Do cemitério às lojas pitorescas, um tour pela inspiradora Edimburgo


J.K. Rowling escreveu a história de Harry Potter no tempo que viveu na capital escocesa. E não é difícil reconhecer suas referências

Por Flavia Alemi
O nome é Victoria Street, mas pode chamar de Beco Diagonal Foto: Flavia Alemi/Estadão

Edimburgo se diferencia de outras metrópoles europeias não só por sua arquitetura singular, mas também porque a cidade carrega um ar natural de magia. Trombei com vários ilusionistas fazendo performances gratuitas no meio da rua, além de bruxas “flutuando” aqui e ali em Old Town, no centro histórico. Foi enquanto morava na capital escocesa que J.K. Rowling se concentrou em escrever a história que mudaria sua vida.

Ela gostava de se aconchegar em alguns dos muitos cafés que se espalham pela cidade, mas tinha uma predileção pelo extinto Spoon. O local pertencia ao seu cunhado e lá J.K. Rowling podia ficar com sua bebê, Jessica, enquanto ganhava cafés com leite de cortesia. Após Harry Potter ganhar fama e o Spoon fechar, esse traço do processo criativo de Rowling fez alguns estabelecimentos disputarem entre si o título de café preferido da autora.

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Foi The Elephant House que saiu na frente, instalando uma placa na fachada na qual eles literalmente se intitulavam o local de nascimento de Harry Potter após Rowling conceder uma entrevista para a televisão em suas dependências. Algumas disputas judiciais depois, The Elephant House agora coloca sua nomeação entre aspas e recebe muitos turistas que prestam “homenagem” a Rowling e à saga rabiscando mensagens e desenhos nas paredes do banheiro.

The Elephant House, cafeteria que se considera "o berço" de Harry Potter Foto: Flavia Alemi/Estadão

O café fica no viaduto George IV e, a poucos metros dali, está o ponto de encontro do tour a pé (e gratuito) The Potter Trail, em frente à estátua do cãozinho Greyfriars Bobby. Os guias eram tão ou mais fãs do que eu e sabiam contar vários detalhes incluídos neste texto. Os grupos saem duas vezes por dia, entre abril e agosto, ao meio-dia e às 16h. De setembro a março, há apenas um passeio diário, às 14h.

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Na mesma rua está uma das entradas do cemitério Greyfriars Kirkyard, onde dá para passar o tempo procurando nomes conhecidos do universo pottteriano nas lápides. O poeta William McGonagall, por exemplo, tem o mesmo sobrenome da professora de Transfiguração, Minerva McGonagall, mas, diferentemente de sua “parente”, ele era considerado péssimo no que fazia. 

Mas é a família Riddell que ganha maior dedicação dos turistas. O túmulo de Thomas Riddell e seu filho, de mesmo nome, é tido como inspiração para o nome “de trouxa” de Lord Voldemort, Tom Riddle, e seu pai.

Tumba da família Riddell no cemitério Greyfriars Kirkyard teria inspirado J.K. Rowling no nome de Tom Riddle, Lord Voldemort Foto: Flavia Alemi/Estadão
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Conta-se que Rowling teria feito a modificação na escrita para preservar a identidade da família Riddell, mas aparentemente não adiantou: essa é a lápide mais fotografada do cemitério e, no Halloween, pessoas fantasiadas de Comensais da Morte (os seguidores de Voldemort) costumam simular duelos bruxos em frente ao local. Deve ser esquisito.

Hogsmeade e Beco Diagonal

Perto do cemitério, o Grassmarket convida a degustar um pint aos pés do Castelo de Edimburgo, num cenário que poderia ser Hogsmeade se houvesse cerveja amanteigada no menu. Dá para experimentar também (por sua conta e risco) o típico haggis - um cozido feito de coração, fígado e pulmão de ovelha. Não tive coragem. 

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Repleto de pubs e restaurantes, o Grassmarket foi outrora um espaço para execuções públicas e passou recentemente por um processo de gentrificação impulsionado pelo turismo, que o transformou em parada obrigatória dos viajantes. 

A rua do Grassmarket chega até a Victoria Street, onde a inspiração para o Beco Diagonal serve de chamariz turístico. Lá não tem só lojinhas pitorescas de temáticas bruxescas, mas também uma espécie de mezanino repleto de restaurantes e bares. Consegui até revisitar minha imaginação anterior aos filmes e lembrar de como era o Beco Diagonal da minha imaginação. 

