Diretor de 'Che' quis dar uma história para as camisetas

Soderbergh e Benício del Toro, que vive Che no filme, reafirmaram validade das idéias de Che na atualidade

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Por Redação
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O diretor norte-americano Steven Soderbergh quis dar, com seu filme Che, uma visão do personagem além da imagem reproduzida um milhão de vezes em camisetas. "Quis dar uma história à camiseta", explicou nesta quinta-feira, 22, em uma coletiva de imprensa.   Veja também: Acompanhe a cobertura no blog do Merten   Teste seus conhecimentos sobre o Festival de Cannes  Galeria de fotos do Festival de Cannes  Filme de Clint Eastwood é ovacionado no Festival de Cannes 'A Festa da Menina Morta' nasce bem no Festival de Cannes Rodrigo Santoro chega para estréia de 'Che'   O Argentino e Guerrilha, os dois filmes que compõem o Che de Soderbergh estrearam na noite de quarta-feira, 21, juntos, no Festival de Cannes, em competição oficial, algo que o diretor reconheceu nesta quinta-feira, 22, que será difícil de repetir no futuro.   O diretor quer estrear os dois filmes juntos nos Estados Unidos porque, em sua opinião, eles são "espelhos um do outro" e têm lógica se vistos em conjunto, mas "comercialmente não é uma situação normal."   Essa lógica é necessária para mostrar a visão de Che (interpretado por Benício del Toro) do diretor norte-americano, que espera que sua película sirva para "dar uma história para a camiseta" que tantas pessoas vestem sem saber o que significa.   Os filmes, que em conjunto duram 4h28, são muito diferentes entre si. O primeiro tem muito mais ritmo, uma fantástica mescla de estilo documental e ficção, com imagens em branco e preto. Ela sai da revolução para mostrar a intervenção de Che na ONU em 1964.   Já o segundo, que se centra no período boliviano, é muito mais linear e claustrofóbico, além de mais lento e um pouco confuso.   A razão de fazer duas películas tão diferentes entre si é que a primeira "é um filme de Hollywood. A primeira é uma película comercial, a segunda é um filme mais de autor e mais modesto."   Benício del Toro acrescentou que "o primeiro foi feito pelo dinheiro e o segundo pelo amor à arte."   Era a segunda parte que o diretor tinha mais interesse em contar, o final da vida de Che, mas se deu conta de que se não contasse a primeira, não conseguia o contexto necessário para o entendimento da história.   Para preparar-se para o papel de Che, del Toro explicou que existe muita informação visual, fotos e livros, que foram os elementos que utilizou, destacando que o que Soderbergh escreveu é "uma interpretação do que se passou, de como aconteceu."   Apesar disso, tanto o diretor quanto o ator se mostram de acordo quanto à validade que as idéias de Che têm na atualidade. Soderbergh afirmou que a pobreza e a injustiça são dois assuntos que não desapareceram. "Continuam existindo na atualidade."   O Che de Soderbergh foi recebido com fortes aplausos em sua estréia em Cannes, onde se menciona o filme como um dos favorito à Palma de Ouro desta edição.

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