Vídeo: Foguete é lançado do Centro Espacial de Alcântara para experimento em microgravidade; entenda

Plataforma permite observar e explorar fenômenos e processos que seriam mascarados sob a influência da gravidade terrestre

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Por Renata Okumura
Atualização:

A Agência Espacial Brasileira (AEB) afirma que realizou com sucesso o lançamento do foguete VSB-30 do Centro Espacial de Alcântara, localizado no Maranhão, pela Operação Santa Branca. Enviado ao espaço no domingo, 23, às 14h20, o foguete levou a bordo o Modelo de Qualificação da Plataforma Suborbital de Microgravidade. O equipamento permite observar e explorar fenômenos e processos que seriam mascarados sob a influência da gravidade terrestre.

No lançamento suborbital – quando não se deixa nada no espaço –, o VSB-30 levou experimentos científicos até o ambiente de microgravidade – onde a gravidade é praticamente zero. No mesmo dia, o foguete fez uma parábola (voo de volta) e partes dele começaram a cair no mar. Essa etapa ocorre em estágios, com as partes caindo em locais previstos para serem localizadas pela equipe de resgate. A partir daí, iniciam-se as análises para observar como foi o comportamento dos experimentos no espaço.

Foguete VSB-30 é lançado com sucesso da Central Espacial de Alcântara, no Maranhão. Foto: Agência Espacial Brasileira (AEB)

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O foguete atingiu o apogeu com 4 minutos e 1 segundo, já com altitude de 227 km, totalizando um voo de 7 minutos e 44 segundos. A carga útil caiu a 185 quilômetros da costa e militares da Força Aérea Brasileira (FAB) especializados neste tipo de missão, a bordo de helicópteros, fizeram o resgate.

“O voo ocorreu perfeitamente, demonstrando, mais uma vez, a confiabilidade deste foguete e a qualidade desta plataforma de experimentos que permite aos pesquisadores e empresas brasileiras realizarem em um ambiente chamado de microgravidade experimentos como o desenvolvimento de ligas metálicas especiais, o desenvolvimento de fármacos ou outros produtos”, afirma Carlos Moura, presidente da AEB. Os pesquisadores farão agora a análise dos resultados.

Militares da FAB, especializados neste tipo de missão, a bordo de helicópteros, fizeram resgate da carga. Foto: Sargento Figueira/Cecomsaer

Segundo a AEB, houve intensos esforços de desenvolvimento de tecnologia no mercado nacional para permitir a realização de experimentos nessas condições.

“O Brasil também poderá prover ao mundo, de forma autônoma, serviços de experimentação em ambiente de microgravidade, usando o Centro Espacial de Alcântara, o VSB-30 e a PSM. Abriremos, também, um mercado para a indústria espacial brasileira, para os empreendedores e para as Instituições de Ciência e Tecnologia”, acrescenta Moura.

Com produção brasileira e carga útil 100% nacional, o VSB-30 é um foguete da família sonda, que possui estágios à propulsão sólida, estabilizado rotacionalmente e com a capacidade de transportar cargas de até 400 kg, em altitudes na faixa de 270 km. Neste lançamento, foi embarcado um conjunto de instrumentos para a avaliação do desempenho do voo e o experimento científico “Forno Multiusuários”, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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A plataforma foi desenvolvida por meio de uma parceria entre a AEB, a empresa Orbital Engenharia, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE).

O Programa Microgravidade foi criado em outubro de 1998 e sua última reestruturação ocorreu em janeiro de 2015. O primeiro lançamento com o VSB-30, no Brasil, ocorreu em 23 de outubro de 2004. O foguete foi desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR). Ao todo, 33 lançamentos foram realizados com êxito - 5 deles no Brasil e 28 no exterior.

Conforme informações do Inpe, o ambiente espacial é único devido ao vácuo, radiação de alta energia proveniente do Sol e de outras fontes cósmicas, e da aparente ausência de efeitos gravitacionais. Este último fator, chamado de microgravidade, permite observar e explorar fenômenos e processos em experimentos científicos e tecnológicos que seriam mascarados sob a influência da gravidade aqui na Terra.

A condução de experimentos em um ambiente de microgravidade possibilita o melhor entendimento, e o posterior aperfeiçoamento, de processos físicos, químicos e biológicos, por exemplo.

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O Brasil se prepara para nos próximos anos realizar o primeiro lançamento orbital da história do País a partir do Centro Espacial de Alcântara. Será o primeiro lançamento em território nacional. Já foram realizadas operações de lançamentos de satélites, por exemplo, por meio de outros países como China e a França.

Plataforma Suborbital de Microgravidade

A plataforma é responsável por todo monitoramento e comunicação com a carga antes e durante a missão. “É constituída de um conjunto de módulos controlado em velocidade angular, equipado com um sistema de telemetria para a transmissão de dados de voo e dos experimentos, e dotado de um sistema de recuperação para resgate no mar”, explica a agência.

Ainda de acordo com a AEB, a plataforma é responsável pela fixação, alimentação elétrica e proteção ambiental durante todas as fases do voo. Além disso, faz parte de planos para a nacionalização de um conjunto vetor completo (foguete + plataforma) voltado para pesquisas em microgravidade.

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