Blog do Viagem & Aventura

De bodega em bodega - Parte 1


Por Adriana Moreira
El Tránsito foi a primeira de 11 visitas a bodegas - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

A PRIMEIRA

Uma vez impregnado no nariz, o cheiro dos barris de carvalho é daqueles que nunca mais se esquece. Peço desculpas pela ausência de um teórico que confirme essa impressão muito pessoal, mas foi a sensação que guardei do contato com a cave da vinícola El Tránsito, no centro pequenino e cor de terra de Cafayate. O adocicado da madeira, o azedinho das uvas prensadas, como fruta quando começa a passar do ponto, o frio do ambiente.

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El Tránsito foi a primeira da série de 11 visitas a bodegas em seis dias de imersão no mundo do vinho argentino. Por isso foi marcante. Ali aprendi o que é fermentação malolática, processo químico de conversão de ácido málico em lático que dá um saborzinho de manteiga ao vinho. O que só consegui perceber de fato alguns dias e taças mais tarde. Mas sim, consegui em algum momento, e isso é o que importa.

A bodega se declara butique pelo volume comedido de sua produção, 250 mil garrafas ao ano. O espaço onde turistas são recebidos é uma sala grande e bem clean, com paredes chapiscadas, balcão e fotos antigas da família fundadora, os Marini. A linha Pietro Marini tem rótulos jovens de torrontés, a uva símbolo de Cafayate, mais malbec e cabernet sauvignon, e reservados, que descansam meses nas barricas de carvalho. Pedro Moisés é o rótulo premium da casa, um corte de malbec, cabernet sauvignon, syrah e tannat. Provamos um da colheita 2008 e outro da 2009 que ainda não foi colocado no mercado e nem etiquetado estava. Tinha um cheiro de ameixa mais perceptível e um sabor mais adocicado, tudo possível de ser constatado de imediato. Ótimo. Na loja da vinícola cada garrafa custa de 30 a 80 pesos (R$ 12 a R$ 27). A visita é gratuita e inclui degustação de três vinhos: bodegaeltransito.com.

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Piatelli - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

AMBICIOSA

A jovem e ambiciosa Piattelli desfila sua determinação de ser grande desde os jardins de entrada do prédio inaugurado três anos atrás. Uma construção majestosa, vagamente inspirada na Toscana, com estrutura turística grandiosa.

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É de 2012 a primeira colheita ali na finca de Cafayate - a Piattelli está também em Mendoza. Há capacidade instalada para produção de 970 mil litros de vinho por ano. Apenas um quarto está em uso. Os vinhedos são jovens, é a explicação.

A recepção tem tamanho para uma festa de casamento. A visita custa de 45 a 90 pesos (R$ 17 a R$ 35; piattellivineyards.com), com três vinhos. No setor industrial, recebo informações técnicas sobre a produção da bebida. É surpreendente como cada vinícola tem particularidades, como eu constataria naquele e nos tours seguintes, o que dá sabor diferente a cada um. Ali são usadas claras de ovos para clarear a bebida. Não, não fica cheiro ou gosto, como constatei ao experimentar, direto do tanque de fermentação, um gole de torrontés da safra 2013.

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Empanadas, arte para iniciados - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Classe. Foi na Piattelli que descobri que empanada é arte para iniciados. Há aulas de gastronomia na cozinha do chef Facundo Belardinelli (350 pesos ou R$ 135 por pessoa, com três pratos e degustação de vinhos), um esforçado que fez o possível para me ensinar a fechar a massa com resultado estético aceitável. O processo parece simples, até você se dar conta de que o diabo mora naquelas ondinhas da borda do petisco. Ficaram deliciosas, é o que importa.

O restaurante por si vale a ida à vinícola. O almoço, leve para padrões argentinos, teve ainda humita, uma papa de milho, e a sobremesa definitiva: um copo até a borda com doce de leite em pasta, sorvete de doce de leite e suspiro... de doce de leite.

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Bodega San Pedro de Yacochuya - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

VELHA GUARDA

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O sujeito grandalhão que nos recebe na frente da bodega San Pedro de Yacochuya em nada lembra o espécime de enólogo que havíamos visto até ali: figuras finas, penteadas e bem vestidas com calculada informalidade. Marco Etchart é bagunçado como se acabasse de lidar no campo, e seus gestos largos e sua fala sem frescura, mas nada rude, fazem pensar em um agricultor.

Seu sobrenome é um dos estrelados no mundo do vinho argentino. Os Etcharts são vitivinicultores desde o começo do século 20. Já a vinícola San Pedro de Yacochuya (sanpedrodeyacochuya.com.ar) é dos anos de 1990. Uma dissidência familiar, para encurtar a história, cuja primeira colheita data de 1999.