“Havia lojas que vendiam vestes, lojas que vendiam telescópios e estranhos instrumentos de prata que Harry nunca vira antes, janelas com pilhas de barris contendo baços de morcegos e olhos de enguias, pilhas mal equilibradas de livros de feitiços, penas de aves para escrever e rolos de pergaminhos, vidros de poções…”. À exceção dos órgãos de animais, a descrição do Beco Diagonal em Harry Potter e a Pedra Filosofal parece se encaixar perfeitamente na Victoria Street. 

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Atrações além de Hogwarts

Artista vestido de bruxa "flutua" pelas ruas de Old Town Foto: Flavia Alemi/Estadão

Há muito mais que Harry Potter em Edimburgo. Saindo do mezanino da Victoria Street pelo Fishers Close, um dos muitos becos da cidade, chega-se a Lawnmarket, uma das vias que compõem a Royal Mile, que liga o Palácio de Holyroodhouse, à direita, ao Castelo de Edimburgo, à esquerda. O trajeto soma uma milha escocesa (1,814 quilômetro), daí o nome. Ao longo do passeio, escoceses vestindo kilts e tocando gaita de fole fazem a trilha sonora de quem se aventura pelas lojinhas de souvenirs. 

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Caminhando pela estreita Castlehill, o Castelo de Edimburgo (£ 17,50 ou R$ 84) vai tomando forma. Instalado no topo de uma rocha vulcânica, o forte tem áreas que datam do século 12 e se assemelham aos cenários de Game of Thrones. Os muros de pedra cinza e âmbar fazem as vezes de Vira-Tempo e garantem uma viagem à Idade Média.

Panorâmica do Castelo de Edimburgo Foto: Flavia Alemi/Estadão

Para fugir um pouco de Old Town, os ônibus turísticos circulares levam a pontos mais afastados. O Majestic Tour, por exemplo, custa £ 16 (R$ 77) e passa pelo Jardim Botânico Real e pelo iate Britannia, que serviu de palácio flutuante para a família real por mais de 40 anos.

Em dois dias você visita o básico de Edimburgo, mas aproveite para ver mais da Escócia. Na Rabbie’s há vários itinerários de um ou mais dias para conhecer o Lago Ness, a Ilha de Skye ou as Terras Altas. 

O nome é Victoria Street, mas pode chamar de Beco Diagonal Foto: Flavia Alemi/Estadão

Edimburgo se diferencia de outras metrópoles europeias não só por sua arquitetura singular, mas também porque a cidade carrega um ar natural de magia. Trombei com vários ilusionistas fazendo performances gratuitas no meio da rua, além de bruxas “flutuando” aqui e ali em Old Town, no centro histórico. Foi enquanto morava na capital escocesa que J.K. Rowling se concentrou em escrever a história que mudaria sua vida.

Ela gostava de se aconchegar em alguns dos muitos cafés que se espalham pela cidade, mas tinha uma predileção pelo extinto Spoon. O local pertencia ao seu cunhado e lá J.K. Rowling podia ficar com sua bebê, Jessica, enquanto ganhava cafés com leite de cortesia. Após Harry Potter ganhar fama e o Spoon fechar, esse traço do processo criativo de Rowling fez alguns estabelecimentos disputarem entre si o título de café preferido da autora.

Foi The Elephant House que saiu na frente, instalando uma placa na fachada na qual eles literalmente se intitulavam o local de nascimento de Harry Potter após Rowling conceder uma entrevista para a televisão em suas dependências. Algumas disputas judiciais depois, The Elephant House agora coloca sua nomeação entre aspas e recebe muitos turistas que prestam “homenagem” a Rowling e à saga rabiscando mensagens e desenhos nas paredes do banheiro.

The Elephant House, cafeteria que se considera "o berço" de Harry Potter Foto: Flavia Alemi/Estadão

O café fica no viaduto George IV e, a poucos metros dali, está o ponto de encontro do tour a pé (e gratuito) The Potter Trail, em frente à estátua do cãozinho Greyfriars Bobby. Os guias eram tão ou mais fãs do que eu e sabiam contar vários detalhes incluídos neste texto. Os grupos saem duas vezes por dia, entre abril e agosto, ao meio-dia e às 16h. De setembro a março, há apenas um passeio diário, às 14h.

