Impacto de meteoro indica que há gelo abaixo da superfície de Marte; ouça áudio captado pela Nasa

Imagem mostra blocos de gelo que foram projetados na superfície e uma cratera de cerca de 150 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade

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Por Redação

Os cientistas da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) que estudam Marte tiveram uma grata surpresa ao perceberem o impacto de um meteoro sobre o planeta vermelho. A imagem mostra blocos de gelo que foram projetados na superfície e uma cratera de cerca de 150 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade, a maior já observada desde o início das operações da sonda chamada Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), há 16 anos. A informação foi confirmada na quinta-feira, 27.

O fenômeno foi registrado em 24 de dezembro de 2021, quando o impacto causou tremores de magnitude 4 na superfície marciana, detectados graças à sonda Insight e a seu sismômetro, que pousou em Marte há quase quatro anos, a cerca de 3.500 km do local do impacto. A origem desse tremor marciano, no entanto, só foi confirmada quando a sonda MRO, em órbita ao redor do planeta, captou imagens da cratera recém-formada, menos de 24 horas depois.

Imagem mostra blocos de gelo que foram projetados na superfície de Marte. Foto: AFP/Nasa/JPL-Caltech/University of Arizona

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Embora os impactos de meteoritos não sejam raros em Marte, “nunca teríamos pensado em presenciar algo tão grande”, disse, em entrevista coletiva, Ingrid Daubar, da equipe de missões da sonda Insight e da MRO.

Os pesquisadores estimam que o meteorito devia ter 12 metros, com o que na Terra teria se desintegrado na atmosfera. “É simplesmente o maior impacto de meteorito na superfície já ouvido desde que a ciência conta com sismógrafos ou sismômetros”, explicou à AFP o professor de planetologia Philippe Lognonné, que participou de dois estudos resultantes dessas observações publicados também na quinta-feira na revista científica Science.

Áudio captado pela Nasa

A Nasa também divulgou uma gravação de áudio do sismo, obtida por meio da aceleração das vibrações captadas pelo sismógrafo para torná-las audíveis.

A presença de gelo, em particular, foi descrita como surpreendente por Ingrid Daubar. “É o ponto mais quente de Marte, o mais próximo do Equador onde já foi visto gelo”. Também é de interesse científico para o estudo do clima marciano, uma vez que a presença de gelo nessa latitude poderia ser muito útil para futuros exploradores, explicou Lori Glaze, diretora de ciências planetárias da Nasa.

Imagem mostra sonda Insight. Ela detectou no total mais de 1.300 tremores em Marte. Foto: Nasa/JPL-Caltech via AP

As informações coletadas devem permitir refinar o conhecimento sobre o interior de Marte e a história da sua formação.

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A sonda Insight detectou no total mais de 1.300 tremores em Marte, alguns deles causados por meteoritos menores, e os dados coletados serão usados por cientistas de todo o mundo por muitos anos. /AFP

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