Bélgica tenta conter crise política com governo provisório

Medida estabelece novo prazo para um acordo entre valões e flamengos sobre o governo.

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Por Marcia Bizzotto
Atualização:

O ex-premiê belga, Guy Verhofstadt, toma posse, nesta sexta-feira, de um governo provisório que pretende tirar a Bélgica da grave crise institucional que deixou o país há seis meses sem um governo formado. Verhofstadt, que havia perdido as eleições legislativas belgas em junho, conseguiu conciliar os interesses dos cinco principais partidos do país (três francófonos e um flamengo) e foi indicado pelo Rei Albert 2º para assumir o cargo de primeiro-ministro pelo período de três meses. O cristão-democrata flamengo Yves Leterme, vencedor das eleições de junho, integra o governo de Verhofstadt como um dos dois vice-primeiros-ministros. O outro será o liberal valão Didier Reynders. Esse governo será desfeito em 23 de março de 2008, data em que se espera que Verhoefstadt tenha conseguido negociar uma coligação de governo definitiva. Até lá, a equipe de Verhofstadt - um liberal flamengo que ocupou a cadeira de primeiro-ministro por oito anos - será encarregado de resolver os assuntos urgentes do país. Entre eles, está a elaboração do orçamento belga para 2008, a definição dos preços de energia e o reajuste das pensões sociais estavam bloqueados pela ausência de governo. O Executivo provisório deve se submeter neste domingo ao voto de confiança do Parlamento. Incerteza Uma das principais responsabilidades do governo interino será facilitar e negociar uma reforma de Estado consensual entre flamengos e valões, que, espera-se, culmine com a formação de um governo definitivo. No entanto, não há garantias de que o novo governo consiga ser formado dentro dos próximos três meses e ainda não está decidido o que acontecerá com a situação política do país caso as negociações voltem a fracassar. Reynders, um dos principais líderes na negociação, afirmou à televisão pública belga que o governo interino não fará as coisas mais fáceis. "Não me converterei em socialista. Ainda haverá debates bastante duros", disse. Verhofstadt insiste que não seguirá como primeiro-ministro depois de março. Para superar a crise, os partidos representantes das duas comunidades precisam superar as diferenças que mantêm em relação ao programa do novo governo, que visa conceder mais autonomia para as duas grandes regiões do país. A rica região de Flandres exige mais autonomia e a redução dos fundos que transferem à vizinha mais pobre, Valônia, que luta para manter a situação. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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