Museus para aprender, relembrar ou bebericar em Curaçau


Das tristes memórias da escravidão ao festivo Curaçao Blue, um tour pelos ícones da história local

Por Thiago Momm

Bem verdade que na chegada o visitante pode ter um sentimento misto. É que o excelente Kura Hulanda, um museu antropológico com a história do tráfico de escravos como maior destaque, é parte de uma aprimorada vila colonial com spa, jardins, café, 80 quartos de luxo e um zelo estético de set de novela. Tudo isso, aliás, em área que inclui uma praça onde os holandeses vendiam escravos. Resulta que o museu está cercado por uma atmosfera de eufemismo.

Basta conhecer melhor o Kura Hulanda, porém, para perceber a seriedade da proposta. O acervo partiu da coleção pessoal do filantropo holandês Jacob Gelt Dekker, autor de um livro que fala dos sonhos de crianças africanas e circula, como parte de uma iniciativa maior, em colégios da ilha. O tour virtual do museu (kurahulanda.com) oferece apenas textos, mas aborda 22 tópicos com ênfase e profundidade igualadas por poucas curadorias, focando inclusive lutas raciais pós-escravidão.

A visita em si faz refletir seriamente sobre a colonização holandesa. As primeiras salas partem de um contexto mais amplo. Itens remotos da Suméria, Babilônia, Assíria, Palestina, Israel e região remetem à origem humana comum. Outra seção se dedica à arte antilhana. O que mais chama a atenção, de qualquer modo, são as salas com artigos de reinos do oeste africano (passando por suas crenças e religiões), do mercado escravocrata transatlântico e da escravidão nos Estados Unidos (há de uniformes da Ku Klux Klan a jornais racistas do final do século 19, um deles apelando à “última chance de supremacia branca” no país). 

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Duzentos anos de escravidão. A escravidão em Curaçau, especificamente, perdurou por duzentos anos – sob a direção da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, Willemstad foi um centro de comércio humano de 1662 até a abolição, em 1863. A independência conseguida no Haiti, na década de 1790, estimulara uma mobilização escrava frustrada pela liberdade em Curaçau, em 1795, tema de Tula – A revolta (2013). O filme mescla holandeses, norte-americanos e curaçauenses no elenco e é falado em inglês. Tula, hoje um herói local, foi o escravo à frente da mobilização. O filme não arrisca abstrações, mas o apelo direto, nesse caso, serve para colocar em primeiro plano o que evitamos imaginar.

Próximo do Kura Hulanda, o museu Marítimo (curacaomaritime.com) também merece visita. O interior do prédio remete ao formato de um navio. Maquetes de embarcações são o grande destaque e a loja da entrada, com vários livros relevantes sobre Curaçau, vale ao menos uma passadinha. 

Os três andares do museu narram da remota chegada de indígenas à ilha ao desembarque dos espanhóis, em 1499, para depois culminar na ocupação holandesa e no desenvolvimento de Willemstad como base naval e comércio de bens – em meados do século 20, muitos turistas já visitavam Curaçau para comprar joias, câmeras, perfumes e afins.  Os cruzeiros, aliás, há mais de cem anos aportam por lá. O primeiro saiu de Nova York e visitou Curaçau em 1901. A diferença óbvia são os números – 5 mil cruzeiristas desembarcaram em 1950, contra mais de 400 mil anuais hoje.

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Navio de cruzeiro se aproxima de Curaçau Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Um brinde. Mais alcoólico que histórico, o museu Curaçao Liqueur (curacaoliqueur.com) é, na verdade, a fábrica da famosa bebida criada há 120 anos e bebericada pura, dessacralizada sobre sorvetes ou misturada em drinques tradicionais como Capitão América (com groselha e rum). Tem quem só lembre do licor na coloração azul-alto-mar, mas há versões em outros tons. Uma fruta cítrica não-nativa, Laraha, é a base da receita. A visita à fábrica é simples, mas inclui o mais importante: provar a bebida. 

Bem verdade que na chegada o visitante pode ter um sentimento misto. É que o excelente Kura Hulanda, um museu antropológico com a história do tráfico de escravos como maior destaque, é parte de uma aprimorada vila colonial com spa, jardins, café, 80 quartos de luxo e um zelo estético de set de novela. Tudo isso, aliás, em área que inclui uma praça onde os holandeses vendiam escravos. Resulta que o museu está cercado por uma atmosfera de eufemismo.

Basta conhecer melhor o Kura Hulanda, porém, para perceber a seriedade da proposta. O acervo partiu da coleção pessoal do filantropo holandês Jacob Gelt Dekker, autor de um livro que fala dos sonhos de crianças africanas e circula, como parte de uma iniciativa maior, em colégios da ilha. O tour virtual do museu (kurahulanda.com) oferece apenas textos, mas aborda 22 tópicos com ênfase e profundidade igualadas por poucas curadorias, focando inclusive lutas raciais pós-escravidão.

