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Telescópio James Webb: Nasa detecta pela primeira vez vapor de água em cometa

Descoberta, porém, veio com novo mistério: no cometa não foram encontrados vestígios de dióxido de carbono

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Por Redação

A agência espacial americana, Nasa, anunciou na segunda-feira, 15, uma nova descoberta surpreendente do Telescópio Espacial James Webb. Com o observatório foi possível identificar, pela primeira vez, vapor de água em torno de um cometa, o Read (238P). “O cometa do Cinturão Principal 238P/Read tem uma cabeleira de vapor d’água”, descrevem os cientistas em artigo publicado na revista científica Nature.

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A descoberta é um avanço científico importante, pois indica que o gelo do sistema solar pode ser preservado naquela região. A detecção inédita, porém, veio junto a um novo mistério: ao contrário de outros cometas, no Read não havia dióxido de carbono (CO2) detectável.

“Nosso mundo encharcado de água, repleto de vida e único no universo, até onde sabemos, é um mistério. Não temos certeza de como toda essa água chegou aqui”, disse Stefanie Milam, vice-cientista do projeto Webb e co-autora do estudo relatando a descoberta, em nota. “Entender a história da distribuição de água no sistema solar nos ajudará a entender outros sistemas planetários e se eles podem estar a caminho de hospedar um planeta semelhante à Terra.”

O Cometa Read, segundo a Nasa, fica no Cinturão Principal, que se situa entre Marte e Júpiter Foto: Nasa/Reprodução

Os cientistas há muito especulam que o gelo de água poderia ser preservado no cinturão de asteroides mais quente, dentro da órbita de Júpiter, mas a prova definitiva era ilusória. “No passado, vimos objetos no Cinturão Principal com todas as características dos cometas, mas apenas com esses dados espectrais precisos do Webb podemos dizer que sim, é definitivamente água gelada que está criando esse efeito”, explicou o astrônomo Michael Kelley, da Universidade de Maryland, autor principal do estudo.

“Com as observações de Webb do cometa Read, podemos agora demonstrar que o gelo de água do início do sistema solar pode ser preservado no cinturão de asteroides”, destacou.

Apresentação gráfica de dados espectrais do Cometa 238P/Read pelo Telescópio Espacial James Webb Foto: Nasa/Reprodução

Cometa

O Cometa Read, segundo a Nasa, fica no Cinturão Principal, que se situa entre Marte e Júpiter. O que diferencia um cometa e um asteroide é que o material congelado do primeiro se vaporiza à medida que se aproximam do Sol, o que dá a eles a cauda fluida.

Conforme a Nasa, a falta de dióxido de carbono foi uma surpresa maior. Normalmente, ele compõe cerca de 10% do material volátil em um cometa. A equipe científica levantou duas hipóteses para isso. Na primeira, pensam que o Read tinha dióxido de carbono quando se formou, mas o perdeu por causa das temperaturas quentes. Por outro lado, pode ter se formado em um bolsão particularmente quente do sistema solar, onde sem dióxido de carbono disponível.

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Agora, os cientistas querem ver se outros cometas do Cinturão Principal se comparam ao Read. “Esses objetos no cinturão de asteróides são pequenos e fracos, e com o Webb podemos finalmente ver o que está acontecendo com eles e tirar algumas conclusões. Outros cometas do cinturão principal também carecem de dióxido de carbono? De qualquer forma, será emocionante descobrir”, disse diz a astrônoma Heidi Hammel, da Associação de Universidades para Pesquisa em Astronomia (AURA), em nota.

Já Milam imagina aproximar a pesquisa de casa de casa. “Agora que Webb confirmou que há água preservada tão perto quanto o cinturão de asteroides, seria fascinante acompanhar essa descoberta com uma missão de coleta de amostras e aprender o que mais os cometas do Cinturão Principal podem nos dizer.”

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