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30 venezuelanos são presos na fronteira do Brasil acusados de terrorismo

Segundo a polícia de Roraima, grupo integra facção criminosa do país vizinho; Defensoria afirma que detenções foram ilegais

Por Cyneida Correia
Atualização:

BOA VISTA - Trinta venezuelanos foram presos no município de Pacaraima, em Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, acusados de integrar uma organização criminosa e praticar atos de terrorismo no País.

Venezuelanos presos são investigados por participação em organização criminosa e terrorismo Foto: Aldenio Soares

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A prisão ocorreu durante uma operação integrada das Polícias Civil e Militar, da Força Nacional e do Exército Brasileiro para fortalecer a segurança na fronteira. No momento das detenções, uma guarnição do Exército chegou a ser atacada por venezuelanos.

Os criminosos foram apontados por um líder de facção que delatou na delegacia de Pacaraima. A testemunha teria relatado à Policia Civil vários crimes que os venezuelanos estariam planejando fazer no País.

O delegado Eduardo Wayner, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior, explicou que os registros de crimes praticados por estrangeiros venezuelanos agravaram-se nos últimos anos.

"Identificamos os líderes de facções criminosas venezuelanas que estavam atuando naquela cidade, que comandavam furtos e roubos, e constatamos que grande parte desses crimes era ordenada pelos líderes de duas facções venezuelanas, que levavam os produtos dos crimes por estradas até a divisa entre os dois países, cruzavam a faixa na área da Venezuela, onde os receptadores de Santa Elena (de Uairén) vinham buscar", explicou.

Wayner afirmou ainda que prevê que as prisões de venezuelanos que cometem crimes no Brasil aumentem.

"Avaliamos esse trabalho como ponto positivo para a garantia da ordem em Pacaraima, uma vez que os moradores daquela cidade têm sofrido muitas perdas em virtude da atuação desses criminosos, já que há facilidade em cruzar a fronteiras", disse. "Vários crimes estavam impunes." 

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Na audiência de custódia na Justiça Estadual de Roraima, os presos na operação foram defendidos pela Defensoria Pública, que requereu a remessa dos autos à Justiça Federal, por causa da denúncia de terrorismo.

"Não houve comunicação ao consulado venezuelano, por isso, as prisões são ilegais", destacaram os defensores Eduardo Veras e Frederico Cesar Leão. "Além disso, eles não foram assessorados por intérpretes na delegacia e não compreenderam o que estava acontecendo. Fora isso, não existem provas da materialidade e indícios de autoria desses crimes."

A Justiça decretou a prisão preventiva dos venezuelanos acusados de terrorismo Foto: Aldenio Soares

Justiça decreta prisão preventiva

Apesar de ter relaxado a prisão em flagrante dos suspeitos, a juíza Liliane Cardoso decretou a prisão preventiva dos envolvidos para que fosse apurada a participação em crimes no Brasil.

"Todos são estrangeiros que estão ilegalmente no Brasil (ou a maioria está ilegal no País), não possuem endereços definidos; alguns residem nas ruas, outros, em hotéis, alguns moram em Santa Helena e não possuem ocupação.

Como os criminosos estão irregulares no Brasil, há informações, segundo a juíza, de que faziam parte de organização criminosa no seu país de origem.

"Por isso, decreto a prisão preventiva, porque no juízo de audiência de custódia, não é possível abordar detalhes sobre os fatos e de sua autoria, e não é possível constatar a existência de crimes de terrorismo", pontuou Liliane.

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Procurado, o Ministério Público não se manifestou até a publicação desta reportagem.

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