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Começaram as corridas do Oscar 2022: veja quem largou na frente

Se dura o ano todo, ainda dá para chamar de temporada do Oscar?

Por Kyle Buchanan
Atualização:

Depois que a pandemia de covid-19 estendeu a última corrida pelos prêmios até o final de abril, à mais longa temporada do Oscar da história recente se seguiu a mais curta offseason de todos os tempos. Isso tudo para dizer que, enquanto as folhas mudam de cor e a conversa sobre os prêmios recomeça, estou um pouco mais revigorado pela perspectiva de não ter de passar mais uma temporada na frente do Zoom. (Bom, vamos aguardar).

Will Smith em cena do filme 'King Richard' Foto: Reprodução de 'King Richard' (2021) / Warner Bros. Pictures

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Em todo caso, uma boa maioria dos filmes e performances já foi vista em Cannes no mês de julho, assim como numa série de festivais de outono em Veneza, Telluride, Toronto e Nova York. Quais concorrentes estão fazendo burburinho? Aqui vão minhas projeções para as principais categorias até agora.

Melhor filme e melhor direção

Depois dos festivais de cinema do outono, três filmes se estabeleceram como candidatos mais significativos. Um dos mais bem posicionados é Belfast, de Kenneth Branagh, que ganhou o People’s Choice Award no Festival Internacional de Cinema de Toronto, um termômetro que ao longo dos anos já apontou para campeões como Nomadland, Green Book e Doze Anos de Escravidão. Belfast, a história em preto-e-branco de uma família irlandesa tentando ficar junta em meio aos tumultos da década de 1960, é uma obra para agradar ao público e para se ver com toda a família que vai atrair os eleitores do Oscar.

O Festival de Telluride lançou outro grande competidor, King Richard, que escalou Will Smith como o pai de Vênus e Serena Williams. É uma atuação perspicaz, que aproveita todos os aspectos do carisma e ambição que fizeram dele um superstar. Smith será um formidável candidato a melhor ator, mas o filme deve competir em todas as áreas. Você pode esperar prêmios nos papéis coadjuvantes e também para a poderosa canção original de Beyoncé.

E aí temos Ataque dos Cães, o primeiro filme de Jane Campion em mais de uma década e, provavelmente, um competidor à altura de seu sucesso de 1993, O Piano. Nenhuma mulher jamais foi indicada por melhor direção mais de uma vez, mas Campion parece ser um tiro certeiro com este drama psicológico sobre um fazendeiro cruel (Benedict Cumberbatch) que tenta destruir a nova esposa de seu irmão (Kirsten Dunst).

Com dez indicados para melhor filme garantidos, vamos assistir a uma corrida eclética. A adaptação de ficção científica Duna é um feito do mais alto nível, mas será que conseguirá entrar nas duas categorias principais do Oscar? Depois que a temporada passada se viu dominada por candidatos de orçamento menor, os eleitores talvez estejam ansiosos para incluir um aspirante blockbuster, embora ainda haja muitos filmes intimistas no meio do campo, entre eles o drama iraniano de Asghar Farhadi, Um Herói, o musical de Peter Dinklage, Cyran; e Spencer, com Kristen Stewart no papel da Princesa Diana.

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Como de costume, a expectativa é de que os serviços de streaming cheguem com tudo. Além de Ataque dos Cães, a Netflix apresentará o drama italiano The Hand of God, enquanto a Apple tem o estrondosos The Tragedy of Macbeth, de Joel Coen, e CODA – No Ritmo do Coração, sensação em Sundance que precisará de um relançamento após uma estreia pouco animada de verão na plataforma.

Ainda vamos ver: três filmes de final de ano são dirigidos por vencedores da categoria melhor direção, então ainda pode acontecer uma grande reviravolta: lá está Steven Spielberg, de volta com uma nova versão de West Side Story; Guillermo del Toro, dirigindo o brilhante noir Nightmare Alley; e Chloé Zhao, que salta de Nomadland para o universo cinematográfico da Marvel com Eternos.

