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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Confiança, a nova lógica das startups

As empresas precisam responder rápido às mudanças, mas focar em crescer, lucrar, ter sustentabilidade e confiança

Atualização:

Será que gerar receita e focar em crescimento exponencial é o que efetivamente trará resultados para as empresas do futuro? No livro Competitive Advantage, o professor de Harvard Michael Porter diz que a chave para o sucesso a longo prazo é dominar a cadeia de valor, maximizando o poder de barganha entre fornecedores, clientes, novos participantes no mercado e produtos substitutos. O objetivo das empresas é criar uma vantagem competitiva sustentável frente a seus rivais. 

Muitas das grandes empresas do século 20 foram criadas com essa mentalidade e controlaram o mercado por décadas. Mas o mundo girou e a lógica no mundo dos negócios é outra. Hoje, vivemos a era da conexão em rede, das startups competindo com gigantes e ditando novas regras. A vantagem competitiva não é mais a soma de todas as eficiências, mas a soma de todas as conexões. Sendo assim, a estratégia se concentrou em ampliar e aprofundar os vínculos com o ambiente externo à empresa, que dependem de um só fator: a confiança. Ela é que ditará se uma empresa sobrevive ou decai.

WeWork: cresceu demais sem se preocupar em faturar de verdade Foto: Reuters/Kate Munsch

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O que vemos hoje nos noticiários? Facebook e Twitter sendo investigados por vazamento de dados, a indústria das fake news crescendo, gigantes da tecnologia tendo de investir em segurança e startups com aberturas de capital malsucedidas. Na última década, as startups foram alimentadas por uma onda de capital de risco, que incentivou o crescimento rápido acima de tudo. Mas, percebendo esse novo momento, investidores e startups estão repensando essa lógica.

É o caso do WeWork, startup que cancelou sua oferta pública na Bolsa no mês passado. Com um ritmo frenético de crescimento, a companhia chegou a ser avaliada em US$ 47 bilhões. Mas ela monetizava à altura? A resposta é não. A empresa priorizou a busca pelo investimento para crescer mais rápido e a estratégia de ganhar dinheiro ficou no segundo plano. Não demorou para o mercado perceber que a empresa gastava mais que faturava – só em 2018, o prejuízo foi de US$ 1,9 bilhão.

A busca, agora, é por uma “economia positiva”. As empresas precisam responder rápido às mudanças, mas focar em crescer, lucrar, ter sustentabilidade e confiança. Um relatório de 2019 da Accenture, que analisou mais de 7 mil empresas, descobriu que a confiança “afeta desproporcionalmente a receita” de uma empresa, mais do que qualquer outro fator isolado. No mundo competitivo de hoje, um evento que manche a reputação de uma empresa pode causar estrago. Com as redes sociais, esse efeito fica ainda mais avassalador.

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A melhor tática para ser uma empresa confiável é construir uma cultura calcada em credibilidade e empatia. Pense em como suas ações afetam clientes, funcionários, parceiros e outras partes. A diferença é como se responde às mudanças com agilidade.  É INVESTIDORA ANJO E PRESIDENTE DA BOUTIQUE DE INVESTIMENTOS G2 CAPITAL

Opinião por Camila Farani
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