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Polícia indicia dois pela morte de quatro jovens dentro de BMW em Santa Catarina

Grupo foi a rodoviária aguardar namorada de um deles, que chegava de Minas, e passou mal após ficar no veículo com vidros fechados e ar condicionado ligado

Por Fabio Grellet
Atualização:

A Polícia Civil de Santa Catarina indiciou duas pessoas pela morte de quatro jovens que permaneceram dentro de um carro da marca BMW, com os vidros fechados e o ar condicionado ligado, na rodoviária de Balneário Camboriú, no dia 1 de janeiro.

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Segundo o inquérito, eles inalaram monóxido de carbono, gás que não tem cheiro e mata, devido a um defeito em serviço de customização realizado por uma oficina mecânica de Aparecida de Goiânia, em Goiás. O dono e um funcionário dessa oficina foram indiciados por quatro homicídios culposos (não intencionais). A reportagem tenta localizar a defesa dos dois.

Os quatro jovens - Gustavo Pereira Silveira Elias , de 24 anos, Tiago de Lima Ribeiro, de 21, Karla Aparecida dos Santos, de 19, e Nicolas Kovaleski, de 16 anos – eram da cidade mineira de Paracatu, mas moravam havia cerca de um mês em São José, município da região metropolitana de Florianópolis, com familiares.

Os quatro foram à rodoviária de Balneário Camboriú no dia 1 de janeiro para buscar a namorada de Gustavo, uma jovem de 19 anos que mora em Minas e viajou de ônibus até Santa Catarina.

O grupo permaneceu no carro aguardando a jovem, com os vidros fechados e o ar condicionado ligado. Quando ela chegou, eles relataram enjoos e mal-estar, e decidiram ficar no veículo por mais algum tempo. Ela ficou fora, e constatou que o grupo só piorava. Então pediu ajuda à polícia. O grupo foi socorrido, mas morreu.

A BMW onde os quatro jovens morreram: segundo a polícia, customização feita em oficina mecânica de Goiás causou intoxicação por monóxido de carbono Foto: PM-SC

A Polícia Civil constatou que uma customização realizada em uma oficina de Aparecida de Goiânia para tornar o carro mais potente e com maior ruído causou o problema, porque uma peça se rompeu e o monóxido de carbono produzido pelo motor, em vez de sair pelo escapamento, ingressou no carro pelos dutos do ar condicionado.

“A investigação apontou que a peça que rompeu foi instalada em julho de 2023, e que o serviço foi realizado por um indivíduo sem qualquer formação técnica, e sob a supervisão e controle do proprietário do estabelecimento”, registrou a Polícia Civil.

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Quando a pessoa inala o monóxido de carbono, o oxigênio e o hidrogênio existentes no sangue são substituídos pelo gás. Os primeiros sintomas de intoxicação são irritação nos olhos, dor de cabeça, náuseas, vômitos e tonturas. Segundo a perícia, os corpos apresentaram saturação de monóxido de carbono de 50% - com 40% o gás já pode causar morte.

Foram indiciados por quatro homicídios culposos o dono da oficina, de 35 anos, e um funcionário, de 48 anos. O Estadão tenta falar com a defesa dos indiciados.

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