Arquivo Nacional recebe 28 filmes

Parte do acervo da Cinemateca do Rio será transferido para o Arquivo Nacional, até que seja construído novo depósito

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Por Agencia Estado
Atualização:

Até o fim da semana, as matrizes de filmes de 28 cineastas, cerca de 4 mil rolos que estão na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), serão levadas para o Arquivo Nacional. Foi assinado um contrato de comodato, em que o Arquivo cuidará da preservação desse acervo, fará cópias em vídeo para consulta pelo público e os cederá a terceiros mediante autorização dos cineastas. Na sexta-feira, o diretor Antônio Carlos Fontoura e o produtor Riva Farias, irmão de Roberto e Reginaldo Farias, foram conhecer o local e aprovaram. "Os filmes ficarão com nosso acervo até a construção do depósito da futura Cinemateca Carioca, que terá temperatura de - 3ºC e umidade relativa de 30%, para deter o processo de deterioração que, em alguns casos, está muito avançado", explicou o coordenador de Audiovisual e Cartografia do Arquivo Nacional, Clóvis Molinari. "Mesmo os filmes em péssimas condições sobreviverão até termos condições de restaurá-los, inclusive com tecnologias que ainda serão criadas, pois esse é um campo em que se avança a cada dia." Para os cineastas, esta é a melhor solução, porque evita que os filmes sejam levados para a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a primeira opção para guardá-los, logo que o MAM anunciou não ter mais condições de mantê-los em suas dependências. "Tenho o maior respeito pela Cinemateca, mas estou doido para meus filmes ficarem aqui", disse Riva Farias, que sempre foi produtor executivo dos irmãos e tem cerca de 40 títulos de longas e dezenas de curtas no MAM. "São meus filhinhos e eu os quero perto de mim." Fontoura, que tem seus cinco longas e dez curtas no MAM, ficou ainda mais satisfeito porque pôde recuperar quase toda a sua obra. "Fica faltando só um curta de 1969, O Último Homem, em que os escritores Arthur Clark (autor do romance 2001, Uma Odisséia no Espaço) Robert Schlekey e Alfred Berstern (Tiger, Tiger) falam de seus livros tendo o Rio como cenário", lembrou ele. "Mas lá estão só as matrizes dos filmes editados. Na época em que os fizemos, não havia essa preocupação em guardar sobras e não sabemos onde elas estão." Com essa transferência, ainda permanece no MAM metade das 45 mil latas de matrizes. Os filmes produzidos para o governo federal (a maior parte para o Exército, para o Departamento Nacional de Estrada de Rodagem -DNER - e para a Companhia Vale do Rio Doce, quando era estatal) foram os primeiros a chegar ao Arquivo Nacional. "São títulos de domínio público e cabia mesmo a nós guardá-los", explicou Molinari. "Não tinham vindo antes porque só começamos a armazenar filmes a partir dos anos 80 e estes são anteriores." Segundo a direção do MAM, 26 cineastas preferiram levar seus filmes, cerca de 15 mil latas, para a Cinemateca Brasileira e os outros precisam sair de lá até o fim de setembro. Molinari informou que o depósito climatizado será construído no sétimo andar do anexo do Arquivo Nacional, uma obra que leva três meses e custará R$ 3 milhões, a serem pagos pela prefeitura. "Com esta verba, contrataremos 20 especialistas, faremos as cópias de manipulação e começaremos a ver em que estado eles filmes estão", adiantou Molinari. "A manutenção do depósito passa a fazer parte de nosso orçamento."

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