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Ford lucra US$ 1 bi e surpreende Wall Street

Divisão americana sai do vermelho depois de 4 anos e meio de prejuízo

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Por Patrícia Campos Mello e WASHINGTON

A Ford divulgou lucro de US$ 997 milhões no terceiro trimestre. É a primeira vez desde o início de 2008 que a montadora apresenta lucro operacional, e o resultado surpreendeu Wall Street. A divisão americana da montadora, que responde por 42% das vendas, saiu do vermelho depois de quatro anos e meio no prejuízo, registrando lucro de US$ 357 milhões. "Estamos a caminho de lucratividade sólida em 2011", disse o presidente da Ford, Alan R. Mulally.A Ford foi a única das "Três Grandes" montadoras americanas que escapou da falência neste ano e dispensou a injeção de recursos do governo americano. O resultado deste trimestre reforça a ideia de que a Ford está se saindo bem melhor que os concorrentes de Detroit na recessão. A montadora está ganhando participação de mercado da General Motors e Chrysler e seus lançamentos estão recebendo avaliações positivas."Criamos um negócio muito forte e não estamos usando dinheiro do contribuinte", disse Mulally. No ano passado, a Ford teve prejuízo de US$ 14,6 bilhões, o maior de sua história, e até pouco tempo atrás era considerada a lanterninha das "Três Grandes". A montadora conseguiu atingir o resultado positivo com corte de custos, incluindo redução de pessoal, ganho de participação de mercado, e também aumento de vendas resultante do programa "cash for clunckers" do governo. Esse programa, que dava incentivo fiscal para os compradores que trocassem seu carro velho e poluente por um veículo mais econômico, impulsionou as vendas de veículos em julho e agosto. A Ford também reforçou as vendas dos modelos mais caros.De janeiro a setembro deste ano, a montadora teve lucro de US$ 1,8 bilhão. Mas, excluindo receitas extraordinárias como reestruturação de dívida, a empresa teve prejuízo de US$ 1,3 bilhão. Antes, o objetivo da empresa era sair do vermelho ou ter lucros só em 2011. A agência de classificação de risco Fitch elevou a perspectiva para o rating da montadora de estável para positiva. As vendas da Ford estão em queda de 22% no período até setembro - mas o número é melhor do que a média do setor automotivo, de queda de 27%. "Estamos muito satisfeitos com o progresso até agora e temos mais confiança de que conseguiremos concretizar nosso plano", disse Mulally.GRANDES DESAFIOSMas o presidente da montadora admite que há grandes desafios pela frente. Previa-se que o sindicato United Automobile Workers fosse anunciar ainda ontem que rejeita o acordo com a Ford, que proíbe os trabalhadores de entrar em greve e congela aumentos de salários até 2015. A GM e a Chrysler conseguiram fechar acordos semelhantes com o sindicato. A Ford conseguiu fechar um acordo no final de semana com seus 7 mil trabalhadores sindicalizados no Canadá. A empresa também tem pesados vencimentos de dívida em 2010 e 2011, maiores do que os da GM e da Chrysler.Os programas de incentivo do governo como o "cash for clunckers", adotados em vários países, estão acabando, e já se vê impacto sobre as vendas. A recuperação econômica nos Estados Unidos está bastante lenta e as vendas na Rússia tiveram queda histórica."A empresa confia na recuperação global, mas a perspectiva de crescimento no curto prazo continua muito incerta", disse Mulally. "Em 2010, há grandes chances de queda substancial nos volumes na Europa, que podem anular os ganhos esperados nos Estados Unidos."O diretor financeiro da Ford, Lewis Booth, afirmou que a empresa não vai saber até o ano que vem qual será o impacto do fim do "cash for clunkers". Segundo ele, a montadora continua negociando a venda da Volvo para a chinesa Geely.

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