PUBLICIDADE

Como o Tiranossauro Rex desenvolveu a mordida que esmagava ossos de suas presas

Pesquisadores desenvolveram crânios 3D do dinossauro e demonstraram que eles foram desenvolvendo seus poderes de triturar ossos ao longo dos tempos

Por Jeanne Timmons

Se você já esteve na presença de um fóssil completo de Tiranossauro rex, não tem dúvida de que ele foi o maior predador de sua época. Os adultos eram enormes, com crânios gigantes e dentes serrilhados do tamanho de bananas. A força da mordida de um T. rex adulto tem sido objeto de numerosos estudos científicos, mas como ele desenvolveu essa mordida poderosa, que dominou a era dos dinossauros, continua sendo um mistério.

PUBLICIDADE

Em uma pesquisa publicada em setembro na revista The Anatomical Record, uma equipe de cientistas procurou compreender os arsenais orais das espécies de tiranossauros que rondaram as paisagens asiáticas e norte-americanas durante milhões de anos antes do T. rex.

Por meio da análise das forças de mordida e do estresse que toda essa força exercia sobre os crânios dos tiranossauros, os pesquisadores demonstraram que os tiranossauros foram desenvolvendo seus poderes de triturar ossos ao longo dos tempos. Eles também descobriram que, mesmo em sua forma juvenil, o T. rex podia dar uma mordida bem desagradável.

Tiranossauro rex desenvolveu sua potente mordida ao longo dos tempos, mostra nova pesquisa Foto: Mike Segar/Reuters

Não foi fácil para os pesquisadores construir modelos 3D de crânios de nove espécies de tiranossauros para análise. Evan Johnson-Ransom, doutoranda da Universidade de Chicago que liderou a pesquisa, disse que reconstruir crânios digitais de duas espécies asiáticas “demorou aproximadamente três meses, já que tivemos de trabalhar com espécimes achatados”.

Mas a equipe seguiu em frente e por fim descobriu que os focinhos dos tiranossauros tinham dois formatos básicos: mais finos, como nas formas anteriores de tiranossauros e no T. rex jovem; e mais robustos e pesados, como no T. rex adulto. Cada modelo 3D foi então submetido à análise de elementos finitos, uma técnica que determina a tensão e a deformação nas estruturas biológicas. Neste contexto, estresse se refere à quantidade de força exercida sobre os ossos do crânio, que eram capazes de suportar esforços extremos.

Sob estresse moderado a alto, os crânios “fazem muitas mordidas e muito trabalho pesado durante a alimentação”, disse Johnson-Ransom. Menor estresse indica que uma espécie de tiranossauro não mordia com tanta força quanto as outras.

Alguns dos resultados eram esperados: quanto maior a espécie de tiranossauro, maior a força da mordida.

Publicidade

Outros resultados foram mais surpreendentes: alguns dos primeiros tiranossauros de focinho fino apresentavam baixo estresse no crânio, sugerindo que “eles não mordiam com tanta força”, disse Johnson-Ransom. Mas quando um animal como o T. rex destroçava a presa com a sua mordida, a tensão no seu crânio era elevada.

Emily Rayfield, professora de paleobiologia da Universidade de Bristol, na Inglaterra, que não participou do estudo, elogiou os pesquisadores por superarem as limitações tecnológicas do passado com suas análises. Mas os resultados do T. rex a surpreenderam.

“Seus crânios mais largos têm mais músculos que fecham a mandíbula, o que significa que eles podem morder proporcionalmente mais forte”, disse ela, “mas seus crânios permanecem relativamente estressados como resultado”.

Antes de atingir a robustez na idade adulta, o T. rex jovem tinha um focinho fino. A nova pesquisa destacou como as capacidades alimentares de um jovem T. rex lhe permitiam ocupar um nicho ecológico diferente daquele que ocuparia na idade adulta, quando seu crânio e sua mordida poderiam atacar presas maiores.

PUBLICIDADE

Mas, mesmo quando jovem, mostrou o estudo, o T. rex tinha uma força muscular na mandíbula que podia produzir mordidas mais fortes do que qualquer um dos seus ancestrais tiranossauros não-rex. Era um predador poderoso, independentemente da idade.

Outros pesquisadores disseram que esta descoberta pode ser uma das partes mais valiosas do estudo.

“O tiranossauro adulto não existia no vácuo”, disse Thomas Holtz, paleontólogo de vertebrados da Universidade de Maryland que não participou da pesquisa. “Todo T. rex adulto teve de sobreviver primeiro como bebê e jovem, e o próprio Tiranossauro foi o produto de uma longa história evolutiva”.

Publicidade

Os autores esperam que seus métodos possam ser aplicados a outros dinossauros menos estudados. Johnson-Ransom já começou, mostrando na reunião de outubro da Sociedade de Paleontólogos de Vertebrados o que a análise de elementos finitos pode nos dizer sobre os espinossauros, enormes carnívoros que tinham grandes velas nas costas.

Este artigo foi originalmente publicado em The New York Times. /TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.