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Informação versus conhecimento: Tempo disponível para leitura e reflexão pode ter chegado ao limite

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Atualização:
FOTO: Informação vs. Conhecimento; desenho que está circulando no Facebook.  Foto: Estadão

Herton Escobar /O Estado de S. Paulo

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Na era digital, informações não faltam. Abundam! Mas quem tem tempo de ler tanta coisa? Ou pior: Quem tem tempo de pensar sobre tanta coisa, estabelecer relações entre todas essas informações e aprender, de fato, alguma coisa com elas?

A pergunta vale tanto para quem passa o dia no Facebook lendo notícias dos amigos quanto para um cientista que passa o dia ligado em sites de ciência e lendo artigos científicos nas páginas de revistas especializadas, sejam elas digitais ou de papel. Temos muito mais acesso a informações hoje, sem dúvida. Não é preciso nem correr atrás delas; querendo ou não, elas chegam até você. Basta ligar o computador ou o celular. Mas será que estamos melhor informados do que antigamente?

Segundo uma enquete que é realizada desde 1977 por pesquisadores do Centro de Estudos da Informação e Comunicação, da Universidade do Tennessee em Knoxville, a capacidade dos cientistas de ler trabalhos científicos pode ter chegado ao limite. O levantamento mais recente, realizado com 800 entrevistados, indica que, em 2012, cientistas liam uma média de 22 artigos científicos (papers) por mês; cerca de 264 por ano. Um resultado estatisticamente igual ao da enquete anterior, de 2005. Foi a primeira vez que o número de artigos lidos por semana não aumentou desde que a pesquisa começou a ser realizada, 36 anos atrás, o que levou a pesquisadora Carol Tenopir a deduzir que "as pessoas provavelmente chegaram ao limite do tempo que têm disponível para ler artigos".

O tempo gasto na leitura de cada artigo, que vinha caindo significativamente ao longo dos anos, também parece ter se estabilizado, na faixa dos 30 minutos, segundo as enquetes de 2005 e 2012.

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As informações são de um reportagem publicada no site da Nature, no início deste mês. O artigo científico ainda não foi publicado (deverá sair na revista Learned Publishing), as conclusões estatísticas do trabalho já tiveram de ser revistas (segundo uma nota de rodapé na matéria da Nature) e a representatividade da enquete talvez seja questionável. Ainda assim, os resultados soam bastante compatíveis com o cenário atual da disseminação de notícias e informações em geral, incluindo informações científicas.

O volume de informações disponível para qualquer pessoa aumentou exponencialmente nos últimos anos, com o crescimento da internet e a disseminação das redes sociais, smartphones, tablets e outros dispositivos tecnológicos portáteis de acesso à rede, que fazem chover informações na nossa mão a hora que quisermos. Por outro lado, o ano continua a ter 12 meses; os meses continuam a ter 4 semanas; as semanas continuam a ter 7 dias; e os dias continuam a ter apenas 24 horas cada. Informações não faltam. Mas tempo, falta.

Vinte e dois artigos por mês me parece um número um tanto alto. Até porque não há tantos trabalhos relevantes sendo publicados assim, com tanta frequência, para uma área de pesquisa qualquer. Imagino que no Brasil os cientistas leiam menos do que isso, talvez por conta de todas as obrigações administrativas e burocráticas com que precisam lidar diariamente.

De qualquer forma, será preciso ler tantos trabalhos assim, do começo ao fim? O que seria mais produtivo: ler muitos trabalhos superficialmente, ou ler poucos trabalhos profundamente? Se você tem um mês de férias na Europa, qual é a melhor maneira de viajar: alugar um carro e voar nas estradas paravisitar 22 cidades em 30 dias, passando pouco mais de um dia em cada uma delas; ou comprar um bilhete de trem, escolher 4 cidades mais interessantes e passar uma semana em cada uma delas?

Como ilustra o desenho acima, a diferença não está só na quantidade de informações, mas naquilo que fazemos com elas.

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Apenas uma reflexão. (Quem tiver tempo, pode ler também esse post: De onde vêm as boas ideias?)

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