Corregedoria da PM abre inquérito para investigar motim no Rio

Pelo menos três policiais estão sendo investigados por supostamente terem coordenado os piquetes na porta dos batalhões

PUBLICIDADE

Por Clarissa Thomé
Atualização:
O movimento no Rio foi inspirado na paralisação da PM do Espírito Santo Foto: FABIO MOTTA/ESTADAO

RIO - A Corregedoria da Polícia Militar abriu inquérito para investigar policiais militares pelo movimento de famílias que atrapalhou o policiamento no Rio entre 10 e 16 de fevereiro. Pelo menos três policiais estão sendo investigados por supostamente terem coordenado os piquetes na porta dos batalhões. Eles podem responder pelo crime de motim, cuja pena é de 4 a 8 anos de prisão. 

PUBLICIDADE

A pedido da1ª Promotoria de Justiça, que atua junto com a Auditoria Militar, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Penna Barros autorizou o mandado de busca e apreensão de telefones celulares e documentos que comprovem a organização do movimento. E também a quebra do sigilo dos dados dos aparelhos - agenda telefônica, conversas de aplicativos como WhatsApp e Telegram . Os mandados foram cumpridos nesta quinta-feira, 23. A princípio, nenhuma mulher de policial estásob investigação.

O movimento no Rio foi inspirado na paralisação da PM do Espírito Santo. Mas ao contrário do que ocorreu no Estado vizinho, o policiamento no Rio de Janeiro, mesmo prejudicado, não chegou a ser interrompido. O comando da corporação criou estratégias para driblar os piquetes na porta dos batalhões: policiais assumiram serviço nos postos avançados, muitas vezes sem fardas, que eram entregues posteriormente; viaturas foram estacionadas dentro de estádio e até mesmo nas garagens de shoppings; tropas foram transferidas de helicóptero.

No Espírito Santo, as mulheres dos policiais não sofreram agressões, mas no Rio, houve reações de oficiais, e ocorreram confrontos entre policiais e manifestantes. No movimento fluminense, as mulheres protestaram pelo pagamento do salário e décimo-terceiro atrasados, e também pelo pagamento do Regime Adicional de Serviço, o RAS, como o "bico oficial", em que policiais trabalham nas horas vagas.

Nesta quinta-feira, as mulheres de policiais voltaram a trocar mensagens nos grupos de WhatsApp usados para organizar o movimento. "Gente, a Corregedoria da PM está com mandado de busca e apreensão de celulares para coletar informações em relação à manifestação das esposas, para punir nossos guerreiros envolvidos. Fiquem atentas. Apaguem todas as fotos que associem vocês à organização", escreveu uma delas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.