Na mesma rua está uma das entradas do cemitério Greyfriars Kirkyard, onde dá para passar o tempo procurando nomes conhecidos do universo pottteriano nas lápides. O poeta William McGonagall, por exemplo, tem o mesmo sobrenome da professora de Transfiguração, Minerva McGonagall, mas, diferentemente de sua “parente”, ele era considerado péssimo no que fazia. 

Mas é a família Riddell que ganha maior dedicação dos turistas. O túmulo de Thomas Riddell e seu filho, de mesmo nome, é tido como inspiração para o nome “de trouxa” de Lord Voldemort, Tom Riddle, e seu pai.

Tumba da família Riddell no cemitério Greyfriars Kirkyard teria inspirado J.K. Rowling no nome de Tom Riddle, Lord Voldemort Foto: Flavia Alemi/Estadão

Conta-se que Rowling teria feito a modificação na escrita para preservar a identidade da família Riddell, mas aparentemente não adiantou: essa é a lápide mais fotografada do cemitério e, no Halloween, pessoas fantasiadas de Comensais da Morte (os seguidores de Voldemort) costumam simular duelos bruxos em frente ao local. Deve ser esquisito.

Hogsmeade e Beco Diagonal

Perto do cemitério, o Grassmarket convida a degustar um pint aos pés do Castelo de Edimburgo, num cenário que poderia ser Hogsmeade se houvesse cerveja amanteigada no menu. Dá para experimentar também (por sua conta e risco) o típico haggis - um cozido feito de coração, fígado e pulmão de ovelha. Não tive coragem. 

Repleto de pubs e restaurantes, o Grassmarket foi outrora um espaço para execuções públicas e passou recentemente por um processo de gentrificação impulsionado pelo turismo, que o transformou em parada obrigatória dos viajantes. 

A rua do Grassmarket chega até a Victoria Street, onde a inspiração para o Beco Diagonal serve de chamariz turístico. Lá não tem só lojinhas pitorescas de temáticas bruxescas, mas também uma espécie de mezanino repleto de restaurantes e bares. Consegui até revisitar minha imaginação anterior aos filmes e lembrar de como era o Beco Diagonal da minha imaginação. 

“Havia lojas que vendiam vestes, lojas que vendiam telescópios e estranhos instrumentos de prata que Harry nunca vira antes, janelas com pilhas de barris contendo baços de morcegos e olhos de enguias, pilhas mal equilibradas de livros de feitiços, penas de aves para escrever e rolos de pergaminhos, vidros de poções…”. À exceção dos órgãos de animais, a descrição do Beco Diagonal em Harry Potter e a Pedra Filosofal parece se encaixar perfeitamente na Victoria Street. 

Atrações além de Hogwarts

Artista vestido de bruxa "flutua" pelas ruas de Old Town Foto: Flavia Alemi/Estadão

Há muito mais que Harry Potter em Edimburgo. Saindo do mezanino da Victoria Street pelo Fishers Close, um dos muitos becos da cidade, chega-se a Lawnmarket, uma das vias que compõem a Royal Mile, que liga o Palácio de Holyroodhouse, à direita, ao Castelo de Edimburgo, à esquerda. O trajeto soma uma milha escocesa (1,814 quilômetro), daí o nome. Ao longo do passeio, escoceses vestindo kilts e tocando gaita de fole fazem a trilha sonora de quem se aventura pelas lojinhas de souvenirs. 

Caminhando pela estreita Castlehill, o Castelo de Edimburgo (£ 17,50 ou R$ 84) vai tomando forma. Instalado no topo de uma rocha vulcânica, o forte tem áreas que datam do século 12 e se assemelham aos cenários de Game of Thrones. Os muros de pedra cinza e âmbar fazem as vezes de Vira-Tempo e garantem uma viagem à Idade Média.

Panorâmica do Castelo de Edimburgo Foto: Flavia Alemi/Estadão

Para fugir um pouco de Old Town, os ônibus turísticos circulares levam a pontos mais afastados. O Majestic Tour, por exemplo, custa £ 16 (R$ 77) e passa pelo Jardim Botânico Real e pelo iate Britannia, que serviu de palácio flutuante para a família real por mais de 40 anos.

