O PR oficializa até o começo de abril a posição que o partido adotará em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff, disse o presidente da sigla, senador Alfredo Nascimento (AM), nesta terça-feira. Enquanto Nascimento dizia a jornalistas que uma posição formal deve ser tomada em reunião da Executiva Nacional do partido, que será realizada entre o final de março e o começo de abril, a bancada do PR na Câmara se reunia para decidir se segue o exemplo dos senadores da legenda, que na semana passada anunciaram sua ida para a oposição. "O partido vai criar uma regra. Executiva será soberana", afirmou Nascimento. A saída de Nascimento do comando do Ministério dos Transportes em julho do ano passado em meio a denúncias de irregularidades foi o estopim para a deterioração da relação entre a legenda e o governo e, na época, a sigla anunciou que atuaria de forma independente no Congresso. Desde então, as ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) mantiveram diálogo com membros do PR para que eles voltassem à base aliada, mas na semana passada os senadores disseram que não havia mais espaço para negociação. Nascimento diz que "nada é irreversível na política", mas admite que a relação difícil do partido com o governo federal está contaminando a posição dos diretórios regionais da legenda. O partido reivindica, principalmente, voltar ao comando da pasta dos Transportes pois não reconhece o atual titular, Paulo Sérgio Passos, como representante da sigla, apesar de ele ser filiado ao PR. Também nesta terça, Nascimento anunciou que o partido não mencionará o governo federal nas inserções de TV a que tem direito a partir de maio. O PR terá 40 inserções, de 30 segundos, na TV entre maio e junho e elas serão destinadas a dar publicidade às ações regionais do partido visando as eleições municipais. "Em função dos desencontros com governo federal, nós passamos a voltar a atenção aos Estados e municípios", disse o presidente do PR. Apesar do crescente tensionamento com o Palácio do Planalto verbalizado por líderes do PR desde o ano passado, quando anunciou posição de independência, parlamentares da legenda por muitas vezes votaram de acordo com a orientação do Executivo tanto na Câmara como no Senado. O PR não é a única legenda da base aliada que tem mostrado descontentamento com o governo Dilma. Outros partidos, como PSC e PTB, estão se reunindo para decidir como atuarão no Congresso após não verem seus pedidos por maior espaço na estrutura federal atendidos. Além disso, a presidente enfrenta focos de tensão no PMDB, maior partido da coalizão. Na Câmara deputados peemedebistas já fizeram até um manifesto reclamando do tratamento do governo. No Senado, o governo sofreu derrota recente com a não-recondução de Bernardo Figueiredo ao comando da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Somados, os votos de senadores do PMDB e do PT, partido de Dilma, seriam capazes de garantir a recondução. (Reportagem de Jeferson Ribeiro)
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