Festival Judaico começa de olho na diversidade

Evento começa neste domingo, 5, e traz, até o dia 15, obras que discutem nazismo, representatividade feminina e o mundo LGBT

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Haja fôlego – nas últimas semanas o cinéfilo paulistano tem sido submetido a uma bateria de programas especiais, emendando o Festival de Cinema Latino-Americano com a Festa do Cinema Italiano e, a partir deste domingo, 5, o 22.º Festival de Cinema Judaico. Na próxima semana, dia 8, para completar o panorama do Oriente Médio, começa também a 13.ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, que termina no dia 27. O cinema como investigação da realidade e tentativa de compreensão do mundo. O Festival Judaico de 2018, que vai até o dia 15, reveste-se de um caráter comemorativo, celebrando os 70 anos de criação do Estado de Israel. Mas não se fecha sobre questões específicas do judaísmo. É uma das edições mais diversificadas, abordando temas como feminismo, política, imigração, direitos humanos, movimento LGBT.

O Testamento Foto: Festival Judaico

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Se já não tivesse estreado nos cinemas, Desobediência, de Sebastián Lelio, faria bela figura na seleção. O começo, durante o culto na sinagoga, coloca temas que remetem à moral e à religião. Seriam pertinentes em qualquer foro. O festival é uma realização do Clube Hebraica, com sessões no Teatro Arthur Rubinstein (dentro do clube) e no MIS, Museu da Imagem e do Som. Além desses locais tradicionais, incorporam-se o Instituto Moreira Salles e o Sesc Bom Retiro. A abertura, neste domingo, 5, para convidados, será com o longa de Amichai Greenberg, O Testamento. O filme coloca um tema que tem provocado fortes discussões na internet – a negação do Holocausto. Um estudioso do assunto não apenas enfrenta autoridades que o negam – na Áustria –, como descobre evidências de um brutal massacre de judeus no final da Segunda Guerra.

Ainda em relação ao nazismo, será exibido o longa Sobibor, do russo Konstantin Khabenski, que evoca os 75 anos do início da insurreição no campo de extermínio. Cerca de 400 prisioneiros conseguiram evadir-se, na maior fuga do gênero ocorrida durante a guerra. Outra história de resistência, Um Ato de Desafio, de Jean van de Velde, mostra como judeus sul-africanos se uniram à luta contra o apartheid. O filme venceu os prêmios de melhor ator e melhor roteiro no Festival de Nederlands. A representatividade das mulheres está no centro de Bombshell – A História de Hedy Lamarr, de Alexandra Dean. Seu desejo era ser cientista, e ela possuía o mesmo elevado QI de Albert Einstein, mas a beleza fez dela alvo de discriminação nos meios acadêmicos. Ninguém a levava a sério, por ser mulher. Virou estrela em Hollywood.

Comemorativa dos 70 anos de criação do Estado de Israel, a mostra Panorama Israel exibe produções israelenses que circularam por diversos festivais internacionais. O Brasil comparece com o documentário Querido Embaixador, de Luiz Fernando Goulart, que evoca a trajetória do embaixador Luiz Souza Dantas. Durante a ditadura de Getúlio Vargas, e desafiando a autoridade constituída, ele emitiu mais de 1.000 vistos diplomáticos que salvaram judeus perseguidos pelo nazismo. Goulart é autor de um dos grandes filmes pouco conhecidos do cinema brasileiro – Marília e Marina, que adaptou do poema de Vinicius de Moraes, em 1976. Seu documentário também integra um programa da rede Cinemark, sendo exibido de segunda a sexta em duas salas, nos shoppings Santa Cruz e Eldorado.

Destaque

Através das Águas Apesar do nome de ascendência italiana, o diretor e roteirista Nicolo Donato é muito prestigiado na Dinamarca. Esse filme provocou comoção ao contar a história de um músico que foge com a família para evitar a deportação, durante a 2ª Guerra Mundial. No caminho, permeado de dificuldades e desconfiança, encontram solidariedade

Bombsell Hedy Lamarr faz parte da histórias do cinema por seus papéis em filmes como Êxtase, de Gustav Machaty, e Sansão e Dalila, o épico bíblico de Cecil B. de Mille. Virou sinônimo de beleza e glamour, mas nunca quis nada disso. Seu sonho era ser cientista. A extraordinária beleza impôs-lhe outro caminho. O próprio filme propõe outro olhar sobre a discriminação da mulher no mundo masculino

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Luz e Esperança Falado em catalão, o longa da espanhola Silvia Quer foi premiado em eventos na Suíça e na França. Conta a história de mulher que enfrentou o regime de Pétain para defender grávidas perseguidas na Alemanha e na Espanha, nos anos 1930 

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