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Preso ex-cabo eleitoral de Maluf

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Por Agencia Estado
Atualização:

Silvio Rocha de Oliveira, homem influente, que dizia ser dono de um segredo capaz de fazer tremer o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), está atrás das grades. Sua prisão - ontem, às 21 horas - foi feita por policiais militares que estavam em patrulhamento na região de Artur Alvim, na zona leste da capital paulista. Eles desconfiaram de Rocha, resolveram revistá-lo e pediram seus documentos. Entraram em contato com a central da polícia. Pouco depois, receberam a confirmação: era um homem procurado pela Justiça. Só então souberam que o preso era um dos condenados por formação de quadrilha no processo da máfia dos fiscais da Prefeitura de São Paulo, que também levou à prisão o então vereador Vicente Viscome. Rocha estava foragido desde 13 de junho, quando a 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça confirmou a condenação que recebera da 8ª Vara Criminal, em 2000, da qual ele recebera o direito de recorrer em liberdade. Cabo eleitoral de Maluf, Rocha era ligado a movimentos de moradia popular da zona leste que fizeram oposição à prefeita Luiza Erundina (então no PT). Na gestão do sucessor de Maluf na Prefeitura, Celso Pitta (PSL), ele foi contratado pela Empresa de Processamento de Dados do Município (Prodam). Foi lotado na então Administração Regional da Penha (AR-Penha), área de influência de Viscome na administração Pitta. Sigiloso Em plena campanha eleitoral para o governo do Estado, em 1998, ele procurou o Ministério Público Estadual (MPE) para prestar um depoimento sigiloso e contar o tal segredo. Rocha afirmou que Maluf, então candidato ao governo estadual, mantivera relações sexuais com sua filha e era o pai de sua neta - o que foi desmentido mais tarde por meio de exame de DNA. Com o escândalo da máfia dos fiscais, seu nome foi envolvido no esquema de corrupção da AR-Penha, ao lado de outros 14 réus. A condenação definitiva veio neste ano. Na mesma decisão, o TJ reduziu a pena de Viscome de 16 para 12 anos, absolveu um dos réus e diminuiu a pena de outros dois. Manteve, porém, a condenação de Rocha e de Tânia de Paula, ex-namorada de Viscome, que denunciou o esquema de corrupção na regional. Tânia foi presa em julho, em sua casa, na Vila Dalila, na zona leste. Ela disse que não acreditava que a polícia ainda estivesse atrás dela. A exemplo de Tânia, Rocha parece não ter mudado sua rotina após a condenação. Continuou vivendo em São Paulo e, ontem à noite, foi visitar sua mãe. Logo depois de sair da casa dela, foi abordado pelos policiais militares, na Rua Desembargador Carneiro Ribeiro, na Vila Santa Teresa, zona leste. Identificado, terminou levado ao 65.º Distrito Policial. Disse ao delegado Milton Borges Feitosa que era inocente e não cometeu crime nenhum. Rocha afirmou ainda que a sentença é injusta, pois não levou em conta o fato de ele ser réu primário e ter bons antecedentes. Rocha foi colocado em uma cela de cerca de oito metros quadrados. Vai permanecer lá, à espera de uma vaga no sistema prisional, pois a cadeia do 65.º DP é reservada para presos provisórios e não abriga condenados pela Justiça.

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