A droga mais avançada para tratamento de glioblastoma, um tumor cerebral devastador, só funciona em pacientes com determinadas características genéticas, anunciaram cientistas nesta quarta-feira. A temozolomida, que começou a ser usada neste tipo de câncer recentemente, age diretamente sobre o DNA, retardando a replicação das células tumorais, mas há pessoas que têm ativo um determinado gene ligado à reparação do DNA, o que anula o efeito do remédio. A descoberta foi anunciada em Genebra, numa conferência de oncologia, por pesquisadores suíços. Segundo Monika Hegi, diretora do laboratório de biologia e genética do Hospital Universitário de Lausanne, entre os pacientes com o gene reparador de DNA ativo somente 14% sobreviveram após dois anos de uso da temozolomida; dos que não tinham o gene ativo, o porcentual foi de 46%. A taxa de 14% de sobrevida por dois anos não difere dos resultados obtidos com radioterapia. Por esta razão, os pesquisadores recomendaram a realização de um teste genético antes de se iniciar o tratamento com o remédio, para evitar que médico e paciente percam tempo e procurem outras soluções. "O problema da temozolomida é justamente quando ela não funciona e somos obrigados a ver a doença progredir", comentou Ralph Vance, presidente da Sociedade Americana do Câncer. "Será maravilhoso se pudermos testar o glioblastoma e, se for o caso, não dar falsas esperanças ao paciente nem perder tempo com algo que não vai funcionar, procurando outros caminhos que possam dar pelo menos uma chance real."