Em dois dias você visita o básico de Edimburgo, mas aproveite para ver mais da Escócia. Na Rabbie’s há vários itinerários de um ou mais dias para conhecer o Lago Ness, a Ilha de Skye ou as Terras Altas. 

O nome é Victoria Street, mas pode chamar de Beco Diagonal Foto: Flavia Alemi/Estadão

Edimburgo se diferencia de outras metrópoles europeias não só por sua arquitetura singular, mas também porque a cidade carrega um ar natural de magia. Trombei com vários ilusionistas fazendo performances gratuitas no meio da rua, além de bruxas “flutuando” aqui e ali em Old Town, no centro histórico. Foi enquanto morava na capital escocesa que J.K. Rowling se concentrou em escrever a história que mudaria sua vida.

Ela gostava de se aconchegar em alguns dos muitos cafés que se espalham pela cidade, mas tinha uma predileção pelo extinto Spoon. O local pertencia ao seu cunhado e lá J.K. Rowling podia ficar com sua bebê, Jessica, enquanto ganhava cafés com leite de cortesia. Após Harry Potter ganhar fama e o Spoon fechar, esse traço do processo criativo de Rowling fez alguns estabelecimentos disputarem entre si o título de café preferido da autora.

Foi The Elephant House que saiu na frente, instalando uma placa na fachada na qual eles literalmente se intitulavam o local de nascimento de Harry Potter após Rowling conceder uma entrevista para a televisão em suas dependências. Algumas disputas judiciais depois, The Elephant House agora coloca sua nomeação entre aspas e recebe muitos turistas que prestam “homenagem” a Rowling e à saga rabiscando mensagens e desenhos nas paredes do banheiro.

The Elephant House, cafeteria que se considera "o berço" de Harry Potter Foto: Flavia Alemi/Estadão

O café fica no viaduto George IV e, a poucos metros dali, está o ponto de encontro do tour a pé (e gratuito) The Potter Trail, em frente à estátua do cãozinho Greyfriars Bobby. Os guias eram tão ou mais fãs do que eu e sabiam contar vários detalhes incluídos neste texto. Os grupos saem duas vezes por dia, entre abril e agosto, ao meio-dia e às 16h. De setembro a março, há apenas um passeio diário, às 14h.

Na mesma rua está uma das entradas do cemitério Greyfriars Kirkyard, onde dá para passar o tempo procurando nomes conhecidos do universo pottteriano nas lápides. O poeta William McGonagall, por exemplo, tem o mesmo sobrenome da professora de Transfiguração, Minerva McGonagall, mas, diferentemente de sua “parente”, ele era considerado péssimo no que fazia. 

Mas é a família Riddell que ganha maior dedicação dos turistas. O túmulo de Thomas Riddell e seu filho, de mesmo nome, é tido como inspiração para o nome “de trouxa” de Lord Voldemort, Tom Riddle, e seu pai.

Tumba da família Riddell no cemitério Greyfriars Kirkyard teria inspirado J.K. Rowling no nome de Tom Riddle, Lord Voldemort Foto: Flavia Alemi/Estadão

Conta-se que Rowling teria feito a modificação na escrita para preservar a identidade da família Riddell, mas aparentemente não adiantou: essa é a lápide mais fotografada do cemitério e, no Halloween, pessoas fantasiadas de Comensais da Morte (os seguidores de Voldemort) costumam simular duelos bruxos em frente ao local. Deve ser esquisito.

Hogsmeade e Beco Diagonal

Perto do cemitério, o Grassmarket convida a degustar um pint aos pés do Castelo de Edimburgo, num cenário que poderia ser Hogsmeade se houvesse cerveja amanteigada no menu. Dá para experimentar também (por sua conta e risco) o típico haggis - um cozido feito de coração, fígado e pulmão de ovelha. Não tive coragem. 

Repleto de pubs e restaurantes, o Grassmarket foi outrora um espaço para execuções públicas e passou recentemente por um processo de gentrificação impulsionado pelo turismo, que o transformou em parada obrigatória dos viajantes. 

A rua do Grassmarket chega até a Victoria Street, onde a inspiração para o Beco Diagonal serve de chamariz turístico. Lá não tem só lojinhas pitorescas de temáticas bruxescas, mas também uma espécie de mezanino repleto de restaurantes e bares. Consegui até revisitar minha imaginação anterior aos filmes e lembrar de como era o Beco Diagonal da minha imaginação. 

