Morre A. P. Quartim de Moraes, editorialista do ‘Estadão’ que fez carreira nas artes e na política

Jornalista ficou conhecido também pela editoração de livros e pelo lançamento de uma obra em que conta a história do teatro durante a ditadura militar

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Foto do author Rubens Anater
Por Rubens Anater
Atualização:

O jornalista e editor Alberto Parahyba Quartim de Moraes, de 81 anos, reconhecido como um dos articulistas e editorialistas do Estadão, morreu na tarde deste domingo, 4, em razão de um câncer de estômago, com o qual lutou nos últimos anos.

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Além de sua passagem marcante pelo jornal, Moraes teve uma vida profissional intensa, trabalhando com editoração de livros, publicidade, teatro e política. Ele se tornou jornalista do Estadão nos anos 1960 e teve uma carreira rápida, iniciando como repórter de Política e se tornando editor e chefe de reportagem em poucos anos. Ao deixar o jornal, continuou atuando com jornalismo político, tanto em Brasília quanto em São Paulo.

Seu conhecimento nesse cenário e seu trabalho também na vida sindical, contestando a ditadura militar, renderam-lhe um espaço na chefia da campanha de André Franco Montoro ao governo do Estado de São Paulo, em 1982. Com Montoro eleito, Moraes tornou-se secretário de Comunicação.

Ao sair do governo, montou sua própria empresa de divulgação e começou a ter um grande contato com o mundo do teatro, tornando-se conceituado como estudioso e entusiasta do teatro brasileiro.

Jornalista e editor foi um dos articulistas e editorialistas do Estadão Foto: Christina Rufatto/Estadão - 09/03/2017

Moraes atuou também na criação e nos primeiros sete anos da Editora Senac, entre 1995 e 2002. “Ele teve uma longa carreira e lançou pelo menos 50 livros de edição dele, teve um sucesso reconhecido”, conta o jornalista Raul Bastos, amigo e ex-colega de Moraes no Estadão. Depois do Senac, Moraes reformulou a Editora Codex e trabalhou para várias outras editoras.

O jornalista lançou também seu próprio livro, em 2018. Em Anos de chumbo: o teatro brasileiro na cena de 1968, ele narrou como diferentes grupos e movimentos teatrais enfrentaram o recrudescimento do regime militar com o lançamento do Ato Institucional n.º 5 (AI-5).

“Ele teve uma carreira importante, tanto como jornalista, articulista, editorialista, secretário de Estado, editor e pelo trabalho dele na área do teatro. O livro dele é uma expressão dessa militância que ele teve no teatro e em todas essas faces da sua vida”, relata Lourenço Dantas Mota, outro colega dos primeiros anos em que Moraes esteve no Estadão e amigo de longa data.

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Depois de atuar com literatura, teatro e governo, Moraes finalmente voltou ao Estadão. Dessa vez convidado para atuar como editorialista de opinião, e fez parte da equipe de articulistas até recentemente.

“Era uma pessoa de trato fácil, embora tivesse opiniões que defendia com vigor. Uma pessoa que atuou muito no combate à ditadura, em frentes que não são as mais conhecidas, que teve uma relação muito vasta no mundo político, eleitoral, e que foi, particularmente um dos meus melhores amigos, há 50 e tantos anos”, lembra Raul Bastos.

Moraes era casado com Mônica, pai de Carlos Felipe e Maria Eduarda e deixa cinco netas. O velório vai ser na Vila Alpina, em São Paulo, a partir das 8 horas desta segunda-feira, 5.

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