Biografia não ofende imagem de Garrincha, diz Justiça

Tribunal não reconheceu o pedido de indenização feito por herdeiros do jogador. Para desembargador, alusão ao tamanho do pênis do atleta, que consta da biografia Estrela Solitária, de Ruy Castro, é motivo de orgulho, não de ofensa

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Por Agencia Estado
Atualização:

Condenado em primeira instância no processo judicial movido pelas filhas de Garrincha, o jornalista e escritor Ruy Castro, autor da biografia Estrela Solitária: Um Brasileiro Chamado Garrincha, recebeu decisão favorável na Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. Em seu voto, o desembargador João Wehbi Dib não reconheceu o pedido de indenização por danos morais feito pela herdeiras, usando como argumento que o tamanho do pênis do jogador citado no livro deveria ser motivo de orgulho para a família, e não de ofensa. "As asseverações de possuir um órgão sexual de 25 centímetros e ser uma máquina de fazer sexo, antes de serem ofensivas, são elogiosas, malgrado custa crer que um alcoolista tenha tanta potência sexual", justifica o desembargador. "Há que assinalar que ter membro sexual grande, pelo menos neste País, é motivo de orgulho, posto que significa masculinidade", continua. As filhas de Garrincha não foram localizadas para comentar a decisão. Na ação, elas alegavam que o autor teria deixado de lado a imagem do jogador para explorar seus problemas com o alcoolismo. Também consideravam ofensivo o capítulo intitulado A Máquina de Fazer Sexo. O desembargador cita ainda a foto da capa do livro para justificar seu voto e comentar a polêmica sobre o tamanho do pênis do jogador: "Não consta que tenha sido medido. Demais disso, na foto da capa está com as pernas abertas e não ostenta nenhum volume", descreveu. Os desembargadores reconheceram apenas, por unanimidade, os danos materiais no valor de 5% sobre a capa dos livros vendidos. Quando foi lançado em 1995 pela Companhia das Letras, o livro chegou a ter a venda proibida durante um ano por decisão judicial.

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