“Havia lojas que vendiam vestes, lojas que vendiam telescópios e estranhos instrumentos de prata que Harry nunca vira antes, janelas com pilhas de barris contendo baços de morcegos e olhos de enguias, pilhas mal equilibradas de livros de feitiços, penas de aves para escrever e rolos de pergaminhos, vidros de poções…”. À exceção dos órgãos de animais, a descrição do Beco Diagonal em Harry Potter e a Pedra Filosofal parece se encaixar perfeitamente na Victoria Street. 

Atrações além de Hogwarts

Artista vestido de bruxa "flutua" pelas ruas de Old Town Foto: Flavia Alemi/Estadão

Há muito mais que Harry Potter em Edimburgo. Saindo do mezanino da Victoria Street pelo Fishers Close, um dos muitos becos da cidade, chega-se a Lawnmarket, uma das vias que compõem a Royal Mile, que liga o Palácio de Holyroodhouse, à direita, ao Castelo de Edimburgo, à esquerda. O trajeto soma uma milha escocesa (1,814 quilômetro), daí o nome. Ao longo do passeio, escoceses vestindo kilts e tocando gaita de fole fazem a trilha sonora de quem se aventura pelas lojinhas de souvenirs. 

Caminhando pela estreita Castlehill, o Castelo de Edimburgo (£ 17,50 ou R$ 84) vai tomando forma. Instalado no topo de uma rocha vulcânica, o forte tem áreas que datam do século 12 e se assemelham aos cenários de Game of Thrones. Os muros de pedra cinza e âmbar fazem as vezes de Vira-Tempo e garantem uma viagem à Idade Média.

Panorâmica do Castelo de Edimburgo Foto: Flavia Alemi/Estadão

Para fugir um pouco de Old Town, os ônibus turísticos circulares levam a pontos mais afastados. O Majestic Tour, por exemplo, custa £ 16 (R$ 77) e passa pelo Jardim Botânico Real e pelo iate Britannia, que serviu de palácio flutuante para a família real por mais de 40 anos.

Em dois dias você visita o básico de Edimburgo, mas aproveite para ver mais da Escócia. Na Rabbie’s há vários itinerários de um ou mais dias para conhecer o Lago Ness, a Ilha de Skye ou as Terras Altas. 

O nome é Victoria Street, mas pode chamar de Beco Diagonal Foto: Flavia Alemi/Estadão

Edimburgo se diferencia de outras metrópoles europeias não só por sua arquitetura singular, mas também porque a cidade carrega um ar natural de magia. Trombei com vários ilusionistas fazendo performances gratuitas no meio da rua, além de bruxas “flutuando” aqui e ali em Old Town, no centro histórico. Foi enquanto morava na capital escocesa que J.K. Rowling se concentrou em escrever a história que mudaria sua vida.

Ela gostava de se aconchegar em alguns dos muitos cafés que se espalham pela cidade, mas tinha uma predileção pelo extinto Spoon. O local pertencia ao seu cunhado e lá J.K. Rowling podia ficar com sua bebê, Jessica, enquanto ganhava cafés com leite de cortesia. Após Harry Potter ganhar fama e o Spoon fechar, esse traço do processo criativo de Rowling fez alguns estabelecimentos disputarem entre si o título de café preferido da autora.

Foi The Elephant House que saiu na frente, instalando uma placa na fachada na qual eles literalmente se intitulavam o local de nascimento de Harry Potter após Rowling conceder uma entrevista para a televisão em suas dependências. Algumas disputas judiciais depois, The Elephant House agora coloca sua nomeação entre aspas e recebe muitos turistas que prestam “homenagem” a Rowling e à saga rabiscando mensagens e desenhos nas paredes do banheiro.

The Elephant House, cafeteria que se considera "o berço" de Harry Potter Foto: Flavia Alemi/Estadão

O café fica no viaduto George IV e, a poucos metros dali, está o ponto de encontro do tour a pé (e gratuito) The Potter Trail, em frente à estátua do cãozinho Greyfriars Bobby. Os guias eram tão ou mais fãs do que eu e sabiam contar vários detalhes incluídos neste texto. Os grupos saem duas vezes por dia, entre abril e agosto, ao meio-dia e às 16h. De setembro a março, há apenas um passeio diário, às 14h.