A visita em si faz refletir seriamente sobre a colonização holandesa. As primeiras salas partem de um contexto mais amplo. Itens remotos da Suméria, Babilônia, Assíria, Palestina, Israel e região remetem à origem humana comum. Outra seção se dedica à arte antilhana. O que mais chama a atenção, de qualquer modo, são as salas com artigos de reinos do oeste africano (passando por suas crenças e religiões), do mercado escravocrata transatlântico e da escravidão nos Estados Unidos (há de uniformes da Ku Klux Klan a jornais racistas do final do século 19, um deles apelando à “última chance de supremacia branca” no país). 

Duzentos anos de escravidão. A escravidão em Curaçau, especificamente, perdurou por duzentos anos – sob a direção da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, Willemstad foi um centro de comércio humano de 1662 até a abolição, em 1863. A independência conseguida no Haiti, na década de 1790, estimulara uma mobilização escrava frustrada pela liberdade em Curaçau, em 1795, tema de Tula – A revolta (2013). O filme mescla holandeses, norte-americanos e curaçauenses no elenco e é falado em inglês. Tula, hoje um herói local, foi o escravo à frente da mobilização. O filme não arrisca abstrações, mas o apelo direto, nesse caso, serve para colocar em primeiro plano o que evitamos imaginar.

Próximo do Kura Hulanda, o museu Marítimo (curacaomaritime.com) também merece visita. O interior do prédio remete ao formato de um navio. Maquetes de embarcações são o grande destaque e a loja da entrada, com vários livros relevantes sobre Curaçau, vale ao menos uma passadinha. 

Os três andares do museu narram da remota chegada de indígenas à ilha ao desembarque dos espanhóis, em 1499, para depois culminar na ocupação holandesa e no desenvolvimento de Willemstad como base naval e comércio de bens – em meados do século 20, muitos turistas já visitavam Curaçau para comprar joias, câmeras, perfumes e afins.  Os cruzeiros, aliás, há mais de cem anos aportam por lá. O primeiro saiu de Nova York e visitou Curaçau em 1901. A diferença óbvia são os números – 5 mil cruzeiristas desembarcaram em 1950, contra mais de 400 mil anuais hoje.

Navio de cruzeiro se aproxima de Curaçau Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Um brinde. Mais alcoólico que histórico, o museu Curaçao Liqueur (curacaoliqueur.com) é, na verdade, a fábrica da famosa bebida criada há 120 anos e bebericada pura, dessacralizada sobre sorvetes ou misturada em drinques tradicionais como Capitão América (com groselha e rum). Tem quem só lembre do licor na coloração azul-alto-mar, mas há versões em outros tons. Uma fruta cítrica não-nativa, Laraha, é a base da receita. A visita à fábrica é simples, mas inclui o mais importante: provar a bebida. 

Bem verdade que na chegada o visitante pode ter um sentimento misto. É que o excelente Kura Hulanda, um museu antropológico com a história do tráfico de escravos como maior destaque, é parte de uma aprimorada vila colonial com spa, jardins, café, 80 quartos de luxo e um zelo estético de set de novela. Tudo isso, aliás, em área que inclui uma praça onde os holandeses vendiam escravos. Resulta que o museu está cercado por uma atmosfera de eufemismo.

Basta conhecer melhor o Kura Hulanda, porém, para perceber a seriedade da proposta. O acervo partiu da coleção pessoal do filantropo holandês Jacob Gelt Dekker, autor de um livro que fala dos sonhos de crianças africanas e circula, como parte de uma iniciativa maior, em colégios da ilha. O tour virtual do museu (kurahulanda.com) oferece apenas textos, mas aborda 22 tópicos com ênfase e profundidade igualadas por poucas curadorias, focando inclusive lutas raciais pós-escravidão.

A visita em si faz refletir seriamente sobre a colonização holandesa. As primeiras salas partem de um contexto mais amplo. Itens remotos da Suméria, Babilônia, Assíria, Palestina, Israel e região remetem à origem humana comum. Outra seção se dedica à arte antilhana. O que mais chama a atenção, de qualquer modo, são as salas com artigos de reinos do oeste africano (passando por suas crenças e religiões), do mercado escravocrata transatlântico e da escravidão nos Estados Unidos (há de uniformes da Ku Klux Klan a jornais racistas do final do século 19, um deles apelando à “última chance de supremacia branca” no país). 

Duzentos anos de escravidão. A escravidão em Curaçau, especificamente, perdurou por duzentos anos – sob a direção da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, Willemstad foi um centro de comércio humano de 1662 até a abolição, em 1863. A independência conseguida no Haiti, na década de 1790, estimulara uma mobilização escrava frustrada pela liberdade em Curaçau, em 1795, tema de Tula – A revolta (2013). O filme mescla holandeses, norte-americanos e curaçauenses no elenco e é falado em inglês. Tula, hoje um herói local, foi o escravo à frente da mobilização. O filme não arrisca abstrações, mas o apelo direto, nesse caso, serve para colocar em primeiro plano o que evitamos imaginar.

Próximo do Kura Hulanda, o museu Marítimo (curacaomaritime.com) também merece visita. O interior do prédio remete ao formato de um navio. Maquetes de embarcações são o grande destaque e a loja da entrada, com vários livros relevantes sobre Curaçau, vale ao menos uma passadinha. 

