Fez bem, o Nascimento, ao lembrar, lá de sua bancada na Anhanguera do SBT, ao vivo, vendo aquelas imagens de gente pulando, cantando, chutando carro de condenado e tocando o terror com buzinaço, que, convenhamos, não havia motivo para festa. Podia-se evidentemente comemorar a sensação de que justiça foi feita, mas, disse o jornalista, uma criança foi assassinada e uma família foi desfeita, sem que haja nisso qualquer razão para festa. Amém, alguém faz um comentário de bom senso nesse circo.
Na Globo, sem réus e advogado dando entrevistas, um repórter entrevistava o outro na frente do fórum. José Roberto Burnier fazia perguntas a César Galvão e depois a César Tralli, compondo a cena com um Globocop que seguia o comboio policial montado para carregar Alexandre e Ana Jatobá de volta ao presídio de Tremembé. O repórter narrou que os carros já estavam na Dutra e garantiu a Christiane Pelajo que "nós vamos continuar acompanhando" a cena. Epa, nós quem, cara pálida? Que diacho, pensei, qual a razão dessa escolta aérea? Será que Ana Jatobá e/ou Alexandre Nardoni vão dar um 'tchauzinho' para o Globocop?
Quando a comoção popular se comporta como plateia de inquisidores, a mídia (e especialmente a TV, dona de vocação para o espetáculo que é) pode até dar uma patinada aqui e ali. Mas, diante daquela torcida de anônimos que se tornou amiga póstuma, e íntima, da pequena Isabella, desconfio que o papel da TV foi muito mais o de refletir a histeria pública do que de atiçar sua bílis.
Agora, que o caso fez a audiência latejar esta semana, isso fez. E, nesse contexto, as lentes nunca se esquivam de tirar sua lasquinha.
Vá de retro, linchamento público.