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Minotauro ensina competitividade nas empresas: ‘Uma pessoa que não tem atitude, ela apanha da vida’

Ex-lutador fala sobre gerir o medo, dores que sente até hoje e expectativa para o UFC em São Paulo

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Por Paula Bonelli

Campeão peso-pesado do UFC e do extinto Pride, o ex-lutador Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, hoje leva para as empresas as lições que aprendeu no ringue. Ele já realizou mais de 180 palestras, para trabalhadores de farmacêuticas a corretores de imóveis, sobre planejamento, persistência e como ser competitivo. “Uma pessoa que não tem atitude, ela apanha da vida”, diz. Além de palestrante, Minotauro é comentarista no streaming Fight Pass e atua como embaixador do UFC – que retorna a São Paulo, reunindo alguns dos melhores atletas das artes marciais mistas (MMA), no Ginásio do Ibirapuera, no dia 4 de novembro. Confira a entrevista com Minotauro concedida à repórter Paula Bonelli por videoconferência.

Rodrigo Minotauro conseguiu a marca de 12 vitórias consecutivas no octógono Foto: Divulgação UFC


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O medo faz parte da química que faz um grande lutador?

O atleta profissional tem medo de perder, especialmente em um esporte de alto rendimento, em que há a responsabilidade de representar seu país. Há uma equipe de pelo menos três pessoas por trás dele. Portanto, o medo deixa o atleta mais ativo e mais esperto para sair de situações difíceis. Se o atleta entrar em uma luta e disser “eu estou sem medo de perder”, ele não se apresentará bem.

E como gerir esse medo?

Então, é uma questão de controle emocional. Por que muitos atletas bem-sucedidos nas artes marciais são japoneses? Os japoneses têm aquele jeito tranquilo, controlam a respiração. Eles aprendem muito sobre como gerir o medo praticando artes marciais, especialmente aqueles que começam desde crianças.

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Na vida, como na luta, se você não bate, apanha?

Sim, se você não é competitivo, se não treina, se não repete, você não obterá bons resultados. E uma pessoa que não tem atitude, ela apanha da vida.

O que mais aprendeu no ringue?

Toda vez que se enfrenta um desafio no esporte, no ringue, é preciso superar seus limites diários. Para isso, é necessário um planejamento semanal, mensal e trimestral. Um atleta se prepara para uma luta treinando intensamente por três meses.

Você gravou um comercial da Fit Combustíveis que será transmitido neste mês. Como foi essa experiência?

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É uma analogia entre a vida de um lutador e a de um frentista. Fizemos uma cena muito interessante em que eu acordo de manhã e o frentista também acorda. Faço um movimento de luta, enquanto o frentista tira a mangueira para encher um tanque. É uma reflexão sobre as lutas diárias dos trabalhadores brasileiros.

Antes, como lutador, você tinha que despertar o medo. Agora, como palestrante, o que desperta, a empatia?

Completamente... Além de fazer palestras, sou embaixador do UFC, o maior evento de MMA do mundo, voltado para as artes marciais mistas. Temos o desafio de mostrar que o esporte tem regras. É extremo, eu o comparo com o surfe em ondas grandes e a montaria de touros.

Quais são as expectativas para o próximo evento do UFC em São Paulo?

Será um dia que reunirá os melhores atletas do mundo. Neste card, teremos Jailton Malhadinho, um jovem baiano que é uma das maiores revelações do MMA e está classificado entre os oito melhores do mundo. Ele enfrentará Curtis Blade, que é o quinto colocado no ranking mundial dos pesos-pesados. Quem vencer essa luta estará muito perto de conquistar o cinturão.

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Como fez a transição de lutador para palestrante?

Em 2002, ainda lutando no Japão, fui convidado para motivar uma equipe de beisebol japonesa. Contei a eles sobre uma luta histórica que tive com o gigante Bob Sapp, um cara de 170 quilos. Desde então fiz mais de 180 palestras para empresas de telefonia, farmacêuticas e do setor imobiliário.

Sente os efeitos da luta no seu corpo até hoje?

Sim, principalmente, no meu joelho direito e também sinto dores na coluna. Quando eu tinha 11 anos, fui atropelado por um caminhão e passei onze meses internado no hospital, sendo nove meses respirando por aparelhos. Durante o acidente, parti o diafragma, que é um músculo responsável por abrir e fechar o pulmão. Demorei para reconstruir esse diafragma e tenho uma cicatriz enorme nas costas como resultado. Essa lesão ainda me causa muitas dores. Além disso, machuquei o ombro e tive lesões no cotovelo direito e no tendão de Aquiles da perna esquerda devido à luta.

Está feliz com a sua aposentadoria do ringue?

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Estou feliz. Dei o meu melhor no esporte. Muitos atletas continuam competindo até mais de 40 anos, mas decidi parar aos 39, no auge da minha condição física. Queria encerrar a minha carreira enquanto ainda estava em um bom momento.



Minotauro é irmão gêmeo do ex-lutador Minotouro, que também fez história no MMA, representando o Brasil Foto: UFC Divulgação
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