"O Novato" traz Al Pacino como instrutor da CIA

Pacino faz o papel do instrutor, um ex-agente especial que ganha a vida formando novos recrutas e divide o destaque nos créditos com o jovem Colin Farrell

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quase todo ambientado nas instalações da CIA, O Novato caminha no terreno do suspense. Não se presta a grandes reflexões políticas, como seria de se esperar do cineasta australiano Roger Donaldson e do atual cenário mundial. Diretor de thrillers políticos como o bom Sem Saída e o apenas razoável Treze Dias Que Abalaram o Mundo, Donaldson não toca em temas intrinsecamente ligados a esse tipo de cenário. Passa ao largo, por exemplo, do aumento do temor americano contra inimigos externos, do surgimento dos neoconservadores e do movimento de ampliar ainda mais o domínio do país no restante do mundo. Al Pacino divide o destaque nos créditos com Colin Farrell, o jovem ator que está gozando seus 15 minutos de sucesso em Hollywood como o sucessor de algum outro grande astro do passado. Farrell é o novato do título. Pacino faz o papel do instrutor, um ex-agente especial que ganha a vida formando novos recrutas. Existe uma simbologia nessa relação entre os personagens de Farrell e Pacino, do filho abandonado que procura a todo custo resgatar a figura do pai. Mais adiante se verá que, além de óbvia, a simbologia é inútil e não acrescenta nada à narração. Completando o trio protagonista, há ainda Bridget Moynaham, intérprete da impetuosa Layla, inevitável par romântico do novato Farrell. Alta, esguia, de traços finos e delicados, fica difícil imaginá-la manejando uma pistola automática em situações de perigo. De qualquer maneira, pode-se dizer que sua participação torna a projeção menos enfadonha. O Novato está dividido basicamente em dois grandes atos. No primeiro, apresentam-se os personagens, que passam para a fase de treinamento. No segundo, após uma reviravolta, os agentes começam a trabalhar. A trama de suspense gira em torno da premissa, mais do que batida, de que na CIA nada é o que parece. E então tudo parece previsível. Donaldson faz referências a Sem Saída, estrelado por Kevin Costner quando as bilheterias lhe davam alguma credibilidade. Na época, a moribunda guerra fria justificava a premissa do inimigo interior e dava atualidade ao filme. Aqui, o inimigo invisível não se justifica e nada o torna atual.

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