Os três andares do museu narram da remota chegada de indígenas à ilha ao desembarque dos espanhóis, em 1499, para depois culminar na ocupação holandesa e no desenvolvimento de Willemstad como base naval e comércio de bens – em meados do século 20, muitos turistas já visitavam Curaçau para comprar joias, câmeras, perfumes e afins.  Os cruzeiros, aliás, há mais de cem anos aportam por lá. O primeiro saiu de Nova York e visitou Curaçau em 1901. A diferença óbvia são os números – 5 mil cruzeiristas desembarcaram em 1950, contra mais de 400 mil anuais hoje.

Navio de cruzeiro se aproxima de Curaçau Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Um brinde. Mais alcoólico que histórico, o museu Curaçao Liqueur (curacaoliqueur.com) é, na verdade, a fábrica da famosa bebida criada há 120 anos e bebericada pura, dessacralizada sobre sorvetes ou misturada em drinques tradicionais como Capitão América (com groselha e rum). Tem quem só lembre do licor na coloração azul-alto-mar, mas há versões em outros tons. Uma fruta cítrica não-nativa, Laraha, é a base da receita. A visita à fábrica é simples, mas inclui o mais importante: provar a bebida. 

Bem verdade que na chegada o visitante pode ter um sentimento misto. É que o excelente Kura Hulanda, um museu antropológico com a história do tráfico de escravos como maior destaque, é parte de uma aprimorada vila colonial com spa, jardins, café, 80 quartos de luxo e um zelo estético de set de novela. Tudo isso, aliás, em área que inclui uma praça onde os holandeses vendiam escravos. Resulta que o museu está cercado por uma atmosfera de eufemismo.

Basta conhecer melhor o Kura Hulanda, porém, para perceber a seriedade da proposta. O acervo partiu da coleção pessoal do filantropo holandês Jacob Gelt Dekker, autor de um livro que fala dos sonhos de crianças africanas e circula, como parte de uma iniciativa maior, em colégios da ilha. O tour virtual do museu (kurahulanda.com) oferece apenas textos, mas aborda 22 tópicos com ênfase e profundidade igualadas por poucas curadorias, focando inclusive lutas raciais pós-escravidão.

A visita em si faz refletir seriamente sobre a colonização holandesa. As primeiras salas partem de um contexto mais amplo. Itens remotos da Suméria, Babilônia, Assíria, Palestina, Israel e região remetem à origem humana comum. Outra seção se dedica à arte antilhana. O que mais chama a atenção, de qualquer modo, são as salas com artigos de reinos do oeste africano (passando por suas crenças e religiões), do mercado escravocrata transatlântico e da escravidão nos Estados Unidos (há de uniformes da Ku Klux Klan a jornais racistas do final do século 19, um deles apelando à “última chance de supremacia branca” no país). 

Duzentos anos de escravidão. A escravidão em Curaçau, especificamente, perdurou por duzentos anos – sob a direção da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, Willemstad foi um centro de comércio humano de 1662 até a abolição, em 1863. A independência conseguida no Haiti, na década de 1790, estimulara uma mobilização escrava frustrada pela liberdade em Curaçau, em 1795, tema de Tula – A revolta (2013). O filme mescla holandeses, norte-americanos e curaçauenses no elenco e é falado em inglês. Tula, hoje um herói local, foi o escravo à frente da mobilização. O filme não arrisca abstrações, mas o apelo direto, nesse caso, serve para colocar em primeiro plano o que evitamos imaginar.

Próximo do Kura Hulanda, o museu Marítimo (curacaomaritime.com) também merece visita. O interior do prédio remete ao formato de um navio. Maquetes de embarcações são o grande destaque e a loja da entrada, com vários livros relevantes sobre Curaçau, vale ao menos uma passadinha. 

Os três andares do museu narram da remota chegada de indígenas à ilha ao desembarque dos espanhóis, em 1499, para depois culminar na ocupação holandesa e no desenvolvimento de Willemstad como base naval e comércio de bens – em meados do século 20, muitos turistas já visitavam Curaçau para comprar joias, câmeras, perfumes e afins.  Os cruzeiros, aliás, há mais de cem anos aportam por lá. O primeiro saiu de Nova York e visitou Curaçau em 1901. A diferença óbvia são os números – 5 mil cruzeiristas desembarcaram em 1950, contra mais de 400 mil anuais hoje.

Navio de cruzeiro se aproxima de Curaçau Foto: Mônica Nobrega/Estadão

Um brinde. Mais alcoólico que histórico, o museu Curaçao Liqueur (curacaoliqueur.com) é, na verdade, a fábrica da famosa bebida criada há 120 anos e bebericada pura, dessacralizada sobre sorvetes ou misturada em drinques tradicionais como Capitão América (com groselha e rum). Tem quem só lembre do licor na coloração azul-alto-mar, mas há versões em outros tons. Uma fruta cítrica não-nativa, Laraha, é a base da receita. A visita à fábrica é simples, mas inclui o mais importante: provar a bebida. 

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