Localizada em uma das zonas produtoras de vinho mais altas do mundo, média de 2 mil metros de altitude, a bodega é uma construção simples, rodeada pelos vinhedos mais bonitos da viagem e com vista deslumbrante para a cadeia de montanhas.

Logo estamos a postos no salão de degustações, diante de uma mesa comprida de madeira maciça. A marca dos vinhos da casa é a potência, explica Marco Etchart. São encorpados, com taninos salientes e índice alcoólico superior ao que se costuma fazer em Cafayate.

Começamos pelo Coquena 2012, torrontés com cheiro de flor e sabor de pêssego. Nas cinco variedades seguintes, tentei acompanhar os convivas que listavam abacaxi, lichia, jasmim, cardamomo. Até chegar à estrela da casa, o vinho de guarda Yacochuya 2010, um corte de malbec e cabernet sauvignon capaz de nocautear os fracos. Pimentão, disseram a respeito. Esse foi o aroma que, embora me garantissem todo o tempo que é muito típico de Cafayate, não fui capaz de identificar em nenhum momento. Pena. / MÔNICA NOBREGA

El Tránsito foi a primeira de 11 visitas a bodegas - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

A PRIMEIRA

Uma vez impregnado no nariz, o cheiro dos barris de carvalho é daqueles que nunca mais se esquece. Peço desculpas pela ausência de um teórico que confirme essa impressão muito pessoal, mas foi a sensação que guardei do contato com a cave da vinícola El Tránsito, no centro pequenino e cor de terra de Cafayate. O adocicado da madeira, o azedinho das uvas prensadas, como fruta quando começa a passar do ponto, o frio do ambiente.

El Tránsito foi a primeira da série de 11 visitas a bodegas em seis dias de imersão no mundo do vinho argentino. Por isso foi marcante. Ali aprendi o que é fermentação malolática, processo químico de conversão de ácido málico em lático que dá um saborzinho de manteiga ao vinho. O que só consegui perceber de fato alguns dias e taças mais tarde. Mas sim, consegui em algum momento, e isso é o que importa.

A bodega se declara butique pelo volume comedido de sua produção, 250 mil garrafas ao ano. O espaço onde turistas são recebidos é uma sala grande e bem clean, com paredes chapiscadas, balcão e fotos antigas da família fundadora, os Marini. A linha Pietro Marini tem rótulos jovens de torrontés, a uva símbolo de Cafayate, mais malbec e cabernet sauvignon, e reservados, que descansam meses nas barricas de carvalho. Pedro Moisés é o rótulo premium da casa, um corte de malbec, cabernet sauvignon, syrah e tannat. Provamos um da colheita 2008 e outro da 2009 que ainda não foi colocado no mercado e nem etiquetado estava. Tinha um cheiro de ameixa mais perceptível e um sabor mais adocicado, tudo possível de ser constatado de imediato. Ótimo. Na loja da vinícola cada garrafa custa de 30 a 80 pesos (R$ 12 a R$ 27). A visita é gratuita e inclui degustação de três vinhos: bodegaeltransito.com.

Piatelli - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

AMBICIOSA

A jovem e ambiciosa Piattelli desfila sua determinação de ser grande desde os jardins de entrada do prédio inaugurado três anos atrás. Uma construção majestosa, vagamente inspirada na Toscana, com estrutura turística grandiosa.

É de 2012 a primeira colheita ali na finca de Cafayate - a Piattelli está também em Mendoza. Há capacidade instalada para produção de 970 mil litros de vinho por ano. Apenas um quarto está em uso. Os vinhedos são jovens, é a explicação.

A recepção tem tamanho para uma festa de casamento. A visita custa de 45 a 90 pesos (R$ 17 a R$ 35; piattellivineyards.com), com três vinhos. No setor industrial, recebo informações técnicas sobre a produção da bebida. É surpreendente como cada vinícola tem particularidades, como eu constataria naquele e nos tours seguintes, o que dá sabor diferente a cada um. Ali são usadas claras de ovos para clarear a bebida. Não, não fica cheiro ou gosto, como constatei ao experimentar, direto do tanque de fermentação, um gole de torrontés da safra 2013.

Empanadas, arte para iniciados - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Classe. Foi na Piattelli que descobri que empanada é arte para iniciados. Há aulas de gastronomia na cozinha do chef Facundo Belardinelli (350 pesos ou R$ 135 por pessoa, com três pratos e degustação de vinhos), um esforçado que fez o possível para me ensinar a fechar a massa com resultado estético aceitável. O processo parece simples, até você se dar conta de que o diabo mora naquelas ondinhas da borda do petisco. Ficaram deliciosas, é o que importa.