Na mesma rua está uma das entradas do cemitério Greyfriars Kirkyard, onde dá para passar o tempo procurando nomes conhecidos do universo pottteriano nas lápides. O poeta William McGonagall, por exemplo, tem o mesmo sobrenome da professora de Transfiguração, Minerva McGonagall, mas, diferentemente de sua “parente”, ele era considerado péssimo no que fazia. 

Mas é a família Riddell que ganha maior dedicação dos turistas. O túmulo de Thomas Riddell e seu filho, de mesmo nome, é tido como inspiração para o nome “de trouxa” de Lord Voldemort, Tom Riddle, e seu pai.

Tumba da família Riddell no cemitério Greyfriars Kirkyard teria inspirado J.K. Rowling no nome de Tom Riddle, Lord Voldemort Foto: Flavia Alemi/Estadão

Conta-se que Rowling teria feito a modificação na escrita para preservar a identidade da família Riddell, mas aparentemente não adiantou: essa é a lápide mais fotografada do cemitério e, no Halloween, pessoas fantasiadas de Comensais da Morte (os seguidores de Voldemort) costumam simular duelos bruxos em frente ao local. Deve ser esquisito.

Hogsmeade e Beco Diagonal

Perto do cemitério, o Grassmarket convida a degustar um pint aos pés do Castelo de Edimburgo, num cenário que poderia ser Hogsmeade se houvesse cerveja amanteigada no menu. Dá para experimentar também (por sua conta e risco) o típico haggis - um cozido feito de coração, fígado e pulmão de ovelha. Não tive coragem. 

Repleto de pubs e restaurantes, o Grassmarket foi outrora um espaço para execuções públicas e passou recentemente por um processo de gentrificação impulsionado pelo turismo, que o transformou em parada obrigatória dos viajantes. 

A rua do Grassmarket chega até a Victoria Street, onde a inspiração para o Beco Diagonal serve de chamariz turístico. Lá não tem só lojinhas pitorescas de temáticas bruxescas, mas também uma espécie de mezanino repleto de restaurantes e bares. Consegui até revisitar minha imaginação anterior aos filmes e lembrar de como era o Beco Diagonal da minha imaginação. 

“Havia lojas que vendiam vestes, lojas que vendiam telescópios e estranhos instrumentos de prata que Harry nunca vira antes, janelas com pilhas de barris contendo baços de morcegos e olhos de enguias, pilhas mal equilibradas de livros de feitiços, penas de aves para escrever e rolos de pergaminhos, vidros de poções…”. À exceção dos órgãos de animais, a descrição do Beco Diagonal em Harry Potter e a Pedra Filosofal parece se encaixar perfeitamente na Victoria Street. 

Atrações além de Hogwarts

Artista vestido de bruxa "flutua" pelas ruas de Old Town Foto: Flavia Alemi/Estadão

Há muito mais que Harry Potter em Edimburgo. Saindo do mezanino da Victoria Street pelo Fishers Close, um dos muitos becos da cidade, chega-se a Lawnmarket, uma das vias que compõem a Royal Mile, que liga o Palácio de Holyroodhouse, à direita, ao Castelo de Edimburgo, à esquerda. O trajeto soma uma milha escocesa (1,814 quilômetro), daí o nome. Ao longo do passeio, escoceses vestindo kilts e tocando gaita de fole fazem a trilha sonora de quem se aventura pelas lojinhas de souvenirs. 

Caminhando pela estreita Castlehill, o Castelo de Edimburgo (£ 17,50 ou R$ 84) vai tomando forma. Instalado no topo de uma rocha vulcânica, o forte tem áreas que datam do século 12 e se assemelham aos cenários de Game of Thrones. Os muros de pedra cinza e âmbar fazem as vezes de Vira-Tempo e garantem uma viagem à Idade Média.

Panorâmica do Castelo de Edimburgo Foto: Flavia Alemi/Estadão

Para fugir um pouco de Old Town, os ônibus turísticos circulares levam a pontos mais afastados. O Majestic Tour, por exemplo, custa £ 16 (R$ 77) e passa pelo Jardim Botânico Real e pelo iate Britannia, que serviu de palácio flutuante para a família real por mais de 40 anos.

Em dois dias você visita o básico de Edimburgo, mas aproveite para ver mais da Escócia. Na Rabbie’s há vários itinerários de um ou mais dias para conhecer o Lago Ness, a Ilha de Skye ou as Terras Altas. 

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