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Comédia, tragédia e drama no CCSP

São três estréias experimentais: a tragédia Fiz Água para Lavar Teu Rosto, primeira direção de Melani Halpern; o drama Dos Venenos o mais Santo, primeiro espetáculo da recém-criada Cia. A Garagem e a comédia Esperando Goldoni, com a Cia. de Teatro do Parnaso

Por Agencia Estado
Atualização:

Em tempos difíceis para a produção teatral, o Centro Cultural São Paulo (CCSP), instituição ligada à prefeitura da capital paulista, ao não cobrar aluguel para a ocupação de seus palcos, cumpre o importante papel de ser um espaço aberto à renovação. Um espaço onde a iniciação é permitida, um espaço para experimentar, errar e, não raro, surpreender. Amanhã à noite, o CCSP abriga três estréias teatrais. A tragédia Fiz Água para Lavar Teu Rosto, primeira direção de Melani Halpern; o drama Dos Venenos o mais Santo, primeiro espetáculo da recém-criada Cia. A Garagem e a comédia Esperando Goldoni, com a Cia. de Teatro do Parnaso. As atrizes Rosana Martinelli, Adriana Benetti Fortes e Júnia Busch interpretam três irmãs em Fiz Água para Lavar Teu Rosto, texto do dramaturgo Eduardo Ruiz, autor de Ophélias. Numa época em que o medo de afugentar o público provoca uma avalanche de comédias, louve-se a ousadia das três atrizes que optaram por levar à cena uma fábula trágica. Três irmãs abandonadas pelos pais ainda crianças, três atitudes diferentes diante da vida. A peça flagra o último dia de vida da irmã mais velha que desde a morte dos pais decidiu confinar-se em sua casa. Só nesse dia, consciente do seu fim, decide sair para o mundo. Ela conversa com sua "irmã do meio", já morta, e com sua irmã mais nova, que é o seu oposto na sede de experimentar a vida. A peça explora temas como o medo da morte, a dor da perda e os desajustes das relações humanas. O desejo de experimentar também marca a parceria de José Germano Melo e Lianna Matheus, intérpretes do drama Dos Venenos o mais Santo. Materiais reciclados criam a ambientação que remete aos monturos de lixo - visão cada dia mais comum na urbe paulistana. Nesse espaço, o público depara-se com cena de violência, um rapaz amarrado, sob a mira do revólver de um mascarado. Um seqüestro? Talvez, mas não um seqüestro qualquer. Com uma estrutura de filmes de ação, o espetáculo concebido por Melo, busca "traçar um painel das relações humanas na sociedade contemporânea". A apresentação de espetáculos em espaços não convencionais, shoppings e estações de metrô tem sido a marca da Cia. de Teatro Parnaso, criada em 1990. Desta vez eles ocupam o palco da Sala Paulo Emílio Salles Gomes com a comédia Esperando Goldoni. O palco é o tradicional, mas o espetáculo inspira-se nos irreverentes bufões da Commedia dell´Arte, atuando sobre carroças, com sua galeria de tipos: o criado esperto, o velho lascivo, a mocinha ingênua, o jovem apaixonado, o pai muquirana. Humor que zomba da penúria e do poder e, por isso mesmo, permanece atual. Fiz Água para Lavar Teu Rosto. Drama. De Eduardo Ruiz. Direção Melani Halpern e Confraria das Três Águas. Duração: 1 hora. Sexta e sábado, às 21h30; domingo, às 20h30. R$ 8,00. Esperando Goldoni. Comédia. De Emilio Gama. Direção Petronio Nascimento. Duração 70 minutos. Sexta e sábado, às 21h30; domingo, às 20h30. R$ 12,00. Dos Venenos o mais Santo. Drama. Concepção e direção José Germano Melo. Duração: 50 minutos. Sexta e sábado, às 21h30; domingo, às 20h30. R$ 10,00. Centro Cultural São Paulo Rua Vergueiro, 1.000, em São Paulo, tel. (11) 3277-3611. Até 11/2.

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