O restaurante por si vale a ida à vinícola. O almoço, leve para padrões argentinos, teve ainda humita, uma papa de milho, e a sobremesa definitiva: um copo até a borda com doce de leite em pasta, sorvete de doce de leite e suspiro... de doce de leite.

Bodega San Pedro de Yacochuya - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

VELHA GUARDA

O sujeito grandalhão que nos recebe na frente da bodega San Pedro de Yacochuya em nada lembra o espécime de enólogo que havíamos visto até ali: figuras finas, penteadas e bem vestidas com calculada informalidade. Marco Etchart é bagunçado como se acabasse de lidar no campo, e seus gestos largos e sua fala sem frescura, mas nada rude, fazem pensar em um agricultor.

Seu sobrenome é um dos estrelados no mundo do vinho argentino. Os Etcharts são vitivinicultores desde o começo do século 20. Já a vinícola San Pedro de Yacochuya (sanpedrodeyacochuya.com.ar) é dos anos de 1990. Uma dissidência familiar, para encurtar a história, cuja primeira colheita data de 1999.

Localizada em uma das zonas produtoras de vinho mais altas do mundo, média de 2 mil metros de altitude, a bodega é uma construção simples, rodeada pelos vinhedos mais bonitos da viagem e com vista deslumbrante para a cadeia de montanhas.

Logo estamos a postos no salão de degustações, diante de uma mesa comprida de madeira maciça. A marca dos vinhos da casa é a potência, explica Marco Etchart. São encorpados, com taninos salientes e índice alcoólico superior ao que se costuma fazer em Cafayate.

Começamos pelo Coquena 2012, torrontés com cheiro de flor e sabor de pêssego. Nas cinco variedades seguintes, tentei acompanhar os convivas que listavam abacaxi, lichia, jasmim, cardamomo. Até chegar à estrela da casa, o vinho de guarda Yacochuya 2010, um corte de malbec e cabernet sauvignon capaz de nocautear os fracos. Pimentão, disseram a respeito. Esse foi o aroma que, embora me garantissem todo o tempo que é muito típico de Cafayate, não fui capaz de identificar em nenhum momento. Pena. / MÔNICA NOBREGA

El Tránsito foi a primeira de 11 visitas a bodegas - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

A PRIMEIRA

Uma vez impregnado no nariz, o cheiro dos barris de carvalho é daqueles que nunca mais se esquece. Peço desculpas pela ausência de um teórico que confirme essa impressão muito pessoal, mas foi a sensação que guardei do contato com a cave da vinícola El Tránsito, no centro pequenino e cor de terra de Cafayate. O adocicado da madeira, o azedinho das uvas prensadas, como fruta quando começa a passar do ponto, o frio do ambiente.

El Tránsito foi a primeira da série de 11 visitas a bodegas em seis dias de imersão no mundo do vinho argentino. Por isso foi marcante. Ali aprendi o que é fermentação malolática, processo químico de conversão de ácido málico em lático que dá um saborzinho de manteiga ao vinho. O que só consegui perceber de fato alguns dias e taças mais tarde. Mas sim, consegui em algum momento, e isso é o que importa.

A bodega se declara butique pelo volume comedido de sua produção, 250 mil garrafas ao ano. O espaço onde turistas são recebidos é uma sala grande e bem clean, com paredes chapiscadas, balcão e fotos antigas da família fundadora, os Marini. A linha Pietro Marini tem rótulos jovens de torrontés, a uva símbolo de Cafayate, mais malbec e cabernet sauvignon, e reservados, que descansam meses nas barricas de carvalho. Pedro Moisés é o rótulo premium da casa, um corte de malbec, cabernet sauvignon, syrah e tannat. Provamos um da colheita 2008 e outro da 2009 que ainda não foi colocado no mercado e nem etiquetado estava. Tinha um cheiro de ameixa mais perceptível e um sabor mais adocicado, tudo possível de ser constatado de imediato. Ótimo. Na loja da vinícola cada garrafa custa de 30 a 80 pesos (R$ 12 a R$ 27). A visita é gratuita e inclui degustação de três vinhos: bodegaeltransito.com.

Piatelli - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

AMBICIOSA

A jovem e ambiciosa Piattelli desfila sua determinação de ser grande desde os jardins de entrada do prédio inaugurado três anos atrás. Uma construção majestosa, vagamente inspirada na Toscana, com estrutura turística grandiosa.

