Mais dois brasileiros deram as caras hoje em Cannes. Clara Choveaux e Thiago Teles pisaram hoje o tapete vermelho do prestigioso festival para apresentar Tiresia, de Bertrand Bonello. O filme concorre à Palma de Ouro. A produção parte do mito de Tirésia, já tratado por Dante e Ovidio. Na mitologia, Tirésia é um adivinho que se transmuta em mulher e homem, alternadamente, e acaba condenado à cegueira. Na versão do diretor francês, Tirésia é uma transexual brasileiro. Assim como na mitologia, o personagem também é vivido ora por um homem, ora por uma mulher (papel de Clara). Há dois anos, Bonello surpreendeu o festival com O Pornógrafo, em que retratava a crise existencial de um diretor de cinema pornô. Desta vez, porém, segundo a agência italiana ANSA, Bonello não conseguiu corresponder às expectativas. O novo filme de Kiyoshi Kurosawa foi a outra atração do festival, entre os filmes que disputam a Palma de Ouro. Akauri Mirai conta a história de dois jovens empregados de uma lavanderia que planejam assassinar o patrão. Um deles se precipita e vai preso. A produção também não empolgou a crítica. A sétima jornada de Cannes teve também o novo filme de Haneke, Le Temps du Loup, que foi exibido fora de competição. No elenco estão Isabelle Huppert e o presidente do júri deste ano, Patrice Chéreau. Em sua nova obra, o diretor de A Professora de Piano volta à carga com a história de uma mulher (Huppert) que chega a uma casa de campo ocupada por estranhos.
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