Dizem que é na adversidade que a gente conhece realmente as pessoas. E, pela minha experiência de toda uma vida no mundo das viagens e turismo, ouso dizer que a máxima se aplica perfeitamente à hotelaria também.
Como contei aqui no último texto, estou há uma semana no Walt Disney World, em Orlando. Passei dias de trabalho incríveis por aqui até a metade de sábado, pesquisando, experimentando e aprendendo mais sobre os serviços do maior e mais querido complexo de parques de diversão do mundo. Mas veio o sábado a tarde e a proximidade da passagem do furacão Irma pela região e me preparei para o pior.
Com meu voo da segunda-feira transferido para quarta, estiquei minha estadia no irretocável Grand Floridian até a mesma data e segui fielmente as instruções de evitar sair do resort a partir de sábado à noite e respeitei o toque de recolher imposto regionalmente entre domingo e segunda. Em todo o tempo, a simpatia e cordialidade dos funcionários do hotel permaneceram inalteradas: estive o tempo todo sozinha por ali mas em nenhum momento me senti desamparada, já que recebia constante e organizadamente informações sobre o funcionamento do hotel naqueles dias e como eu deveria me preparar para o furacão.
Na noite do sábado, testemunhei diversos hóspedes fazendo check-in, vindos de Miami, Palm Beaches e diversas outras regiões costeiras da Flórida justamente para tentar escapar do Irma. Quando eu os questionava sobre porque não tinham tentado fugir para outro Estado, todos eram unânimes em responder: não há lugar mais seguro para enfrentar um furacão do que o Walt Disney World.
Não foi meu primeiro furacão (o primeiro foi o Ida, no México, em 2009), mas confesso que, com a destruição sem precedentes que ele provocou no Caribe, o Irma me despertou apreensão. Mas os funcionários do Grand Floridian e dos parques estavam com seus sorrisos tão inalteráveis, e dizendo tão claramente que eu estaria 100% segura no meu quarto do hotel e o que eu poderia fazer para garantir 100% minha segurança, que de fato me senti segura ali.
Mesmo durante o toque de recolher, o hotel manteve uma equipe full time no hotel. No edifício Sugar Loaf, onde estou hospedada, o serviço do Club Level permaneceu ininterrupto - e ainda criaram entretenimento interno para as crianças o tempo todo. As recomendações de segurança eram dadas tanto por escrito quanto também na tela da TV, num canal específico para isso. E funcionários que deixaram suas famílias para dormir ali mesmo foram só sorrisos para os hóspedes o tempo todo.
Durante a passagem do furacão - que felizmente veio mais brando, e mudou para cat1 enquanto estava sobre a região dos parques - , não ficamos sem luz, TV, água ou wifi nem por um minuto (tudo no Walt Disney World é subterrâneo e próprio, o que contribuiu sobremaneira para isso).E na manhã seguinte, o café da manhã estava servido no lounge como se nada tivesse acontecido.
Nesta segunda, um staff gigantesco passou o dia conferindo estragos, limpando e fazendo manutenção de todo o resort com uma precisão e rapidez impressionantes. As árvores caídas foram removidas sem que muitos dos hóspedes sequer se dessem conta. E, como no final da tarde da segunda o tempo abriu e fez até sol, limparam e liberaram todas as piscinas antes das 17h, para alegria de diversas famílias.
Em esforço similar, todos os parques foram vistoriados, limpos e checados e nesta terça-feira reabrem (Disney Springs incluída) todas suas atrações - incluindo shows e eventos como o Not So Scary Halloween. Se eu já tirava meu chapéu para a Disney desde os tempos de faculdade por ser este case sensacional de marketing e hotelaria, agora essa admiração é ainda maior. Nunca tinha visto um hotel continuar a colocar o hóspede full time em primeiro lugar durante um período tão adverso como testemunhei aqui no Grand Floridian durante esta passagem do Irma. Louvável mesmo.