o laboratório primeiro produzirá óleo de cannabidiol - componente não psicoativo da planta da maconha. Depois, focará também em outras vias de administração, como cápsulas, cremes e aerossóis. A empresa também terá a uma equipe responsável por investigar as propriedades dos medicamentos derivados da maconha e criará uma fundação para capacitar médicos do Uruguai sobre os benefícios do uso da substância no tratamento de doenças.
O Uruguai foi o primeiro país do mundo a legalizar a maconha, em 2013, ainda sob a presidência de José Mujica. Em julho de 2017, o governo autorizou a venda de maconha para o uso recreativo em farmácias.
Maconha como remédio no Brasil
Veja abaixo a série de vídeos produzidos pela TV Estadão sobre o dilema de brasileiros que dependem do cannabidiol (medicamento à base de extrato de maconha) e que não possuem o direito de cultivar a planta em casa e nem podem arcar com os altos custos do remédio importado dos Estados Unidos.
Episódio 1: a maconha como remédio
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O dilema de brasileiros que dependem do cannabidiol (medicamento à base de extrato de maconha) e que não possuem o direito de cultivar a planta em casa e nem podem arcar com os altos custos do remédio importado dos Estados Unidos.
Episódio 2: uma questão de saúde e qualidade de vida
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Gilberto Castro descobriu aos 26 anos que tinha esclerose múltipla. Na época, os médicos acreditavam que ele teria pouco mais que 10 anos de vida. Fazendo uso diário dos extratos da maconha, ele já chegou aos 45 anos de idade e consegue realizar todas as atividades que necessita.
Episódio 3: a vida não espera por habeas corpus
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Até o final de agosto de 2018, apenas 22 pessoas conseguiram o direito na Justiça de cultivar maconha para fins medicinais. O número contrasta com os pedidos impetrados, o que leva muitos brasileiros a continuar com uma produção ilegal para produzir seu próprio medicamento.
Episódio 4: pai mostra como produz óleo de maconha em casa
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No último caítulo de nossa série, Carlos (nome fictício) mostra como produz artesanalmente o único medicamento capaz de controlar e minimizar os espasmos causados pela microcefalia em sua filha, Camila, de 03 anos.
\ EFE