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Caso Amarildo: PMs com prisão decretada se apresentam

Dois sargentos e um soldado trabalhavam na UPP da Rocinha e teriam participado da tortura e da morte do pedreiro

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Por Redação
Atualização:

Os três policiais militares do Rio que tiveram a prisão preventiva decretada anteontem sob acusação de envolvimento no sumiço do pedreiro Amarildo de Souza se entregaram ontem à tarde. Os sargentos Lourival Moreira da Silva, de 40 anos, e Reinaldo Gonçalves dos Santos, além do soldado Wagner Soares do Nascimento, de 31, se apresentaram no 23.º Batalhão da PM.

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Eles foram encaminhados para exames no Hospital Geral da Polícia Militar, por volta das 19 horas, e depois seriam levados à Unidade Prisional da Polícia Militar, em Benfica, na zona norte, onde ficarão detidos. Outros dez PMs acusados pelo crime estão presos desde 4 de outubro.

Todos atuavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul, e são acusados de torturar até a morte o pedreiro, de 43 anos, na noite de 14 de junho. Amarildo desapareceu após ter sido conduzido à UPP para "averiguação".

Dos 13 presos, só os dois oficiais que tinham cargos de chefia na UPP, o major Edson Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros, não estão no presídio exclusivo de PMs. Eles foram transferidos no dia 18 para a penitenciária de Bangu 8, na zona oeste, a pedido do Ministério Público, porque, segundo a instituição, estavam se impondo sobre os ex-subordinados para evitar depoimentos que os incriminassem. Ontem, a 8.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou habeas corpus pedido pelo major e pelo tenente e manteve os policiais presos.

Ao todo, 29 PMs foram investigados. Desses, quatro foram considerados inocentes e 25 são acusados pela tortura seguida de morte de Amarildo. Treze estão presos e os outros 12 policiais não tiveram a prisão pedida pelo Ministério Público porque, na avaliação do órgão, tiveram participação menos decisiva no crime e a liberdade deles não interfere no trâmite do processo. Eles foram afastados da rua e cumprem funções administrativas.

Além do crime de tortura, pelo qual todos são acusados, 17 policiais foram denunciados por ocultação de cadáver, 4 por fraude processual e 13 por formação de quadrilha. A juíza Daniella Alvarez Prado, da 35ª Vara Criminal do Rio, além de decretar a prisão dos três policiais, anteontem, também aceitou a denúncia contra os 25 PMs.

"Os delitos imputados (...) afrontam toda a sociedade, na medida em que as UPPs (...) foram criadas com o fito de apaziguarem as comunidades dominadas pelas facções criminosas e coibirem o tráfico ilícito de entorpecentes. Os acusados (...) supostamente tornaram-se tão criminosos quanto os criminosos que perseguiam", disse a juíza a decisão.

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