Carnaval carioca se deixa seduzir pela 'Obamania'

Fábrica de máscaras recebeu milhares de pedidos para reproduzir rosto do presidente americano

PUBLICIDADE

Por Eduardo de Diego
Atualização:

O carnaval do Rio se rendeu à "Obamania" com a produção de milhares de máscaras do rosto do novo presidente dos Estados Unidos, cuja popularidade supera figuras locais e, inclusive, inspirou os autores de um samba-enredo. A imagem do primeiro presidente negro norte-americano, que há menos de um ano era desconhecido para a maioria dos brasileiros, virou algo familiar e está destinado a se tornar uma das protagonistas da semana de festas.   A 'multiplicação' de Obama está a cargo da fábrica Condal, fundada há 50 anos na região metropolitana do Rio pelo artista plástico espanhol Armando Vallés, uma referência no mundo do carnaval, especialmente por suas reproduções de políticos. Ele morreu em 2007, mas sua esposa, Olga Gibert, continuou com o trabalho e está à frente da produção de milhares de máscaras que exige o carnaval mais famoso do mundo, o do Rio, mas também de outras cidades brasileiras e até do exterior.     Veja também:  Cobertura completa do carnaval 2009  Blog: dicas para quem quer curtir e para quem quer fugir da folia  Especial: mapa das escolas no Rio e em SP     Olga explica que a estrela deste será sem dúvida Barack Obama, do qual recebeu 10 mil pedidos, seguidos de outras personalidades da política como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Também há muitos pedidos da máscara do (Osama) bin Laden, mas o que não vende nada é do (George W.) Bush", acrescentou ela ao comentar os ventos de mudança que sopram com o novo morador da Casa Branca.   Barack Obama também estará presente no carnaval através da letra de um samba cheia de notícias utópicas com a qual o bloco "Imprensa que eu gamo" percorrerá as ruas do Rio nesta sábado, 7. "Obama se confunde com Osama" começa uma das estrofes do samba dos jornalistas, que também cita entre seus "sonhos e esperanças" a paz em Bagdá e no Rio de Janeiro.   Foto: EFE   Uma marca de cervejas que patrocina a participação de celebridades no carnaval carioca convidou Obama e sua mulher, Michelle, para assistir os desfiles das escolas de samba no Sambódromo da Marquês de Sapucaí nos dias 22 e 23 deste mês - uma viagem que se, num caso hipotético, se concretizasse, seria a primeira do presidente norte-americano ao exterior.   Mas enquanto o Obama real não vem, seu rosto é reproduzido em plástico e outros materiais pela Condal, que desde 1982 se especializou em criar faces de políticos para o carnaval e também para as eleições. Realmente, nas paredes da fábrica pode-se ver, segundo Olga, a história do Brasil contada através de máscaras, com todos os personagens da vida política e social que se destacaram nas últimas décadas.   Mas além dos fenômenos próprios de cada carnaval, nas épocas de eleições, são os políticos que encomendam réplicas dos próprios rostos para depois usarem nas campanhas, explica Olga.   Fenômeno   Da Condal saem 350 mil máscaras por ano que são distribuídas, principalmente, no Brasil e na Espanha, de onde vão, depois, para outros países da Europa como França e Itália. Precisamente no mercado europeu, Olga reconhece que, "por causa da crise", as vendas têm sido um pouco menores que nos anos anteriores "no que também há influência da concorrência muito forte da China". No Brasil, porém, os números permanecem como anos atrás.   Mas, além dos políticos e celebridades, outras máscaras muito solicitadas durante o período carnavalesco são os chamados "Clóvis", as personagens imaginárias do próprio carnaval carioca, principalmente nos subúrbios, cujos rostos são feitos em tela de metal. Depois de 15 anos vivendo no Brasil, Olga tem certeza que o carnaval do sambódromo é "massivo e grandioso", mas acredita que a verdadeira festa é a "que se vê nas ruas, a tradicional, e que não deve ser perdida".   Foto: EFE

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.