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Marcelo Lima

Dança das cores

Para alcançar a 'cor do ano', porém, a estrada é longa. Envolve pesquisas em vários campos, que vão da indústria do entretenimento às redes sociais

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Cadeiras na cor amarelo brilhante, escolhida pela Pantone para 2021 Foto: Tramontina/Divulgação

Escrevo ainda em dezembro. Mês em que o desejo de desvendar o que está por vir bate mais forte do que nunca e todos parecem querer saber antecipadamente o que o futuro nos trará. E, em meio aos preparativos para o ano-novo, nem mesmo o círculo cromático fica à salvo da bolsa de apostas.  

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Nas indústrias da moda e do design, por exemplo, todos os olhares se voltam para a definição da cor do ano de 2021. Não por mera curiosidade, evidente. Mas para que designers e fabricantes possam, o quanto antes, se ajustar às aspirações de consumidores de todo o globo. 

Pessoalmente, avesso que sou a tendências unificadoras de qualquer tipo, devo admitir nunca ter sido muito simpático à ideia da eleição. Primeiro, porque penso que todas as cores, sem exceção, podem encontrar seu justo espaço em função do gosto e da habilidade de cada um. Seja em que tempo for.  

Depois, sempre me pareceu um tanto exótica a disparidade das sugestões para ‘colorir’ um mesmo ano. Para o próximo, elas oscilam entre o “rosa violetado” ao “bronze conectado”. A depender do comitê de especialistas definido por cada fabricante de tintas. 

Para alcançar a “cor do ano”, porém, a estrada é longa. Envolve pesquisas em vários campos, que vão da indústria do entretenimento às redes sociais, passando pela checagem, in loco, de exposições de arte, desfiles de moda, destinos turísticos, além dos points internacionais do momento. Só então, após reuniões secretas, envolvendo representantes de vários países, a tonalidade campeã é divulgada, vindo acompanhada, em geral, de uma cartela de tons correlatos para possibilitar as mais diversas combinações.  

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No caso da cor do ano sugerida pela Pantone – a mais respeitada referência internacional para designers, fabricantes e influenciadores –, divulgada, no início deste mês, pelo Penton Color Institute, de Nova York, a ilustre eleita para o ano de 2021 não será uma, mas, de fato, duas. E, diga-se de passagem, bem contrastantes entre si: um amarelo brilhante e um cinza esmaecido.  

Segundo os executivos da empresa, não se trata, porém, de cores isoladas. Elas foram selecionadas e devem ser apresentadas juntas. São tonalidades independentes que se unem para apoiar uma à outra. Ou, como divulgado, “um duo sólido como o representado por uma rocha sob a luminosidade intensa do sol”. 

Uma escolha até certo ponto polêmica, e até um pouco oportunista diante da conjuntura mundial, mas que, devo admitir, me pareceu particularmente inspirada. Sim, continuo reticente em relação às chamadas cores do ano. Mas me agradaria muito a ideia de assistir em 2021 à rápida transição de dias longos e cinzentos para um cenário ensolarado e luminoso. Claro que isso pode não passar de um sonho. Mas deles também é feita a vida. Bom ano a todos!

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