O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reafirmou nesta quarta-feira, 1, que o plano emergencial para superar a crise no setor aéreo não inclui a construção imediata de um terceiro aeroporto em São Paulo. Em entrevista, no Palácio do Planalto, Jobim disse que um novo aeroporto no Estado está, sim, nos planos do governo, mas para atender ao aumento futuro da demanda, e a prioridade agora é a melhoria das condições nos aeroportos paulistas de Guarulhos e Viracopos. Veja Também: Leia os últimos diálogos dos pilotos no Airbus Caixa-preta aponta que piloto não conseguiu desacelerar Airbus Brigadeiro diz que caixa-preta revela um 'filme de terror' CPI quer inquérito sobre vazamento de dados da caixa-preta Quem são as vítimas do vôo 3054 Galeria de fotos Opine: o que deve ser feito com Congonhas? Cronologia da crise aérea Vídeos do acidente Tudo sobre o acidente do vôo 3054 "Estamos pensando em uma perspectiva de aumento de demanda , para que possa esse terceiro aeroporto se preparar para essa demanda futura", disse o ministro. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em pronunciamento ao País, que o governo daria prioridade à construção de um terceiro aeroporto no Estado de São Paulo. Mas, depois do anúncio de medidas para normalizar as condições em Congonhas e Guarulhos, setores do governo disseram que as autoridades tinham desistido da construção do terceiro aeroporto. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, porém, afirmou depois, em duas entrevistas, que o governo não havia desistido dessa idéia. Nesta quarta, o ministro da Defesa evitou polemizar com a ministra, mas deixou claro que a prioridade é mesmo a construção de uma terceira pista em Guarulhos e melhoria do terminal e da pista de Viracopos (em Campinas). "Não está absolutamente afastado um terceiro aeroporto, mas esse não é um tema para resolver a questão emergencial", declarou o ministro. Ele informou que foi encomendado um estudo sobre a demanda do tráfego aéreo em 2020. Jobim disse que o governo começará, na próxima semana, "consertos cosméticos" na pista de Guarulhos, para que esta possa receber boa parte dos vôos de Congonhas. "Será um conserto provisório, realizado de madrugada, que poderá se encerrar em novembro. A obra definitiva da pista começará em março." Subsituição na Infraero Também durante a coletiva, Jobim disse que não foi definido, em reunião com Lula, um novo nome para a presidência da Infraero, que irá substituir José Carlos pereira. Um dos nomes que estavam cotados é o de Sérgio Gaudenzi, presidente da Agência Espacial Brasileira e membro do PSB. A permanência de José Carlos Pereira na presidência da estatal ficou insustentável após o acidente com o vôo 3054 da TAM, quando, no dia 17 de julho, um Airbus da empresa caiu no Aeroporto de Congonhas após uma tentativa frustrada de pouso. Na segunda-feira, 30, o governo anunciou que Pereira sairia do cargo e que um novo presidente seria escolhido para a estatal. A confirmação da saída de Pereira foi dada na reunião da Coordenação Política, no Palácio do Planalto. Na segunda, Jobim antecipou que o ex-presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão, não poderá assumir a presidência da estatal. Maranhão não poderá assumir a Infraero porque há impedimentos, segundo o ministro. Apesar disso, ele poderia ajudar no conselho administrativo da estatal. Caixa-preta e tráfego aéreo Jobim disse que não lhe cabe comentar comentar as informações - que começaram a ser divulgadas nesta quarta - sobre o conteúdo das caixas-pretas do Airbus da TAM que explodiu no Aeroporto de Congonhas no dia 17 de julho. "Estou conhecendo as hipóteses, mas não cabe a mim emitir qualquer juízo, até porque isso seria prematuro", afirmou. "Mesmo que tivesse competência para fazê-lo, não há elementos, ainda, para afirmar definitivamente qualquer coisa", disse Jobim, na entrevista coletiva que deu há pouco no Palácio do Planalto. Ele voltou a dizer quegoverno não recuará da decisão de reduzir o tráfego no Aeroporto de Congonhas (SP). Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro afirmou que as medidas tomadas pelo governo para redistribuir os vôos e reorganizar a malha viária levaram em conta a segurança dos passageiros. "A regra é a segurança, e não as conveniências", afirmou. Segundo Jobim, o Aeroporto de Congonhas, onde explodiu um Airbus da TAM no dia 17, não deverá mais ser um ponto de distribuição de vôos com conexões e escalas. "Será exclusivamente um aeroporto ponto a ponto, ou seja, de vôos diretos limitados a duas horas de duração", explicou. O ministro disse que cabe às companhias aéreas se adequar às medidas adotadas pelo governo. "A forma de se ajustar é problema delas", disse.