'Bancada da bala' pedirá a Temer criação de Ministério da Segurança

Para deputado, grande problema de presídios está na falta de qualificação de profissionais

PUBLICIDADE

Por Rafael Moraes Moura e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer apoia a criação do Ministério da Segurança Pública, mas avalia que é difícil adotar a ideia agora por causa das restrições impostas pelo ajuste fiscal. Mesmo assim, dias depois do massacre que deixou pelo menos 93 mortos em presídios do Amazonas e de Roraima, Temer quer incentivar o debate sobre o assunto e vai receber nesta quarta-feira, 11, deputados da "bancada da bala", que lutam para tirar do papel Ministério da Segurança.

Favorável à criação da pasta, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também recebeu nesta terça ogrupo, que compõe a Frente Parlamentar de Segurança. Maia conversou com os deputados no Palácio do Planalto, pois assumiu interinamente a Presidência, após a viagem de Temer a Portugal.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defende que a Segurança Pública vire um ministério próprio ou uma secretaria com mais poder Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

"Pode ser um Ministério da Segurança ou uma secretaria com mais poder do que aquela que existe hoje, na Justiça. Esse assunto precisa ser tratado de forma menos emergencial e mais rotineira, até porque o estrangulamento financeiro dos Estados tem de ser pensado de forma coletiva. O que não se pode é responsabilizar o presidente pela crise no sistema penitenciário", argumentou Maia, que concorre à reeleição.

A ideia de uma pasta para fazer a interlocução com os Estados sobre a questão da segurança e tratar de um sistema mais eficaz de inteligência para combater o crime não é nova. Na campanha de 2010, o então candidato do PSDB ao Planalto, José Serra, hoje ministro das Relações Exteriores, sugeriu a criação do Ministério da Segurança Pública. Vice na chapa liderada por Dilma Rousseff, Temer chegou a apoiar a proposta, criticada pela petista.

"Esse Plano Nacional de Segurança Pública é perfumaria. Se você quiser alterar um sistema fracassado, falido, tem de botar o dedo na ferida. Não adianta falar que vai comprar equipamentos, porque não vai resolver. A matança vai continuar, porque, enquanto não forem adotadas medidas estruturais contra o crime organizado, não vamos chegar a lugar nenhum", disse o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública.

Além de Fraga, Maia recebeu Capitão Augusto (PR-SP), Aluisio Mendes (PTN-MA) e Major Rocha (PSDB-AC), todos da "bancada da bala". Para eles, o programa anunciado pelo governo, com previsão de investimentos de R$ 2,2 bilhões em 2017, é insuficiente. A reportagem do Estado revelou nesta terça que, para acabar com o déficit atual de 250 mil vagas no sistema penitenciário, seria necessário um investimento de pelo menos R$ 10 bilhões.

O governo tenta investigar se há ligações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com facções criminosas brasileiras e o tráfico de drogas no País.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.