Francischini deixa cargo de secretário de Segurança do Paraná

Apontado como um dos principais responsáveis pelo confronto que deixou mais de 200 feridos, ele era criticado até por tucanos

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Por Julio Cesar Lima
Atualização:
Fernando Francischini chegou a dizer que cuidava 'apenas da gestão da Segurança' e que as operações de campo eram responsabilidade da PM Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Atualizada às 21h03 CURITIBA  - Nove dias após a ação da Polícia Militar que deixou 213 professores e 21 policiais feridos em Curitiba, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Francischini, entregou o cargo. Nesta semana, há haviam deixado o governo o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, e o comandante da PM, Cesar Kogut. Nesta sexta-feira, 8, o governador Beto Richa (PSDB) se manifestou pela primeira vez sobre o episódio, por carta pública, e lamentou o conflito. “O silêncio que guardei nos últimos dias serviu para uma reflexão profunda sobre os acontecimentos do dia 29 de abril, na Praça Nossa Senhora de Salete, em Curitiba. Depois disso, adotamos uma série de medidas, que incluiu a troca de secretários e mudanças na legislação... Por tudo isso, peço humildemente a sua compreensão. O Paraná precisa do esforço e do compromisso de cada um de nós para seguir adiante. Vamos virar a página do ‘quanto pior, melhor...’”, afirmou, em nota divulgada nas redes sociais. Considerado uma das peças-chave do conflito, Fernando Francischini disse, em entrevista coletiva cinco dias após os conflitos, que a responsabilidade das ações de campo caberia à Polícia Militar. Isso irritou a corporação e seu desgaste aumentou após a divulgação de uma carta pública com críticas do comandante-geral da PM, Cesar Kogut. No texto, o coronel afirmou que Francischini participou de todo o planejamento das operações e tinha conhecimentos dos desdobramentos. “O senhor secretário de Segurança Pública foi alertado inúmeras vezes pelo comando da tropa empregada e pelo comandante-geral sobre os possíveis desdobramentos durante a ação e que, mesmo sendo utilizadas as técnicas internacionalmente reconhecidas como as indicadas para a situação, pessoas poderiam sofrer ferimentos, como realmente ocorreu, tendo sido vítimas manifestantes e policiais militares empregados na operação...”, afirmou Kogut, em trecho de carta enviada a Richa. Francischini, por sua vez, também entregou uma carta para o governador, onde lista algumas ações da secretaria, apresenta números de apreensões de drogas e assume responsabilidade sobre os confrontos. “Finalizo assumindo novamente e publicamente todas as minhas responsabilidades, na atuação policial nas últimas operações, apoiando o trabalho da tropa. No entanto, ressalto que, mesmo com as reações adversas, continuo defendendo uma apuração rigorosa tanto da polícia quanto do Ministério Público para que ao final a verdade prevaleça.” Para a vaga de Francischini, que voltará à Câmara dos Deputados, em Brasília, assumiu interinamente o delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita de Oliveira.  MP e ministério. Apesar da saída, Kogut e Francischini, além do governador Beto Richa, devem dar explicações ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que abriu inquérito para apurar as responsabilidades sobre os excessos cometidos durante os confrontos. O MP continua ouvindo depoimentos de pessoas que estiveram no Centro Cívico no dia 29. Até esta sexta, cem pessoas haviam prestado depoimentos e foram gravados 180 vídeos de testemunhas. O ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Pepe Vargas, disse nesta sexta que a ouvidoria da secretaria já recebeu 18 denúncias de violações de direitos humanos na ação da Polícia Militar do Paraná. “Nós deslocamos nossa ouvidora nacional para o Paraná e ela deve trazer um relatório mais completo.” Segundo Vargas, ele e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, haviam alertado o governo paranaense sobre o risco de confrontos um dia antes da ação da PM. / COLABOROU ANA FERNANDES

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