É de 2012 a primeira colheita ali na finca de Cafayate - a Piattelli está também em Mendoza. Há capacidade instalada para produção de 970 mil litros de vinho por ano. Apenas um quarto está em uso. Os vinhedos são jovens, é a explicação.

A recepção tem tamanho para uma festa de casamento. A visita custa de 45 a 90 pesos (R$ 17 a R$ 35; piattellivineyards.com), com três vinhos. No setor industrial, recebo informações técnicas sobre a produção da bebida. É surpreendente como cada vinícola tem particularidades, como eu constataria naquele e nos tours seguintes, o que dá sabor diferente a cada um. Ali são usadas claras de ovos para clarear a bebida. Não, não fica cheiro ou gosto, como constatei ao experimentar, direto do tanque de fermentação, um gole de torrontés da safra 2013.

Empanadas, arte para iniciados - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Classe. Foi na Piattelli que descobri que empanada é arte para iniciados. Há aulas de gastronomia na cozinha do chef Facundo Belardinelli (350 pesos ou R$ 135 por pessoa, com três pratos e degustação de vinhos), um esforçado que fez o possível para me ensinar a fechar a massa com resultado estético aceitável. O processo parece simples, até você se dar conta de que o diabo mora naquelas ondinhas da borda do petisco. Ficaram deliciosas, é o que importa.

O restaurante por si vale a ida à vinícola. O almoço, leve para padrões argentinos, teve ainda humita, uma papa de milho, e a sobremesa definitiva: um copo até a borda com doce de leite em pasta, sorvete de doce de leite e suspiro... de doce de leite.

Bodega San Pedro de Yacochuya - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

VELHA GUARDA

O sujeito grandalhão que nos recebe na frente da bodega San Pedro de Yacochuya em nada lembra o espécime de enólogo que havíamos visto até ali: figuras finas, penteadas e bem vestidas com calculada informalidade. Marco Etchart é bagunçado como se acabasse de lidar no campo, e seus gestos largos e sua fala sem frescura, mas nada rude, fazem pensar em um agricultor.

Seu sobrenome é um dos estrelados no mundo do vinho argentino. Os Etcharts são vitivinicultores desde o começo do século 20. Já a vinícola San Pedro de Yacochuya (sanpedrodeyacochuya.com.ar) é dos anos de 1990. Uma dissidência familiar, para encurtar a história, cuja primeira colheita data de 1999.

Localizada em uma das zonas produtoras de vinho mais altas do mundo, média de 2 mil metros de altitude, a bodega é uma construção simples, rodeada pelos vinhedos mais bonitos da viagem e com vista deslumbrante para a cadeia de montanhas.

Logo estamos a postos no salão de degustações, diante de uma mesa comprida de madeira maciça. A marca dos vinhos da casa é a potência, explica Marco Etchart. São encorpados, com taninos salientes e índice alcoólico superior ao que se costuma fazer em Cafayate.

Começamos pelo Coquena 2012, torrontés com cheiro de flor e sabor de pêssego. Nas cinco variedades seguintes, tentei acompanhar os convivas que listavam abacaxi, lichia, jasmim, cardamomo. Até chegar à estrela da casa, o vinho de guarda Yacochuya 2010, um corte de malbec e cabernet sauvignon capaz de nocautear os fracos. Pimentão, disseram a respeito. Esse foi o aroma que, embora me garantissem todo o tempo que é muito típico de Cafayate, não fui capaz de identificar em nenhum momento. Pena. / MÔNICA NOBREGA

El Tránsito foi a primeira de 11 visitas a bodegas - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

A PRIMEIRA

Uma vez impregnado no nariz, o cheiro dos barris de carvalho é daqueles que nunca mais se esquece. Peço desculpas pela ausência de um teórico que confirme essa impressão muito pessoal, mas foi a sensação que guardei do contato com a cave da vinícola El Tránsito, no centro pequenino e cor de terra de Cafayate. O adocicado da madeira, o azedinho das uvas prensadas, como fruta quando começa a passar do ponto, o frio do ambiente.

El Tránsito foi a primeira da série de 11 visitas a bodegas em seis dias de imersão no mundo do vinho argentino. Por isso foi marcante. Ali aprendi o que é fermentação malolática, processo químico de conversão de ácido málico em lático que dá um saborzinho de manteiga ao vinho. O que só consegui perceber de fato alguns dias e taças mais tarde. Mas sim, consegui em algum momento, e isso é o que importa.

