Foto do(a) blog

Baixe e ouça as principais notícias e análises

Podcast 'No Ritmo da Vida': #36 Violência sexual contra crianças e adolescentes

PUBLICIDADE

Por Laís Gottardo
Atualização:

Desde 2017, o Instituto Liberta encampa o propósito de combate e desmistificação da violência sexual contra crianças e adolescente no Brasil. Luciana Temer, presidente da iniciativa, conversa com Antônio Penteado Mendonça, a partir do dado perturbador de que o País registra, a cada hora, quatro estupros nesta faixa etária.

PUBLICIDADE

"Olhando para este número, como é que não paramos a vida do Brasil para dizer que é inadmissível? O primeiro passo é fazer o País falar sobre este tema", diz a especialista. No dado incluem-se violências sexuais contra vulneráveis (adulto com um menor de 14 anos, consentindo ou não); prostituição infantil (relações sexuais de maiores de 14 anos em troca de algo) e virtuais. Entre todas, 72% das ocorrências são dentro de casa e mais de 70% são praticadas por familiares - mais de 44% por pais e padrastos.

"O estupro, no Brasil, é praticado contra crianças mais que contra mulheres. O ápice de violência contra meninas é de 10 e 13 anos e entre 5 e 9 anos entre meninos", conta Luciana. E completa: "A gente precisa fazer um diagnóstico correto para saber como enfrentamos a naturalização da utilização de corpos de meninos e meninas". Todos os índices sobre os quais a convidada e Penteado conversam baseiam-se em denúncias registradas e, portanto, aludem a um cenário ainda pior, aquele fora dos levantamentos oficiais.

Para além dos impactos psicológicos nas vítimas, a diretora do Instituto Liberta lembra das interferências das violências sexuais para a Economia brasileira: "Estudo do Banco Mundial estima que o País deixa de produzir US$ 3,5 bilhões por ano em razão de gravidez precoce. Pesquisa do IBGE com mães adolescentes aponta que 6 entre 10 não estudam nem trabalham e têm 30% de chances de voltar a engravidar nesta faixa etária. A projeção de seu futuro é a violência doméstica", afirma Luciana. No embate ao cenário, o Instituto defende a educação sexual, com prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e evitamento de gravidez precoce. "A gente defende uma educação pela prevenção da violência contra crianças pequenas - que pode não ser violenta. A melhor forma de protegê-las é conversar desde cedo", afirma a especialista.

 
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.