Cerca de 200 integrantes dos Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Pequenos Agricultores (MPA) invadiram hoje uma propriedade rural da Aracruz Celulose, em Canguçu, na região sul do Rio Grande do Sul. O grupo afirmou que a ocupação é uma "denúncia" contra as facilidades concedidas às plantações de eucalipto, enquanto há atrasos no cronograma de assentamento de 2 mil famílias no Estado. Também revelou a intenção de não ficar muito tempo no local, limitando a ocupação ao protesto. Mesmo assim, permanecia na fazenda até a noite de hoje. A Aracruz Celulose anunciou que pedirá a reintegração de posse à Justiça. Segundo o líder Neiva Vivian, da Coordenação Estadual do MST, a ocupação é um dos atos que os sem-terra e pequenos agricultores promovem na região para denunciar o avanço das monoculturas florestais em terras que poderiam ser destinadas à reforma agrária. "Essa área seria mais bem utilizada produzindo alimentos", afirmou, referindo-se à fazenda de 833 hectares, que a empresa pretende usar para o plantio de eucalipto. Amanhã, o MST e o MPA montarão um acampamento dentro de um assentamento na região, onde promoverão um debate sobre as diferenças entre o uso da terra proposto pelo agronegócio e pela agricultura familiar. Pelo menos parte dos invasores deve deixar a fazenda da Aracruz para participar das outras duas atividades, a poucos quilômetros de distância. O MST considera o novo acampamento como estratégico, pela localização, em município que tem pequenas propriedades rurais e para onde as plantações de eucalipto da indústria da celulose avançam. "Daqui, poderemos pressionar as autoridades para que atendam às nossas reivindicações", afirmou Vivian.