Pesquisadores do Hospital da Criança, em Memphis, Tennesse, nos EUA, conseguiram produzir embriões de ratos a partir de células de um tumor cerebral clonadas. A pesquisa foi divulgada hoje na seção de notícias online da revista Nature. Segundo o pesquisador Tom Curran, a técnica empregada ? transferencia nuclear ? foi semelhante a usada para criar a ovelha Dolly, primeiro clone de um mamífero. A diferença está no material genético utilizado para enxertar a célula vazia. Na pesquisa, foi utilizado o DNA de uma célula de tumor maligno do cérebro. Esperava-se que a cultura celular resultasse em um tecido tumoral. No entanto, para a surpresa dos pesquisadores, um embrião se desenvolveu, apesar das mutações que o DNA de uma célula de tumor carrega. Agora, cientistas acreditam que o processo de clonagem apaga algumas mutações e restaura as funções originais dos genes na célula-tronco (primeiras células de um embrião que tem o poder de gerar qualquer tecido vivo), em um processo chamado de reprogramming. Essa mudança, segundo a revista pode ser ação de marcadores químicos reversíveis, ou ação de genes ativos, que se confundem no código genético original. Na fecundação, genes que expressam diferentes funções, vindos do pai ou da mãe, são ativados ou desativados, em um processo chamado imprinting. É como todas as luzes (genes) estivessem acesas, e no processo de fecundação alguns se tornam ativos e outros suprimidos. Ao clonar, os genes suprimidos podem ocupar a vaga dos genes ativos, mas mutantes. A esperança é que se desenvolvam remédios que ajudem a reprogramar os genes ativos e suprimidos em um célula de tumor.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.