A bodega se declara butique pelo volume comedido de sua produção, 250 mil garrafas ao ano. O espaço onde turistas são recebidos é uma sala grande e bem clean, com paredes chapiscadas, balcão e fotos antigas da família fundadora, os Marini. A linha Pietro Marini tem rótulos jovens de torrontés, a uva símbolo de Cafayate, mais malbec e cabernet sauvignon, e reservados, que descansam meses nas barricas de carvalho. Pedro Moisés é o rótulo premium da casa, um corte de malbec, cabernet sauvignon, syrah e tannat. Provamos um da colheita 2008 e outro da 2009 que ainda não foi colocado no mercado e nem etiquetado estava. Tinha um cheiro de ameixa mais perceptível e um sabor mais adocicado, tudo possível de ser constatado de imediato. Ótimo. Na loja da vinícola cada garrafa custa de 30 a 80 pesos (R$ 12 a R$ 27). A visita é gratuita e inclui degustação de três vinhos: bodegaeltransito.com.

Piatelli - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

AMBICIOSA

A jovem e ambiciosa Piattelli desfila sua determinação de ser grande desde os jardins de entrada do prédio inaugurado três anos atrás. Uma construção majestosa, vagamente inspirada na Toscana, com estrutura turística grandiosa.

É de 2012 a primeira colheita ali na finca de Cafayate - a Piattelli está também em Mendoza. Há capacidade instalada para produção de 970 mil litros de vinho por ano. Apenas um quarto está em uso. Os vinhedos são jovens, é a explicação.

A recepção tem tamanho para uma festa de casamento. A visita custa de 45 a 90 pesos (R$ 17 a R$ 35; piattellivineyards.com), com três vinhos. No setor industrial, recebo informações técnicas sobre a produção da bebida. É surpreendente como cada vinícola tem particularidades, como eu constataria naquele e nos tours seguintes, o que dá sabor diferente a cada um. Ali são usadas claras de ovos para clarear a bebida. Não, não fica cheiro ou gosto, como constatei ao experimentar, direto do tanque de fermentação, um gole de torrontés da safra 2013.

Empanadas, arte para iniciados - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Classe. Foi na Piattelli que descobri que empanada é arte para iniciados. Há aulas de gastronomia na cozinha do chef Facundo Belardinelli (350 pesos ou R$ 135 por pessoa, com três pratos e degustação de vinhos), um esforçado que fez o possível para me ensinar a fechar a massa com resultado estético aceitável. O processo parece simples, até você se dar conta de que o diabo mora naquelas ondinhas da borda do petisco. Ficaram deliciosas, é o que importa.

O restaurante por si vale a ida à vinícola. O almoço, leve para padrões argentinos, teve ainda humita, uma papa de milho, e a sobremesa definitiva: um copo até a borda com doce de leite em pasta, sorvete de doce de leite e suspiro... de doce de leite.

Bodega San Pedro de Yacochuya - Foto: Mônica Nobrega/Estadão

VELHA GUARDA

O sujeito grandalhão que nos recebe na frente da bodega San Pedro de Yacochuya em nada lembra o espécime de enólogo que havíamos visto até ali: figuras finas, penteadas e bem vestidas com calculada informalidade. Marco Etchart é bagunçado como se acabasse de lidar no campo, e seus gestos largos e sua fala sem frescura, mas nada rude, fazem pensar em um agricultor.

Seu sobrenome é um dos estrelados no mundo do vinho argentino. Os Etcharts são vitivinicultores desde o começo do século 20. Já a vinícola San Pedro de Yacochuya (sanpedrodeyacochuya.com.ar) é dos anos de 1990. Uma dissidência familiar, para encurtar a história, cuja primeira colheita data de 1999.

Localizada em uma das zonas produtoras de vinho mais altas do mundo, média de 2 mil metros de altitude, a bodega é uma construção simples, rodeada pelos vinhedos mais bonitos da viagem e com vista deslumbrante para a cadeia de montanhas.

Logo estamos a postos no salão de degustações, diante de uma mesa comprida de madeira maciça. A marca dos vinhos da casa é a potência, explica Marco Etchart. São encorpados, com taninos salientes e índice alcoólico superior ao que se costuma fazer em Cafayate.

Começamos pelo Coquena 2012, torrontés com cheiro de flor e sabor de pêssego. Nas cinco variedades seguintes, tentei acompanhar os convivas que listavam abacaxi, lichia, jasmim, cardamomo. Até chegar à estrela da casa, o vinho de guarda Yacochuya 2010, um corte de malbec e cabernet sauvignon capaz de nocautear os fracos. Pimentão, disseram a respeito. Esse foi o aroma que, embora me garantissem todo o tempo que é muito típico de Cafayate, não fui capaz de identificar em nenhum momento. Pena. / MÔNICA NOBREGA

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