Acusado de matar ex e fugir com filho é preso

Janken Evangelista foi encontrado na Bahia, onde mora parte de sua família, e teria confessado o crime; a criança foi localizada sem ferimentos

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Por Tiago Décimo , e Josmar Jozino
Atualização:

Janken Ferraz Evangelista, de 29 anos, foi preso na manhã de ontem, no sul da Bahia. Acusado de matar a ex-mulher, Ana Cláudia Melo, de 18 anos, no domingo, em São Paulo, e sequestrar o filho do casal, Gabriel, de 1 ano e 8 meses, Evangelista pode pegar 40 anos de prisão, caso o júri dê a ele a pena máxima por todos os crimes a que vai responder. Ele foi encontrado na região de Teixeira de Freitas, a 884 quilômetros de Salvador. A Polícia Civil paulista havia recebido uma denúncia anônima de que ele estaria na cidade, onde mora parte de sua família. A criança também foi localizada, sem ferimentos, na casa da mãe de Evangelista, Dermevalda, que foi ouvida na sede da 8ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin). Segundo os policiais, Evangelista não resistiu à prisão e apresentava ferimentos pelo corpo - que alegou terem sido resultantes da briga que teve com Ana Cláudia. Ele também teria confessado o assassinato da jovem, que morreu a golpes de faca. Segundo o coordenador da 8ª Coorpin, Nélis Araújo Junior, Evangelista foi localizado depois que equipes de policiais foram destacadas para acompanhar os passos de seus parentes. O delegado informou que Evangelista alegou ter discutido com a ex-mulher por ciúmes, depois de tê-la flagrado ao telefone com um jogador de futebol. "Ele demonstra arrependimento, chora bastante." Evangelista e o filho devem ser levados amanhã para São Paulo, onde ele tem prisão preventiva decretada. O promotor de Justiça Marcelo Milani, do 1º Tribunal do Júri, já ofereceu denúncia contra o acusado. Entre os crimes apontados contra Evangelista estão homicídio duplamente qualificado (motivo banal e sem chance de defesa da vítima), subtração de incapaz (fugiu com a criança) e furto de R$ 500 da bolsa de Ana Cláudia. Após saber da prisão, a mãe adotiva da jovem, Ana Lúcia Melo, disse estar aliviada por saber que o neto está bem. "Não pensei que a polícia fosse resolver o caso tão depressa", disse. A preocupação da família de Ana Cláudia agora é encontrar Gabriel e obter sua guarda definitiva. Além da ligação afetiva da criança com a família da mãe, o criminalista José Beraldo, que defende a família, vai insistir na tese de que a vítima sofria agressões na casa de Evangelista, com conivência da ex-sogra, e apontar relatório do Conselho Tutelar de Teixeira de Freitas, que mostra os problemas do casal. "Com todas essas provas de agressão, era para ele ter sido enquadrado na Lei Maria da Penha. Se tivesse sido, a Ana Cláudia estaria viva agora", disse. Ele estuda acionar a juíza da Vara da Família do Jabaquara, que autorizou visitas de Evangelista ao filho antes de concluir que Ana Cláudia era agredida pelo ex-marido. E deve questionar também por que o Conselho Tutelar da cidade baiana não encaminhou à Justiça o relatório que descrevia as agressões contra a jovem. "Vamos apontar os responsáveis por isso", disse Beraldo.

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