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'Rainha dos garis' ganha a vida como carpideira

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Por CAROLINA FREITAS
Atualização:

Durante o resto do ano, Itha Rocha, 57 anos, é carpideira - ganha a vida chorando em velório de quem nem conhece. No carnaval, ela abre o sorriso e se transforma, há 11 anos, na rainha dos garis. Mal pisou no sambódromo do Anhembi ontem para a primeira noite do desfile do Grupo Especial, Itha foi saudada com o coro de "rainha" pelos garis. Com uma mala com sete figurinos em uma mão e uma vassoura dourada em outra, Itha diz que este ano vai homenagear uma irmã que faleceu na quarta-feira. "Ela amava carnaval. Nada melhor do que lembrar dela sambando", explica. Itha jura que não se influencia pelo clima triste do seu "ambiente de trabalho" durante o ano. "Quem está morrendo, está é levando vantagem", afirma. A ideia de desfilar junto com o grupo de garis que varre a avenida após o desfile de cada escola surgiu da vontade de Itha de homenagear esses trabalhadores. "Eles mereciam, como toda escola de samba, uma rainha, mas não podia ser uma dessas ''fininhas'', pois não daria conta do batente", diz. "Em três dias de desfile, vou e volto 64 vezes. Há três anos, a rainha conta com dois mestres-salas, Júlio Brasilândia, de 26 anos, e José Petrucio, de 39 anos. Os dois garis se dizem honrados por terem também uma madrinha. Itha tem um figurino para cada escola que passará pelo sambódromo nestes três dias de folia e tudo é preparado pela professora Samara Lamana, de 40 anos, que se encantou pelo personagem de Itha e se ofereceu para costurar as roupas da rainha dos garis. "Cada fantasia tem a cor de uma escola e pelo menos um adereço que foi usado no desfile", diz Samara. "E o salto das sandálias da rainha vai diminuindo ao longo da noite." Mas, para o último desfile da noite, Itha volta a usar o salto mais alto de todos. "É para fechar com chave de ouro", explica a rainha.

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