Surpresas na briga pelo Oscar: ‘Ataque dos Cães’ lidera lista formada por vários longas estrangeiros

Longa concorre, entre outros, como melhor filme, diretor, ator principal e ator coadjuvante; ‘Duna’ é o segundo, com dez

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Por Mariane Morisawa
Atualização:

Ataque dos Cães, de Jane Campion, saiu na frente na corrida pelo Oscar 2022. O filme distribuído pela Netflix concorre a 12 prêmios, tanto em categorias nobres quanto em técnicas. É um sinal de que o filme tem bom apelo na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que anunciou os indicados na terça, 8, em Los Angeles. A premiação ocorre no dia 27 de março.

Benedict Cumberbatch como Phil Burbank em 'Ataque dos Cães', filme que recebeu doze indicações ao Oscar 2022. Foto: Netflix

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Duna, de Denis Villeneuve, ficou em segundo, com dez indicações - a maioria nas categorias técnicas, como esperado. Belfast e West Side Story (Amor, Sublime Amor no Brasil) tiveram sete cada um.

Em um ano bastante forte de produções de línguas não inglesas, a Academia reconheceu cineastas do mundo todo. O dinamarquês Flee, de Jonas Poher Rasmussen, compete como melhor documentário, animação e produção internacional, um feito inédito. O japonês Drive My Car, de Ryûsuke Hamaguchi, também furou a bolha da categoria melhor produção internacional e conquistou ainda indicações para melhor filme, direção e roteiro adaptado de obra de Haruki Murakami. 

O longa, que ganhou o prêmio de roteiro em Cannes, foi eleito o melhor do ano pelas associações de críticos de Nova York e Los Angeles. Todos os filmes que conseguiram o feito - as duas associações costumam divergir bastante em suas premiações - também foram indicados a melhor produção do ano, mas nenhum era em outra língua e com três horas de duração. Um sinal de que, em um ano incerto, as premiações dos críticos fizeram a diferença. 

O norueguês A Pior Pessoa do Mundo, de Joachim Trier, também concorre a outro prêmio que não produção internacional: roteiro original. O espanhol Mães Paralelas, de Pedro Almodóvar, disputa melhor atriz (Penélope Cruz) e trilha sonora. No Oscar internacional, a inclusão de A Felicidade das Pequenas Coisas, de Pawo Choyning Dorji, é inesperada. É apenas a segunda vez que o Butão envia representante. 

É um ano de muitas surpresas. Lady Gaga, considerada certa por sua interpretação em Casa Gucci, foi esnobada. Caitríona Balfe, também forte como atriz coadjuvante, perdeu sua vaga para sua colega de elenco em Belfast, a veterana Judi Dench. Na mesma categoria, Jessie Buckley, a mãe jovem de A Filha Perdida, também surpreendeu. Denis Villeneuve parece ter cedido seu lugar para Hamaguchi em melhor direção. 

 

 

BALIZAS

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As listas de indicados dos sindicatos de atores, produtores e diretores, entre outros, sempre foram consideradas boas balizas para o Oscar. Mas, neste ano, as divergências foram várias. No caso do Sindicato dos Atores (SAG), só na categoria melhor ator todos aparecem em ambas. Entre os coadjuvantes, apenas Troy Kotsur e Kodi Smit-McPhee também competem pelo SAG Awards. Os outros três - Ciarán Hinds, Jesse Plemons e J.K. Simmons - até apareciam em uma lista aqui e outra ali, mas são surpresas. 

Entre as atrizes, também: sem Lady Gaga e Jennifer Hudson (Respect) do SAG, com Penélope Cruz e Kristen Stewart no lugar. Das coadjuvantes, dentre as indicadas para o SAG só sobreviveram DeBose e Kirsten Dunst. 

Protestos como #OscarsSoWhite, se existirem, devem ser mais discretos - verdade que todas as concorrentes a melhor atriz são brancas. Mas, no total, são quatro atores negros entre as 20 indicações na categoria. Ariana DeBose é a primeira afro-latina a ser indicada. 

Em outros territórios de diversidade, há vários marcos. Troy Kotsur é o segundo ator surdo a ser indicado, 35 anos após sua companheira de elenco em No Ritmo do Coração, Marlee Matlin, ganhar o Oscar por Filhos do Silêncio

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Ari Wegner (Ataque dos Cães) é a segunda diretora de fotografia a disputar o Oscar, depois de Rachel Morrison por Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississippi em 2018. Se vencer, será o primeiro Oscar para uma mulher na categoria, a única a nunca ter premiado alguém do sexo feminino. 

Jane Campion conseguiu a oitava indicação de uma mulher para o troféu de direção, também por Ataque dos Cães. Ganhando, Campion será a terceira mulher a levar a estatueta de direção para casa - no ano passado, a ganhadora foi Chloé Zhao por Nomadland

Pela primeira vez na história, três roteiros adaptados assinados exclusivamente por uma mulher concorrem na categoria. Se a vitória for de Siân Heder (No Ritmo do Coração), Maggie Gyllenhaal (A Filha Perdida) ou Jane Campion (Ataque dos Cães), será a primeira vez desde 1995 (Emma Thompson, por Razão e Sensibilidade) que uma mulher ganha o Oscar na categoria sem ter parceria de um homem. 

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