Papa Bento XVI revela motivo de sua renúncia em carta; entenda

Na época, o médico pessoal do pontífice prescreveu remédios, que a princípio permitiram que Bento XVI mantivesse sua carga de trabalho. Mas, de acordo com ele, as pílulas começaram a perder o efeito

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Por Redação

BERLIM - A insônia do papa Bento XVI foi o “motivo central” da sua renúncia em 2013, segundo o próprio pontífice revelou em uma carta dirigida semanas antes da sua morte ao seu biógrafo, conforme divulgação na sexta-feira, 27, pela revista alemã Focus.

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O papa emérito, falecido em 31 de dezembro aos 95 anos, enviou uma carta em 28 de outubro ao seu biógrafo, o alemão Peter Seewald.

No documento, Joseph Ratzinger explica que “o motivo central” da sua renúncia à chefia da Igreja Católica em fevereiro de 2013 foi “a insônia que o acompanhava ininterruptamente desde as Jornadas Mundiais da Juventude de Colônia”, em agosto de 2005, meses depois de suceder João Paulo II.

Na época, o médico pessoal do pontífice prescreveu “remédios potentes”, que a princípio permitiram que Bento XVI mantivesse sua carga de trabalho. Mas, de acordo com o papa emérito, as pílulas para dormir começaram a perder o efeito.

Tomar medicamentos para dormir também teria causado um incidente durante uma viagem ao México e a Cuba em março de 2012.

Na manhã seguinte à primeira noite da viagem, Bento XVI descobriu que seu lenço estava “totalmente encharcado de sangue”, segundo a carta citada por Focus. “Devo ter me batido em algum lugar do banheiro e caí”, escreveu o pontífice.

A insônia do papa Bento XVI foi o “motivo central” da sua renúncia em 2013, segundo o próprio pontífice revelou em uma carta dirigida semanas antes da sua morte ao seu biógrafo, o alemão Peter Seewald.  Foto: Celso Júnior/AE

O médico fez com que as feridas não ficassem visíveis, e um novo médico pessoal insistiu, após o incidente, que as pílulas para dormir do papa alemão fossem reduzidas. Da mesma forma, aconselhou-o a participar somente de eventos pela manhã durante suas viagens ao exterior.

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Na carta, Ratzinger disse ainda estar ciente de que essas restrições médicas “só seriam possíveis por um curto período de tempo.”

Essa constatação o levou a anunciar sua renúncia em fevereiro de 2013, meses antes das Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro. Desta forma, renunciou com antecedência suficiente para que seu sucessor, o papa Francisco, pudesse cumprir a visita ao Brasil.

O papa emérito Bento XVI, que surpreendeu o mundo com sua renúncia, morreu no mosteiro dos jardins do Vaticano onde viveu aposentado.

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Seu pontificado foi marcado por inúmeras crises, como o escândalo Vatileaks em 2012, que expôs uma ampla rede de corrupção no Vaticano ou os casos de abuso sexual de menores cometidos por religiosos em vários países do mundo. /AFP

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