É um trio muito potente, para não falar de um punhado de outros veteranos indicados ao Oscar, como Paul Thomas Anderson (com a comédia dramática Licorice Pizza), Ridley Scott (em disputa duas vezes graças ao drama medieval O Último Duelo e a Casa Gucci), Adam McKay (com a sátira apocalíptica Don't Look Up) e Aaron Sorkin (que já levou Oscar de melhor roteiro e agora pode chegar à corrida de melhor diretor por Being the Ricardos, sobre Lucille Ball e Desi Arnaz).

Melhor ator

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Will Smith e Denzel Washington já estiveram frente a frente no Oscar, quando a atuação de Smith em Em Busca da Felicidade perdeu para um Washington vulcânico em Dia de Treinamento. Esta temporada oferece uma revanche e tanto, já que o trabalho de Washington em The Tragedy of Macbeth pode ser a única ameaça concreta de Smith não ganhar seu primeiro Oscar, por King Richard.

Cumberbatch e Dinklage podem pegar duas das outras vagas aqui, mas estou curioso para saber se Joaquin Phoenix vai conseguir uma indicação com o comovente C’mon C’mon, em que ele interpreta um cara normal cuidando de sua sobrinha. É a volta de Phoenix depois de vencer o Oscar por Coringa, mas, da última vez que ele interpretou alguém tão assim caloroso e palpável, em Ela, de Spike Jonze, os eleitores o ignoraram. (Eles preferem Phoenix na versão mais espalhafatosa).

Entre os outros candidatos a melhor ator se encontram o ator infantil Jude Hill em Belfast, Nicolas Cage por sua aclamada participação em Pig, um Andrew Garfield apostando tudo na adaptação de Lin-Manuel Miranda do musical Tick, Tick... Boom!, além de vários protagonistas independentes com esperança de chamar a atenção do Oscar, como Simon Rex como ator pornô fracassado em Red Rocket, de Sean Baker, e o vencedor de melhor ator em Cannes, Caleb Landry Jones, no drama Nitram, e o veterano ator coadjuvante Clifton Collins Jr. à frente de Jockey, um filme sobre corridas de cavalos.

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Ainda vamos ver: a Netflix traz Leonardo DiCaprio na pele de um astrônomo extravagante em Don't Look Up, enquanto a Apple tem dois dramas ancorados por dois vencedores do Oscar: Tom Hanks vem no longa de ficção científica Finch e Mahershala Ali estrela a parábola sobre clonagem Swan Song.

Melhor atriz

Duas das últimas três vencedoras do Oscar de melhor atriz estão de volta à corrida, com Olivia Colman lutando como uma mãe em conflito em The Lost Daughter e Frances McDormand na pele de Lady Macbeth em The Tragedy of Macbeth. (Embora, se quisermos descer às tecnicalidades, elas sejam duas das últimas quatro vencedoras da categoria de melhor atriz, já que McDormand levou o troféu duas vezes nas últimas quatro edições).

A competição traz duas outras vencedoras do Oscar, Jennifer Hudson (Respect) e Penélope Cruz (vencedora de melhor atriz em Veneza por Parallel Mothers, de Pedro Almodóvar), bem como a duas vezes indicada Jessica Chastain, que será prejudicada pela recepção não muito animadora de seu filme biográfico, The Eyes of Tammy Faye. Mas há várias mulheres que poderiam conseguir suas primeiras indicações, entre elas Kristen Stewart por Spencer, Caitriona Balfe como a matriarca de Belfast, Tessa Thompson no drama Passing e Renate Reinsve, vencedora de melhor atriz em Cannes, na charmosa comédia dramática The Worst Person in the World.

Ainda vamos ver: fique de olho em algumas vencedoras do Oscar que podem transformar esta categoria numa verdadeira corrida, como Jennifer Lawrence (uma astrônoma frustrada em Don't Look Up), Nicole Kidman (como Lucille Ball em Being the Ricardos), Sandra Bullock (no drama The Unforgivable), Halle Berry (como lutadora de MMA em Bruised, que ela também dirigiu) e Cate Blanchett em Nightmare Alley.

Depois de ganhar o Oscar de melhor música por Nasce uma estrela, Lady Gaga (Casa Gucci) também pode concorrer a esse prêmio, mas terá de se defender de suas companheiras de cantoria Rachel Zegler, em West Side Story, e Alana Haim, mais conhecida como integrante da banda Haim, em Licorice Pizza. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU.

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