RIO - A Secretaria de Cultura do Estado do Rio quer trazer a mostra Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, defenestrada do Santander Cultural, mês passado, e do Museu de Arte do Rio (MAR), essa semana, para o Parque Lage, equipamento cultural de que dispõe na zona sul da capital.
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O secretário André Lazaroni (PMDB) exige, no entanto, que haja classificação etária para a mostra, atacada por movimentos conservadores que consideram que ela contém obras que incentivam o abuso de crianças e de animais. Em crise, o Estado afirma não dispor dos R$ 400 mil necessários para montá-la, sendo necessária a obtenção de patrocínio para tal. Outra saída seria um financiamento coletivo.
Nesta quarta-feira, 4, o MAR divulgou nota atribuindo mais uma vez a decisão de não exibir a Queermuseu exclusivamente ao prefeito Marcelo Crivella (PRB). Ele declarou que as obras – de artistas como Adriana Varejão, Candido Portinari e Lygia Clark – fazem “apologia da pedofilia e da zoofilia”. Crivella negou que tenha incorrido em censura à exposição, e sustenta que está representando apenas o anseio popular.
“Como órgão da administração pública municipal, o MAR cumprirá a ordem da prefeitura do Rio. Entretanto, o MAR acredita que os museus são espaços fundamentais para a diversidade. Eles nos ajudam a conhecer diferentes ideias de mundo e a entender outros pontos de vista. (...) Os debates propostos pela arte não devem ser interrompidos. Silenciar as discussões incômodas é não encarar os conflitos inerentes à sociedade”, diz a nota do MAR.
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O secretário de Cultura do Estado, André Lazaroni, discorda da decisão da prefeitura. Ele falou ao Estado sobre o assunto:
Quanto custa a mostra? Há recursos para montá-la?
A secretaria não disponibiliza de recursos. A exposição custa algo em torno de R$ 400 mil e o Estado não pode arcar nesse momento. Mas o Parque Lage, que é um belíssimo equipamento cultural do Estado, está de portas abertas para acolher a mostra. Minha única exigência é que se estabeleça uma classificação etária indicativa.
O que fez com que o Parque Lage se interessasse por trazê-la ao Rio?
Acredito na democracia artística, sou a favor da arte em sua essência, mesmo que pessoalmente ela agrade ou não a cada um. Como chefe de Estado, o que me cabe é oferecer um espaço público para uma exposição de arte, e indicar uma classificação etária adequada. É o que está ao meu alcance como defensor da cultura.
Como viu as reações à mostra?
Cada indivíduo adulto tem seu discernimento quanto ao que julga pertinente apresentar para seus filhos. Cabe a cada um a escolha de prestigiar ou não. Só não compartilho da opinião de que um Estado deve censurar qualquer forma de expressão artística apresentada em um espaço cultural próprio para isso.
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Como avalia o cancelamento da mostra pelo Santander Cultural, mês passado, e a desistência do MAR em tê-la? Houve censura?
Não compartilho da mesma opinião dos que decidiram pelo cancelamento. Compreendo e respeito, mas não concordo. É só uma questão de opinião.
O senhor teme reações violentas de movimentos conservadores, que tacham a exposição de “imoral”?
Não temo, porque reações como essas não podem ter força em uma república democrática. A liberdade de expressão faz parte do movimento cultural que rege o mundo.
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