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Opinião|Consciência digital

Atualmente, ser consciente do potencial que os recursos tecnológicos conferem ao seu universo profissional se tornou tão importante quanto qualquer hard ou soft skill ensinada nos tradicionais cursos de carreira

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Atualização:

Após mais de 110 dias do primeiro caso confirmado de covid-19 no Brasil, certamente não é preciso lhe falar sobre como essa pandemia está mudando o mundo. Os efeitos estão em todo lugar, na maneira como trabalhamos à forma como nos divertimos.

Entre essas consequências, há uma bastante evidente: a digitalização. O e-commerce brasileiro ganhou 4 milhões de novos clientes nessa quarentena. Na China, que já era familiarizada com o mercado online, um formato diferente ganhou força: o shop streaming. Nele, você compra em tempo real durante uma transmissão ao vivo pela internet. Várias empresas aderiram às lives do Taobao, o site de comércio eletrônico do Alibaba, para venderem seus produtos. Além disso, o aumento de reuniões por videoconferência fez o valor de mercado do Zoom superar o das 7 maiores companhias aéreas do mundo. A demanda crescente por serviços digitais levou o preço das ações da Apple, Amazon, Microsoft e Facebook às suas máximas históricas. Sem contar o boom visto no ensino à distância, no entretenimento virtual, na telemedicina, no uso de ferramentas em nuvem, nas plataformas de delivery e por aí vai.

Apesar de problemas, Zoom hoje já vale mais que as sete maiores companhias aéreas do mundo Foto: Albert Gea/Reuters

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Em função disso, uma nova competência passa a ser exigida: a consciência digital. O ser humano, enquanto espécie, é analógico por natureza. Pensamos sobre as coisas de forma linear. Suponha, por exemplo, que o seu passo mede 1 metro. Se eu pedir para você dar 30 passos lineares – 1, 2, 3, 4, 5, 6 e assim por diante – é fácil dizer que a sua distância será de 30 metros após o 30º passo. E que você estará a 5, 10 e 15 metros após 5, 10 e 15 passos, respectivamente. É assim que a maioria dos indivíduos pensa. Se há um vendedor que produz R$ 1 milhão por mês, dois vendedores produzirão 2 milhões, três produzirão 3 milhões. Uma mente não-digital raciocina desse jeito.

Mas a característica exponencial das soluções digitais desafia essa forma linear de projetar o futuro. Caso eu pedisse, agora, para você dar 30 passos exponenciais, ou seja: 1, 2, 4, 8, 16, 32, 64... O que aconteceria? Qual seria a sua posição após dobrar 30 vezes seguidas o passo imediatamente anterior? Bem, no trigésimo passo, poucos percebem que o passo seguinte os distanciaria 1 bilhão de metros do ponto inicial e que isso seria suficiente para dar 26 voltas no planeta Terra. Se entender a diferença entre o pensamento linear – que nos move 30 metros – e o comportamento digital – que nos faz circular a Terra várias vezes – já era importante antes do coronavírus, hoje é muito mais.

Assim, o online potencializa o offline. O digital fortalece o analógico. Atualmente, ser consciente do potencial que os recursos tecnológicos conferem ao seu universo profissional se tornou tão importante quanto qualquer hard ou soft skill ensinada nos tradicionais cursos de carreira.É SÓCIO DA EMPRESA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA STARTSE

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Opinião por Maurício Benvenutti
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