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Gripe leva turista a trocar frio argentino por calor do Nordeste

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Por FABIO MURAKAWA

O agravamento da gripe H1N1 na Argentina tem levado turistas brasileiros a alterar a rota de suas férias e buscar saídas dentro do próprio país, como as praias do Nordeste ou a Serra Gaúcha, avaliam autoridades e representantes do setor. "Nós estamos tendo muito pouco impacto dentro do Brasil. Agora, aquelas empresas que dependem desses mercados, uma empresa que só vende Argentina e só vende México, essas tiveram mais dificuldade", disse o ministro Luiz Barretto, durante o 4o Salão de Turismo, em São Paulo. Os primeiros casos da doença foram diagnosticados no México e Estados Unidos, países mais afetados pela gripe, que acabou se disseminando pelo mundo. Segundo o ministro, a queda na procura por pacotes para os países mais afetados pela gripe H1N1 vai aumentar a busca por alguns destinos dentro do país, como Campos de Jordão e a Serra Gaúcha, vistos como substitutos para quem procura o frio da Argentina. "Eu não gosto de lucrar com a desgraça dos outros, mas isso vai acabar acontecendo", afirmou. Operadores presentes no evento relatam uma drástica queda na procura por pacotes sobretudo para a Argentina - país que registrou até a quarta-feira 1.587 casos da doença, com entre 43 e 44 mortes confirmadas. Devido ao surto da doença, foi decretada emergência sanitária na capital argentina na terça-feira. Aulas foram suspensas nas províncias de Buenos Aires, onde vive um quarto da população argentina, de Santa Fé, San Luís e Santiago del Estero. Essas notícias, somadas à recomendação feita pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de que idosos, crianças e pessoas com baixa imunidade adiem viagens para países como Chile e Argentina, tiveram reflexos imediatos nos negócios das operadoras. O Chile, que contabilizou cerca 7.300 pessoas infectadas, é o país com maior número de casos na América do Sul. CANCELAMENTOS "Desde a última segunda-feira começou a haver um número maior de cancelamentos, hoje é uma realidade", disse o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem, Carlos Alberto Amorim Ferreira. Segundo ele, cerca de 300 mil brasileiros viajam à Argentina nesta temporada de inverno, representando aproximadamente 25 por cento do total de turistas brasileiros que viajam ao exterior nessa época. Desse total, de 40 mil a 50 mil procuram a neve de Bariloche. "A gente entende que o maior problema (da infecção) é em Buenos Aires, não em Bariloche. Mas como as notícias falam em Argentina, é claro que está afetando toda a temporada de inverno, de neve", afirmou. De acordo com Ferreira, as agências tentam minimizar o problema dos cancelamentos ao oferecer ao cliente pacotes alternativos. "Não é assim tão simples oferecer um outro pacote, porque quem quer ver neve nas férias quer ver neve, não tem substituto", disse. "Mas acreditamos que o pior dos mundos é não viajar." Segundo o supervisor comercial da Visual Turismo, Sérgio Bueno de Oliveira, a gripe fez cair pela metade a procura por pacotes para a Argentina. Segundo ele, boa parte dos clientes que já haviam fechado negócio trocou as férias para o Nordeste. "O turista está trocando o frio de Buenos Aires pelo calor do Nordeste", afirmou. Já a supervisora de operações da agência Pomp Tur, Marina Gomes Figueiredo, descreveu um quadro mais radical. "A procura por Buenos Aires caiu a zero, e as vendas já efetuadas estão praticamente todas canceladas", disse ela. O presidente da CVC Turismo, Valter Patriani, afirmou que não houve um número expressivo de cancelamentos de viagens à Argentina por parte de seus clientes, mas reconheceu uma queda de 15 a 20 por cento nas vendas de pacotes para o país. Já as vendas de pacotes para o Chile caíram 10 por cento, segundo ele. Patriani acredita, no entanto, que a CVC encerrará o ano com os mesmos 150 mil turistas que leva todos os anos para o país vizinho - o principal destino internacional da empresa. "As pessoas sabem que essa gripe é do mundo, não só da Argentina. Não vai mudar nada, logo volta tudo ao normal." A Argentina está em terceiro lugar em número de mortes no mundo, atrás de EUA e México. Preocupado com o alto índice de letalidade registrado no país vizinho, o Ministério da Saúde brasileiro pediu informações à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre a epidemia do vírus na Argentina. O Ministério da Saúde informou nesta quinta-feira que o Brasil, onde foi registrada uma morte, tem 737 casos da doença, segundo os últimos dados. (Edição de Maria Pia Palermo e Tatiana Ramil)

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