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Pesquisas boca-de-urna indicam liderança de Lugo no Paraguai

Dois levantamentos colocam político da oposição na frente na eleição deste domingo.

Por Marcia Carmo
Atualização:

Duas pesquisas de boca-de-urna sugerem que o presidenciável Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol), foi o mais votado nas eleições realizadas neste domingo no Paraguai. De acordo com levantamento divulgado pela televisão Telefuturo e pelo jornal Ultima Hora, Lugo obteve 40,1% dos votos. Pela pesquisa, a candidata do governo Blanca Ovelar, do Partido Colorado, teria recebido 37,2%. Lino Oviedo, da UNACE, teria recebido 16,9% da votação, e Pedro Fadul, da Pátria Querida, estaria com 2,3% dos votos, de acordo com a pesquisa. Outra pesquisa de boca de urna divulgada pelo jornal ABC Color e pela radio Ñanduti também indica a liderança de Lugo, com 43,37% dos votos, seguido por Ovelar (37%), Oviedo (16,4%) e Fadul (3%). A votação foi encerrada no Paraguai às 17h (16h no horário de Brasília). Incidentes A quinta eleição presidencial no Paraguai desde o início do período democrático em 1993 foi marcada pela tranqüilidade geral, com alto índice de participação. Observadores internacionais acreditam que o índice de comparecimento às urnas pode chegar a até 65%. Apesar do clima calmo, alguns incidentes foram registrados. O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), em Assunção, foi alvo de ameaça de bombas, mas nada foi encontrado no prédio. A presidente da ONG Transparência Internacional, Pilar Callizo, disse à televisão Telefuturo que a entidade recebeu denúncias de compra de votos e cédulas marcadas previamente. "O problema é que os eleitores reclamam imediatamente, no mesmo local de votação, mas os policiais têm medo de atuar contra as irregularidades do Partido Colorado", afirmou. Na rádio Uno, os apresentadores disseram ter recebido denúncias de que eleitores estariam fotografando seus votos com aparelhos celulares. O registro fotográfico seria usado para receberem pagamentos. Em alguns casos, como no colégio Santa Ana, de Assunção, a polícia dispersou a fila de eleitores ao receber denúncias de irregularidades. Em um colégio que foi visitado pelo candidato Fernando Lugo, da Aliança Patriótica para a Mudança, a polícia usou gás lacrimogêneo, segundo a emissora de televisão Cerro Cora, para "tranqüilizar os ânimos". Até o final da votação, os meios de comunicação não puderam divulgar dados de boca-de-urna, por determinação da Justiça Eleitoral. Os principais meios - como os jornais Ultima Hora e ABC Color, a televisão Telefuturo e a rádio Ñanduti - divulgaram parciais de boca-de-urna, revelando apenas os percentuais, mas não os nomes dos candidatos. A curiosa divulgação dos dados foi criticada por fiscais da Justiça. Devido protestos da oposição, a Justiça Eleitoral decidiu realizar as eleições deste ano com cédulas de papel, abolindo as urnas eletrônicas brasileiras, que foram usadas no pleito de 2003. Farpas O dia de votação também foi marcado pela troca de farpas entre políticos do Partido Colorado. Na fila de votação, o ex-vice-presidente do atual governo, Luis Castiglioni, criticou seu partido, cuja candidata presidencial é a ex-ministra da Educação, Blanca Ovelar. "Vamos curar o Partido Colorado. O nosso movimento 'Vanguarda' vai dar um jeito na nossa legenda", disse. Castiglioni disputou a interna do partido com Ovelar e denunciou fraudes no processo. Suas declarações neste domingo agitaram a cúpula do partido que está há 61 anos ininterruptos no poder e, pela primeira vez, tem sua hegemonia ameaçada por candidaturas opositoras. "Ele não podia ter dito isso no meio da votação. Isso é atentar contra o nosso partido, contra a votação que poderemos ter nas urnas", disse Juan Carlos Alderete, presidente da legenda. "Castiglioni não pode achar que é o herói, o dono dos nossos princípios colorados", afirmou Ovelar. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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