Cientistas provam relação entre zika e problemas oculares

Quanto mais severa é a microcefalia, mais graves são os problemas, segundo estudo elaborado por brasileiros

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Por Fabio de Castro
Atualização:

SÃO PAULO - Depois de mostrar que um terço dos bebês com microcefalia causada pela zika tem problemas oculares, um grupo de cientistas brasileiros acaba de publicar um novo estudo que comprova definitivamente a relação entre a infecção pelo vírus e uma série de distúrbios graves nos olhos dos bebês. O novo estudo mostra, ainda, que, quanto menor o diâmetro da cabeça da criança, maior a chance de ter alterações graves nos olhos.

A pesquisa, liderada por Rubens Belfort Júnior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também teve participação de cientistas da Fundação Altino Ventura, do Recife. O estudo incluiu 40 crianças nascidas com microcefalia em Pernambuco, entre maio e dezembro de 2015.

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Segundo Berlfort Junior, das 40 crianças, 24 tiveram testes positivos para zika e 14 apresentaram problemas oculares. No cérebro das 14 crianças os cientistas encontraram o anticorpo IgM da zika - o que demonstra que elas tiveram infecção recente. De acordo com ele, em Pernambuco e na Bahia já há registros de mais de 200 crianças com microcefalia e lesões oculares.

“O estudo revelou pela primeira vez que essas crianças com alterações oculares de fato tinham microcefalia causada pela zika. Também conseguimos demonstrar que o risco de lesão ocular ocorre principalmente no primeiro trimestre de gravidez”, disse Belfort Junior ao Estado.

O mosquito 'Aedes aegypti' transmite dengue, zika e chikungunya Foto: Felipe Dana/AP Photo

Fatores de risco. Os pesquisadores também fizeram uma análise retrospectiva dos sintomas das mães durante as gestações. Durante o primeiro trimestre da gravidez, 20% tiveram dores nas articulações, 22% tiveram dor de cabeça forte e 70% relataram erupções na pele.

“Isso é importante porque mostra os fatores de risco para que a mãe tenha filhos com problemas oculares. O mais importante deles é a infecção no começo da gravidez”, disse o cientista. 

Segundo Belfort Junior, nenhuma das mães apresentou problemas oculares. “A doença é apenas do feto”, declarou. O pesquisador explicou que nos próximos estudos o grupo verificará a possibilidade de que crianças com zika possam ter lesões oculares de forma independente da lesão neurológica. “Por enquanto, todas as crianças que vimos com lesões oculares têm lesão neurológica.”

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